sexta-feira

Palácio do Conde de Verride: Um Escadote Social na Cidade de Lisboa



por João Aníbal Henriques

As casas e as ruas de uma cidade, para além das suas funções práticas, relacionadas com a circulação e a residência, desempenham outros tipos de funções que enquadram formas alternativas de organização dos espaços e das comunidades que as habitam. 

 A componente estética, com as implicações que tem na forma como se vive a cidade, conjuga-se com uma funcionalidade de âmbito social, tantas vezes preterida nas análises que se fazem ao espaço urbano, mas que, em contraponto com as componente relacionadas com o devir diários dos seus habitantes, pressupõe uma intervenção de fundo ao nível da organização dos grupos, das gentes e das relações interpessoais. As casas são, por vezes, autênticos escadotes que os seus proprietários utilizam para se afirmar perante os outros, assumindo que a componente estética, associada a uma verdadeira arquitectura de cenário, desempenha o mais importante papel na forma como foi concebida, pensada e edificada. 

 É o que acontece, por exemplo, com o Palácio do Conde de Verride, também conhecido como Palácio Santiago-Prezado, situado no Alto de Santa Catarina, junto ao espaço onde se situava a antiga Igreja Paroquial de Santa Catarina, destruída por completo pelo terramoto de 1755. 

 Construída na primeira metade do Século XVIII, o palácio foi residência do Barão e Visconde de Molelos, Francisco de Paula Silva Tovar, que dá origem a um processo complexo de venda e revenda sucessiva do imóvel que vai passando pela mão de vários proprietários.

 Da política, às finanças, passando ainda pela fina flor da aristocracia Portuguesa do final do Século XIX, o Palácio de Verride serviu sempre como forma de os seus proprietários consolidarem a sua posição no seio da sociedade Lisboeta. Adquirida em 1910 por João Lobo Santiago Gouveia, o palácio vem consolidar, na época conturbada da implantação da república, a recém nobilitação do seu novo proprietário que havia sido feito Conde de Verride em 1901. 

 Com uma localização única num dos mais extraordinários recantos de Lisboa, o Palácio de Verride encontra-se encerrado e é actualmente propriedade da Caixa Geral de Depósitos.