Na sua mensagem a Lisboa, o Presidente da Edilidade, Professor Carmona Rodrigues, explicou em poucas palavras qual é a principal doença que afecta o sistema político português:
"Todos falam na necessidade da renovação da classe política. O certo é que o sistema político-partidário deste país não está preparado para que independentes abracem a vida política e tentam de todas as formas expelir os corpos estranhos."
Com esta declaração, curta e expressiva, Carmona Rodrigues conseguiu mostrar e demonstrar que existe uma razão (e que ela é conhecida e reconhecida pelos intervenientes na vida política Nacional) para o enorme desfasamento actualmente existente entre eleitores e eleitos, visível num crescente descrédito das instituições e numa preocupante falta de representatividade que mina a essência da Nacionalidade.
De facto, a dita sociedade civil (a mesma que entidades, partidos e instituições dizem promover) está refém da total partidarização de quase todos os sectores da vida portuguesa, não sendo possível fazer muito mais do que aquilo que interessa e convém aos partidos que detêm o poder.
As suas palavras ganham nesta altura uma importância especial, uma vez que para além de as participações nos plebiscitos ditos democráticos serem cada vez menores, mostrando que as pessoas sabem que não vale mesmo a pena estarem a perder tempo escolhendo um dos que foram escolhidos pelos partidos, estas palavras foram ditas por alguém que esteve de facto dentro do sistema, sentindo na própria pele as consequências nefastas desta situação opressiva.
Quando a grande maioria dos que pugnam (de facto) pela sociedade civil em Portugal começam a baixar os braços, compreendendo que a democracria que se diz existir só é aceite depois de avalizada por quem controla o sistema, é como que uma lufada de ar fresco assistir ao aparatado noticioso e à cobertura dada pela imprensa à expulsão de um destes corpos estranhos que, com pancadinhas nas costas dos que partidariamente o diziam defender, vem mostrar que (como sempre) democracia não é para todos, é somente para aqueles que de cartão de filiação em punho, são capazes de obedecer!...