sexta-feira

O Dia da Árvore de 1982 em Cascais



por João Aníbal Henriques

Corria o ano de 1982 e o governo municipal de Cascais pertencia à Aliança Democrática. Com Carlos Rosa como presidente da Autarquia, do executivo municipal fazia igualmente parte António de Sousa Lara que acumulava o cargo com a sua profissão de professor universitário, investigador e dirigente da Sociedade Propaganda de Cascais.

E foi no âmbito de uma estreita parceria entre a Câmara Municipal de Cascais e a Sociedade propaganda que nesses anos de boas relações institucionais se desenvolveram diversos projectos que alteraram de forma pragmática e efectiva o tecido social, económico e cultural do Cascais de então.



Para além dos concursos de montras, dos concursos hípicos, dos festejos das principais efeméridas que de alguma forma estavam relacionadas com a história da vila, nesse ano de 1982 estas instituições lançaram em conjunto um vasto programa de plantação de árvores ao longo dos principais arruamentos da vila.

Sob a orientação do mítico Armando Penin Vilar, proprietário da Quinta das Patinhas e um dos principais impulsionadores da empresa que geria os destinos do jogo na região, e que durante muitos anos se entregou de Alma & Coração à defesa da causa pública e dos interesses dos cascalenses, a Sociedade Propaganda de Cascais encetou e dirigiu os trabalhos de plantio de muitas das árvores que ainda hoje enchem de sombra os arruamentos cascalenses. Figura de destaque em todo o processo, o sempre muito activo e saudoso Benjamim de Quaresma Dinis que, em equipa com António de Sousa Lara, concebeu a grande maioria dos planos de revitalização de Cascais naquela época.



Em ofício dirigido às principais forças vivas da sociedade civil cascalense, a Câmara Municipal e da Sociedade Propaganda apelavam à participação de todos neste acto simbólico que consideravam ser essencial para o projecto global de recuperação da dinâmica da vila depois dos muitos problemas que tinham resultado da revolução e que de alguma maneira haviam contribuído para a degradação do espaço público e para a fuga de Cascais de muitos empreendedores portugueses e estrangeiros que contribuíam decisivamente para o antigo charme que caracterizava a povoação. O cerne da intervenção, centrada no plantio simbólico das árvores nos arruamentos da vila, era o de motivar os cascalenses para participarem na identificação dos problemas que afectavam Cascais e para que, em conjunto com as instituições municipais, criarem ideias, projectos e estratégicas que devolvessem à vila a pujança que havia tido noutros tempos.

Em ano de eleições autárquicas, que uma vez mais colocam nas mãos dos cascalenses os destinos desta sua terra, importa relembrar estes projectos, não só pela importância que tiveram noutros tempos, como também pelos ensinamentos que deixam pistas para a definição do futuro que queremos para Cascais.

Sem redes sociais e sem os facilitismos de comunicação que hoje temos, o Cascais de há 40 anos seguia bem longe do vazio dos discursos que hoje enchem as discussões que acompanham o acto eleitoral, juntando sensibilidades diferentes, opções político-partidárias por vezes divergentes e origens sociais díspares em torno do Amor que os unia em torno dos reais interesses desta Nossa Terra! Porque de mãos sujas na terra das nossas ruas, todos eram iguais na apreciação das coisas boas que iam surgindo para melhorar a vida da comunidade cascalense.

Outros tempos.




Fotografias de João Cabral da Silva