“Um dia chegava eu à reunião […] e ia-se votar a construção do centro
comercial CascaisVila. Após duas horas de discussão acesa e quando já passava
das oito da noite, Judas perguntou, como é da praxe: ‘quem vota contra?’ Dei
por mim sozinho com a mão no ar. Não que me arrependa de o ter feito. Pelo
contrário, sinto bastante orgulho nisso. Apenas eu na altura fiquei um pouco
espantado por ser o único a votar contra, por os meus colegas da oposição não
terem votado em igual sentido.”
42 anos depois da revolução da
liberdade, o prestar de contas político é de uma raridade confrangedora! E esse
facto conduz a um progressivo afastamento entre eleitores e eleitos e a um desinteresse generalizado que vai matando de
forma paulatina a própria democracia.
O exercício da democracia, quando
é concretizado sobre a escolha de propostas e programas por parte dos
eleitores, só se completa quando os eleitos prestam contas do que fazem. A
transparência relativamente ao que se fez e às opções que se tomaram, quando tudo
isso acontece em consciência, pressupõe que ao eleitor é dada toda a
informação. É esta que lhe permite analisar o desempenho do eleito e perceber
quais foram os seus critérios de governação.
E foi isto precisamente que fez
João Sande e Castro, antigo vereador da Câmara Municipal de Cascais que, num
acto inédito na Nossa Terra, apresentou publicamente o seu livro “Desporto em
Cascais”.
Passando em revista o seu
trabalho à frente do Pelouro do Desporto na edilidade Cascalense, o ex-autarca
analisa de forma detalhada cada projecto, cada iniciativa e cada decisão que
tomou durante o período em que durou o seu mandato, explicando quais foram as
ideias e os critérios que presidiram à sua actuação e as opções que tomou
relativamente a quase tudo aquilo que lhe passou pelas mãos.
Podemos concordar ou discordar com
as suas escolhas. Podemos acompanhá-lo nas suas opções político-ideológicas ou
situarmo-nos nas antípodas das mesmas. Mas ninguém pode negar que, com este
livro, João Sande e Castro presta um contributo inestimável para a consolidação
da democracia e para o exercício de rigor e transparência que quase sempre
falta nesta Nossa Terra.
E quando assim é, só pode ser a
Bem de Cascais!...
João Sande e Castro tutelou o pelouro do desporto na Câmara Municipal de Cascais durante 12 anos.
Neste livro descreve, de forma informal, o que foi a sua experiência na vereação e as
relações da autarquia com os clubes do concelho.