segunda-feira

O Mito do Euro e a Federação da Europa




Notícias recentemente divulgadas pelas maiores agências noticiosas europeias, dão conta de que a moeda única europeia – o Euro – tem vinte por cento de possibilidades de sobreviver aos dez próximos anos. Isto, como é evidente, se mantiver a sua actual dinâmica organizativa e se assentar a sua existência numa Europa composta por uma união de Estados-Nação livres e politicamente independentes.

Tal como existe, o Euro tem servido basicamente para nivelar a Europa. Fê-lo utilizando a bitola de quem o idealizou e pagou, ou seja, a Alemanha e a França, que pretendiam assim alargar o espectro da sua soberania junto dos países mais carenciados e menos desenvolvidos. Nesse esforço, ambos os países investiram biliões de Euros, emprestando quantias inimagináveis aos restantes, fazendo depender a entrada na união monetária de duras e inflexíveis medidas de controle orçamental a que os restantes países estavam pouco habituados ou que nem sequer tinham capacidade administrativa para poder aplicar. Criaram-se assim dois grupos nesta Europa surpreendente: os que pagam e mandam e os que recebem os fundos comunitários e que têm de cumprir rigorosamente as ordens dos restantes. Neste segundo grupo, de uma forma de tal maneira assumida que deu origem ao designativo PIGS, com o qual a imprensa dos que mandam se refere aos restantes, estão a Espanha, a Irlanda, a Grécia e… Portugal.

Chegados a este momento, e com o actual modelo do Euro esgotado, restam duas saídas para a Europa da moeda única. Pode manter-se tudo tal como está, e a união monetária sucumbirá inexoravelmente nos próximos tempos com o descalabro social e político que se adivinha. Neste caso a Alemanha e a França deverão assumir o prejuízo inerente à perda de todo o investimento que fizeram e esquecer a ideia de que um dia os PIGS lhes pagarão com juros todo o dinheiro até aqui injectado. Ou então, como alternativa, pode proceder-se a uma revisão profunda da existência da União Europeia, introduzindo alterações que garantam a estabilidade e a manutenção do Euro. Nesta segunda opção, que passa pela efectiva federação da Europa, os estados perdem totalmente a sua autonomia, e subordinam-se política, económica e socialmente à vontade, à dinâmica, à iniciativa e às decisões tomadas pelos importantes.

As notícias que atrás mencionamos são a prova viva de que é esse o caminho já escolhido pela Alemanha e pela França para o futuro do velho continente, e que a Europa das Nações, muitas delas, como Portugal, com quase 900 anos de História, vai ser pura e simplesmente aniquilada.

Os políticos que nos meteram nesta embrulhada, e que continuam hoje (quase todos) à frente dos destinos desta ainda Nação, vêm com bons olhos esta irracionalidade, pois as metas económicas e financeiras são para eles o único caminho possível em direcção à prosperidade.

Mas enganam-se fatalmente. A Europa a que Alemães e Franceses chamam PIGS, é um continente assente em comunidades arreigadas à sua História, a cultural fortes e a usos e costumes que não são compatíveis com uma federação.

Ao levarem Portugal por este caminho, mentindo aos Portugueses a quem se diz que é o único possível dadas as circunstâncias a que chegámos, estão a condenar o nosso País a um processo longo, conturbado e cruel de caos sócio-cultural em que, como já aconteceu noutros momentos da nossa História (e acontece ainda hoje em comunidades autonómicas incluídas à força no estado espanhol), Portugueses lutarão contra Portugueses num esforço que culminará indubitavelmente na definição de uma nova soberania.

Actualmente existem ainda soluções alternativas para Portugal. O eixo com África, com a América do Sul e com a Ásia, complementado com a situação geo-estrategicamente única do País, fornecem-nos as ferramentas necessárias para tirar esta Nação da cauda da Europa e a recolocar na linha da frente. Assim haja vontade, discernimento e capacidade para o fazer.

Agora, em relação ao Euro, por favor não nos federem!