terça-feira

O Beato Karol Wojtyla (1920-2005)





Seis anos depois da sua morte, depois de um processo inesperadamente célere, foi beatificado pela Igreja Romana Karol Wojtyla, mais conhecido por ter sido Papa com o nome de João Paulo II.

As razões que presidiram e que permitiram a rapidez do processo, prendem-se sobretudo com o grande peso público do antigo chefe da Igreja e, sobretudo, com o elo profundo de saudade que deixou na comunidade Católica em todo o Mundo. De facto, quer na sua vida anónima e comum de padre quer depois enquanto Papa João Paulo II, Karol Wojtyla viveu sempre de acordo com o lema que marcou em definitivo a sua existência e pontificado. Uma entrega total a Deus, desenvolvida sempre em estrita observação do Amor pelo próximo e com a particularidade de manter na esfera do privado a devoção muito marcante que sentia, aproximou-o de sobremaneira das pessoas que o rodeavam e também daqueles que o conheciam através dos media.

Os milagres que fundaram a decisão da beatificação, comprovados de forma inquestionável pelas instâncias própria são, no entanto, somente um dos pontos a reter em relação à homenagem que esta cerimónia representou.

Karol Wojtyla, nascido em 1920 e falecido em Roma em 2005, foi alguém que atravessou o Mundo numa época de mudança profunda. Talvez a época na qual as alterações a todos os níveis mais implicações tiveram no dia-a-dia das comunidades.

Mas, num laivo que somente a força da Fé pode explicar, conseguiu ele próprio recriar o Mundo onde viveu, contrariando tantas vezes a força inexorável de uma natureza humana mais preocupada com o Ter do que com o Ser, deixando marcas que transcendem o próprio movimento da mudança e que recentraram a vida do Homem nos parâmetros e nos caminhos que o conduzirão a Deus.

O apelo ao diálogo ecuménico e os actos de convicto arrependimento em relação a erros e omissões cometidos pela Igreja ao longo da História, bem como as visitas a países situados nas antípodas do seu Mundo, ou a capacidade de entender, discutir e apoiar causas e princípios que teoricamente lhe eram alheias, assumindo a sua posição de pai espiritual da Cristandade e, por extensão, da própria humanidade, conseguiram transcender o Mundo transcendente em que ele próprio viveu, e reformular a dinâmica de relacionamento entre os povos, as Nações e as religiões, recriando uma nova base de diálogo e entendimento que refundasse a humanidade.

Os milagres que tem feito, e que agora vão sendo conhecidos por todos os fiéis, são fundamentais no entendimento da sua santidade mas, o que verdadeiramente importa, agora que se inicia o processo obrigatoriamente lento, longo e controverso de canonização de alguém que está ainda presente no quotidiano de milhões de pessoas, é o milagre que representa a sua capacidade de mudar o Mundo e as coisas, mesmo numa época em que seria fácil descansar à sombra da velocidade estonteante que determina o devir da História.