Representando a História e os principais
valores associados à actividade piscatória no Concelho, o Brasão de Cascais foi
aprovado pela Comissão Administrativa de Cascais em Abril de 1934.
A constituição heráldica das armas do
Concelho, assente na Portaria nº 7839 desse mesmo ano, define com muita clareza
os contornos do símbolo oficial de Cascais: "De
prata com um castelo de vermelho, aberto e iluminado de prata, sobre uns
rochedos de negro, saindo de um ondado de prata e de verde. O ondado coberto de
uma rede de ouro. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os
dizeres Câmara
Municipal de Cascais a
negro. Bandeira vermelha. Cordões e borlas de prata e de vermelho. Lança e
haste de ouro. Selo circular tendo ao centro as figuras das armas sem indicação
dos esmaltes, tudo dentro de círculos concêntricos, com os dizeres Câmara
Municipal de Cascais”.
A descrição oficial da simbologia municipal,
explicada no próprio website oficial da Autarquia (www.cm-cascais.pt),
diz que “o
castelo representa a praça-forte, que impusera Cascais enquanto sentinela
avançada de defesa da entrada do Tejo e, consequentemente, de Lisboa. Já o
esmalte vermelho do castelo é a cor que, heraldicamente, significa vitória,
ardis e guerras, e representa ainda a vida, a alegria, o sangue e a força. Por
sua vez, a prata do campo das armas demonstra humildade e riqueza, qualidades
dos naturais da região. O negro dos rochedos representa a terra e significa
firmeza e honestidade, qualidades que também sempre distinguiram os naturais de
Cascais. Note-se que o ondado de prata e o verde são as cores indicadas para
simbolizar o mar, tanto mais que heraldicamente o verde corresponde à água e
significa esperança e fé. Finalmente, a rede representa a vida activa dos cascalenses
e o seu sustento, tendo a cor escolhida sido o ouro, que significa fortuna,
poder e liberalidade. Refira-se, ainda, que o vermelho da bandeira teve por
base a cor do castelo, o elemento principal das armas. A prata da coroa mural
obedece à norma estabelecida para simbolizar as vilas”.
Apesar da importância destes símbolos na
definição da Identidade Municipal de Cascais, com implicações práticas no devir
quotidiano dos Cascalenses, têm sido vários os executivos municipais que
optaram por recriar símbolos não oficiais que, utilizando estratégias de
marketing que respondem a interesses propagandísticos distintos, acabam por
desvirtuar e desformatar a imagem municipal.
O primeiro a proceder desta forma foi o
Presidente José Luís Judas. Com o objectivo de demarcar a sua gestão do período
precedente, optou por alterar o logotipo de Cascais. Embora mantendo o brasão
oficial de forma integrada no novo desenho, acrescentou um facho de fogo cujo
significado ainda hoje Cascais tem dificuldade em interpretar. Depois, com a
chegada do Presidente António Capucho, tudo mudou novamente. Provavelmente com
o mesmo objectivo de diferenciação relativamente ao período precedente, lá caiu
definitivamente a heráldica oficial do município que foi substituída por um
quadrado encarnado no qual surgia a letra C. E quando ele saiu, mantendo-se no
entanto à frente dos destinos do Concelho a mesma coligação de partidos por ele
criada, o logotipo foi alterado novamente, possivelmente respondendo à mesma
necessidade de afirmação propagandística que enformara as alterações
anteriores. Desta vez desaparece o quadrado e o nome Cascais surge em negativo
sobre um rectângulo cinzento, com as letras esburacadas por pequenos círculos
aleatoriamente colocados.
Dir-se-á que é somente uma questão de gosto e
que as alterações sucessivas representam unicamente a passagem do tempo. Mas
não é. Cada uma destas operações tem significativos custos associados que,
sendo pagos pelos Cascalenses, não trazem nenhum benefício ao Concelho. Por outro
lado, ao alterarem os símbolos que nos representam, deturpam a Identidade de
Cascais, conduzindo a uma anomia generalizada que impede a representação
efectiva dos Cascalenses.
O Secretariado Nacional da Pastoral da
Cultura, aludindo à importância dos símbolos para a Identidade de Portugal,
refere que “A diluição espiritual e cultural de um
povo significará inevitavelmente a perca da sua identidade e a sua fusão num
hoje sem futuro”.
Ninguém quer que isto aconteça na Nossa
Terra!...