quinta-feira

O Património da Democracia em Cascais





por João Aníbal Henriques

Para além de serem testemunhos importantes das gerações que outrora habitaram em Cascais, as mais importantes peças do património histórico de Cascais também falam directamente para o futuro e contribuem para a consolidação da nossa identidade municipal.  

O sentido de cidadania, essencial para a consolidação da democracia e para o reforço da nossa consciência cívica, depende em primeira instância das memórias partilhadas pelas várias gerações de Cascalenses.

No ano em que se processa a revisão do Plano Director Municipal, instrumento essencial na gestão urbana do Concelho de Cascais, assumir o património histórico como peça-chave na reconfiguração da fácies municipal, é assinalar com especial cuidado a necessidade que temos de retomar a vocação turística municipal e de o fazer consolidando uma oferta de qualidade que passa pelo reforço da diferença que os Estoris apresentam.

É necessário, desta forma, compreender os ritmos de construção e de edificação do espaço, de modo a tornar-se mais compreensível o reconhecimento das origens da nossa própria cultura. De nada serve, em nosso entender, promover sistemáticas sessões de fogo-de-artifício e em festas populares, gastando milhares euros do erário público em sessões que visam entreter a comunidade, se nessa mesma comunidade não existir um laço de união que ela partilhe e sinta, desejando-se e defendendo-se mutuamente daquilo que lhe é adverso e mantendo sempre o respeito pelo próximo como mantém o respeito por si mesmo.

A conservação do património histórico e cultural não deve ser visto única e exclusivamente, como um processo negativo de atraso no desenvolvimento e no progresso. A responsabilidade da actual geração de Cascalenses, no que a este assunto diz respeito, ultrapassa largamente o antiquarismo que está patente em algumas das nossas associações de defesa do património. Precisamos de garantir que o património cascalense é colocado ao serviço da comunidade, fazendo o ponto de ligação imprescindível entre a modernidade e a História, e criando elos essenciais entre as diversas gerações de cascalenses que aqui viveram, vivem e vão viver.


Para que tal seja possível, é necessário que exista conhecimento e carinho pelo que nos rodeia, de forma a que a manutenção da boa forma física dos imóveis, o seu estudo sistemático e, consequentemente, o seu usufruto cultural, lúdico, pedagógico e turístico se torne numa actividade que a todos diz respeito.

Acima de tudo, é essencial que a nossa herança patrimonial se mantenha, sempre que possível, integrada na vida quotidiana, fazendo parte da comunidade que nela ou junto a ela habita ou trabalha.

Se um determinado monumento ou sítio desperta na comunidade sentimentos de homogeneidade ou de nostalgia, como são os casos dos centros históricos da Abóboda, de Alcabideche, do Monte Estoril, ou mesmo de Caparide ou da azenha que dali retirou o seu nome, o nosso dever é apoiar a sua requalificação e promover assim um reordenamento urbano onde o progresso e o desenvolvimento possam estar interligados ao passado.



É essencial também, que todas as transformações que efectuarmos nestes núcleos urbanos, ao abrigo da necessidade de defesa do património cascalense, se caracterizem por um levado grau de qualidade, que nos garanta que as futuras gerações de munícipes as respeitam e admiram, perpetuando assim um ciclo que preserve a memória da nossa Nação.

Tal como existe continuidade entre o passado e o presente, também deverá existir uma enorme proximidade entre a actualidade e o futuro. É nosso dever tomar conta da nossa herança cultural não só para nosso próprio benefício, mas também para o usufruto das gerações futuras, fornecendo-lhes assim um legado vivo e em constante mutação, que lhes permita intervir e decidir o seu próprio futuro.

Outra das nossas obrigações, nesta perspectiva, é a de criar exemplos dignos em termos arquitectónicos, de modo a vermos representados no futuro aquilo que de melhor pensamos na actualidade. É o caso, por exemplo, de grande parte dos monumentos comemorativos do Concelho de Cascais que, na sua grande maioria, permitirão às futuras gerações, compreender as nossas perspectivas, os nossos anseios e as nossas necessidades, preservando assim os laços de união que com elas devemos criar.

No ano em que se comemora o 40º Aniversário do 25 de Abril de 1974 vão já muito longe os tempos em que em Cascais existia uma Comissão do Património Histórico e Cultural... 





"Silêncio no Cais" o novo livro de Antonieta Barros




Silêncio no Cais” é o título do mais recente livro de Antonieta Barros que já está disponível nas livrarias portuguesas. Numa abordagem corajosa ao amor, a autora transporta-nos numa viagem cíclica que começa nos folhos sombrios da invernia mais difícil e sobranceira e nos leva, quase pairando, até ao êxtase mais inebriante do amor quente e estival.

Mas não é do amor dos sentidos, daquele amor que depende dos cheiros, das cores e das aparências ambíguas da carne para desabrochar que ela fala. Antonieta Barros aborda, num tom que apela ao carácter subliminar do espírito, o amor verdadeiro, aquele ao qual as palavras não chegam e que o ser humano mais comum sente e percebe mas não tem capacidade de descrever… Ao exceder-se neste autêntico mergulhar de Alma, a autora abandona as teias perecíveis do mundo complexo e desinteressante em que vivemos para se perder por completo, reencontrando-se num silêncio profundo que só os sons do cais deixam perceber…


Antonieta Barros, natural de Trás-os-Montes, é professora e profissional do turismo. Especialista em formação turística, é palestrante em diversos seminários, congressos e palestras, sendo convidada por várias instituições públicas e privadas. Para além de dezenas de artigos publicados na imprensa, é autora do livro “Sons da Alma”, publicado em 2012, e agora deste imperdível “Silêncio no Cais”. 

A Melhor Escola de Portugal




por João Aníbal Henriques

Muitos daqueles que teimam em não aceitar a escolha da escola como um direito essencial dos pais, utilizam argumentos que mostram bem a forma como os preconceitos acabam por desvirtuar a discussão e, dessa forma, por condicionar o julgamento e o discernimento de todos aqueles que desejam uma escola melhor em Portugal.

Um dos argumentos mais utilizados para criticar a intervenção que fizemos em Angra do Heroísmo, nos Açores, no passado mês de Março, dizia que a solução passa por reforçar a dotação das escolas do estado e diminuir a sua autonomia. Diz quem pretende defender aquilo a que chamam a “escola pública”, que dessa forma se assegura a qualidade da escola controlando simultaneamente os custos e os gastos da mesma!

Esquecem-se, de forma inquietante, que a liberdade de escolha da escola pressupõe que são os alunos, com base na qualidade da oferta das escolas e na maior ou menor adequação da sua orientação perante as suas expectativas e planos de vida, quem escolhe a escola que querem frequentar…

Ou seja, esquecem-se que é o aluno o fulcro daquilo que defendemos. Esquecem que o que importa é o aluno e não a escola. Esquecem-se que o que está em causa é a qualidade da oferta educativa proporcionada aos alunos e as implicações que ela tem na sua futura qualidade de vida e não o saber se a escola é pública, privada ou mista!

Será que não perceberam que a liberdade de educação não pressupõe aumento da despesa com educação? Será que não perceberam que, com liberdade de escolha, assente no reforço da autonomia e da responsabilidade das escolas, são elas quem define a sua equipa, quem determina o seu plano de trabalho e quem passa a usufruir de uma dotação orçamental associada ao número de alunos que nelas se inscreveram?

Sem utopias, todos sabemos que a escolha será sempre a da melhor escola. Da que for a mesmo a melhor, independentemente de que for o seu proprietário. Mas não é isso que todos queremos? A melhor escola para os nossos filhos?