E vez em quando, porque lhe
apetece, a administração da CP decide mudar as regras de utilização dos seus
comboios.
Desta vez, acompanhada por uma
campanha de comunicação feita num tom irritantemente opressivo, decidiu que os
títulos de transporte mensais (vulgo passes) deverão também eles passar a ser
activados antes de cada viagem.
Nada disto seria problemático se
todas as estações tivessem cancelas que obrigassem os utentes a utilizar o seu
passe para as abrir e para aceder ao cais. Mas, em muitas das estações da
linha, não só não existem as ditas cancelas como os terminais de activação são
poucos e normalmente estão avariados. Ou seja, numa utilização frequente e
activa do passe, é praticamente impossível a um utente com passe proceder
sempre à activação do seu título, até porque mesmo passando o passe pelo activador
muitas vezes a dita activação não fica feita. E não há como saber.
Ora dentro dos comboios, os
revisores têm ordens para multar quem não tiver o passe activado. E se há
alguns simpáticos, que até cumprimentam os passageiros com um normal bom dia ou
boa tarde e percebem que o passe está pago, é válido e o utente não conseguiu passa-lo
com êxito pelo activador, a grande maioria, sem um cumprimento, um sorriso ou
qualquer atenção para o facto de ser o dinheiro pago pelo passe que lhe paga o
ordenado mensalmente, pura e simplesmente expulsa o passageiro na primeira
estação onde o comboio para e exige que ele vá ao activador e regresse a casa
no comboio seguinte!
E a CP faz isto, no meio de um
clima de crispação crescente entre os seus funcionários e os utentes (leia-se “clientes”)
numa altura em que acumula problemas e dificuldades que não consegue resolver.
Os comboios andam sujos, mal-cheirosos e não cumprem horários. Muitos dos
revisores parece que engoliram um sapo logo pela manhã e são incapazes de
concretizar a sua tarefa humanamente… Isto para não falar nos atrasos, nos
comboios suprimidos sem apelo e sem agravo e sem respeito nenhum pelos passageiros
que adquiriam os seus títulos de transporte em boa fé e nas greves.
Sim. As greves, compulsivas,
sistemáticas e inadmissíveis que colocam o ónus das dificuldades de
funcionamento da empresa e dos sindicatos sobre as costas dos utentes. As
greves que carregam exigências que ninguém percebe e que geram prejuízos graves
não à CP nem aos seus funcionários (à CP porque recebe sempre o valor mensal
dos passes e poupa em ordenados e em material durante a vigência da greve e os
funcionários porque têm o seu ordenado sempre assegurado no final do mês), mas
sim aos muitos milhares de utentes que pagam o seu passe e às empresas nas
quais eles trabalham e onde têm dificuldades enormes em chegar a tempo.
O que falta na linha de Cascais
da CP? Tudo.
Tudo que incluí novas carruagens,
nova maquinaria, novos horários, novos administradores e novos funcionários.
Como já se viu que aos partidos
políticos que controlam o país não estão interessados em nada disto, resta
apelar a que se privatize a linha de Cascais. Muito depressa!