por João Aníbal Henriques
O período entre as duas guerras
mundiais significou riqueza, prosperidade e notoriedade para Cascais e Estoril.
O registo de paz que caracterizou Portugal, associado à sua localização
estratégica enquanto ponte de acesso para a América, transformou o País e
especialmente esta região no destino favorito para os refugiados que anisavam por
alguma tranquilidade numa Europa completamente devastada pelas agruras dos
conflitos.
Para aqui vieram, oriundos dos
principais países beligerantes, os políticos, actores de cinema, pintores,
poetas, escritores e empresários que
consigo trouxeram a fama que foi determinante na afirmação da excelência dos
estoris enquanto destino privilegiado para quem desejava retomar os seus
projectos de vida. E esta fama, assente no proveito que resultava do manancial
de riqueza que transitava por estes lados, foi peça fulcral na recuperação da
vocação turística de Cascais depois da paulatina degradação que a região vinha
sentindo desde o fim do regime monárquico e do desaparecimento da principal
aristocracia portuguesa que por aqui veraneava.
Mas nem tudo foram rosas neste
período dourado. Tal como noutras partes do país e do resto da Europa, também
Cascais sentiu na pela os problemas do racionamento. A escassez de alimentos e
de bens condicionou de sobremaneira a qualidade de vida daqueles que por aqui
viviam.
Trazemos hoje, pela mão da
Comissão de Propaganda de Cascais, o problema grave que existia em Cascais em
1942 com o fornecimento de energia eléctrica. A distribuição pública deste bem
essencial era escassa e o governo, ciente da necessidade de poupar recursos,
resolveu impor restrições ao uso deste bem. Através da Portaria nº 10.048,
reforçada pelo Despacho Ministerial de 20 de Março, foram criadas classes de
consumo que implicavam disparidades entre os limites de energia que podia ser
consumida e os preços por KW utilizado.
E a aplicação desta medida, num
município que avidamente necessitava de manter as aparências e preservar o
charme que lhe granjeava a tão necessária fama internacional, acabou por ser
polémica e controversa, conforme o comprovam os ofício que aqui publicamos.
Contrastando com esta realidade, os jardins do Casino Estoril, em pleno esforço de guerra, continuavam a ostentar a sua profusa e magnífica iluminação pública. Até porque em Cascais, naquela época como actualmente, as aparências são muito mais importantes do que a efectiva realidade que vivemos.



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