sexta-feira

Reorganização Administrativa do Concelho de Cascais

 


É motivo de grande perplexidade e muita apreensão a proposta de reorganização administrativa das freguesias do Concelho de Cascais que ontem foi apresentada na Assembleia da República.
 
De forma cega e incoerente com a realidade municipal, a dita proposta prevê reduzir de seis para quatro o número de Freguesias do Município Cascalense, alegando uma falaciosa redução de custos que, de acordo com a letra da Lei, não se verifica. Mantendo a estrutura administrativa associada a cada uma das juntas existentes, a única poupança que acontecerá é ao nível do salário do presidente que, conforme se percebe, é completamente irrisória para o orçamento municipal.
 
As seis freguesias que hoje compõem o mapa administrativo municipal, possuem todas elas mais de 20.000 habitantes e, na sua essência, assentam numa identidade muito vincada e própria que resultou do devir de muitos séculos de História.
 
Alcabideche, com a sua marcada ligação ambiental ao Parque Natural, à Serra de Sintra e à herança árabe; Cascais, sede de Concelho com o vínculo perene ao mar; o Estoril com o cosmopolitismo de excelência que dá mote à sua importância e relevância turística de âmbito internacional; Parede, com o seu cunho burguês e em termos urbanos decalcado da História do Republicanismo em Portugal; Carcavelos com a excelência do seu vinho e com a marca profunda da presença Inglesa; e São Domingos de Rana, com o seu traço ruralizante e profundamente vincado pelo seu carácter agrícola; compõem um quadro genérico de espaços complementares que são essenciais para se compreender e, sobretudo, para fomentar a Identidade Cascalense que é, como se sabe, o mais importante dos elementos aglutinadores da sociabilidade local.
 
Por isso, juntar Cascais ao Estoril e a Parede a Carcavelos, é um acto profundamente desrespeitoso em relação a Cascais e aos Cascalense e, por extensão, também em relação ao desenvolvimento sustentado que todos defendemos para este Concelho.
 
Sendo certo que a reforma do mapa administrativo Português é urgente, porque a fácies do País se alterou de forma radical ao longo destas quatro últimas décadas, a redução de freguesias que se propõe para Cascais não só não faz qualquer sentido, como em nada contribuirá para uma melhor gestão da coisa pública. Na prática, é um exercício gratuito e assente no desconhecimento profundo relativo à realidade municipal, que não se compadece com os interesses de Cascais e dos Cascalenses.
 
A não ser que esconda, no âmbito das movimentações político-partidárias que estão calendarizadas para o ano de 2013, quaisquer outros interesses que não sejam os deste Concelho e os das suas gentes…