Pouco tempo depois da realeza e da alta aristocracia se instalarem nas zonas nobres de Cascais e do Monte Estoril, a burguesia procurou um local para os seus tempos de veraneio. Entre a Poça e a Cadaveira, junto a um grupo de modestas habitações, nasceu com pompa e circunstância a povoação de São João do Estoril O edifício dos Banhos da Poça, ainda hoje existente, é o ex-libris principal daquele que foi o primeiro passo para a construção da Costa do Sol.
Quando Luís Filipe da Matta e Carlos Tavares, em 1890, constituíram uma sociedade para explorar os recursos hídricos da zona da Poça, onde era possível encontrar águas com propriedades medicinais notáveis, que curavam as doenças de pele e o reumatismo, mal imaginavam o contributo que estavam a dar para a constituição daquilo que hoje é commumente designada como a Vocação Turística do Concelho de Cascais.
De facto, e apesar desta iniciativa ter surgido como uma espécie de resposta burguesa à aristocrática Companhia Monte Estoril, que algum tempo antes dera início à urbanização do antigo Pinhal da Andreza (hoje a localidade do Monte Estoril), o núcleo habitacional que envolvia os Banhos da Poça já existia há algum tempo. No entanto, pela condição social e política dos seus habitantes, e também pelo carácter pouco ostentatório das suas casas, era considerado espaço de importância inferior no contexto da vivência social portuguesa do final do Século XIX.
Muito embora as águas da Poça fossem conhecidas desde há muito, existindo notícia do seu aproveitamento formal desde meados do Século XVIII, quando ali se construiu um modesto balneário, somente com Luís Filipe da Matta e o seu sócio se procedeu ao seu correcto aproveitamento. No início da última década do Século, edificou-se no local do antigo balneário um moderno edifício torreado e com ameias, ao jeito do carácter romântico que caracterizava a arquitectura de então. Interiormente, possuía grande qualidade terapêutica e condições logísticas que o colocavam entre os melhores do Mundo inteiro. Os quartos de banho com tinas de mármore, onde os doentes desenvolviam a terapêutica prescrita pelo Dr. Carlos Tavares – discípulo do famoso médico Sousa Martins – levavam longe a fama da qualidade daquele espaço, que possuía ainda um majestoso salão com 200 m2, um amplo estrado com um piano e uma mesa de bilhar e dois terraços com magnífica vista sobre a Baía de Cascais. De acordo com notícias da época, são milhares os visitantes que anualmente procuram a localidade de São João do Estoril.
Foi precisamente com a criação dos Banhos da Poça, empreendimento digno de uma nota especial pelo cuidado que os seus promotores colocaram na sua idealização, na sua concepção e na sua promoção, chegando a editar opúsculos de grande qualidade onde se publicitavam as virtudes das águas que utilizavam, que a povoação envolvente começou a crescer.
No dia 22 de Junho de 1890, como relatam Branca Colaço e Maria Archer nas suas “Memórias da Linha de Cascais”, o Presidente da Câmara Municipal de Cascais – Jaime Artur da Costa Pinto – inaugura formalmente a povoação. Para celebrar o acontecimento, realizou-se no Chalet Brito uma grandiosa festa, que reuniu a grande maioria dos habitantes da recém criada São João do Estoril. De acordo com Raquel Henriques da Silva, que teve acesso a fotografias do evento, o acto decorreu com carácter solene, tendo mesmo pavilhão real para acolher o Rei Dom Carlos e a sua esposa a Rainha Dona Amélia.
Pouco tempo depois, a viúva de António Marques Leal dá início à construção “por sua conta”, da estrada de ligação do apeadeiro de São João à zona da Cadaveira, dando ensejo à criação daquele que depressa se tornará o mais importante núcleo construído da moderna localidade.
Para a já mencionada investigadora Raquel Henriques da Silva, São João fica a dever o seu crescimento à abnegada intervenção de um grupo de endinheirados beneméritos que ali se instalou. A suas expensas, e procurando ultrapassar as dificuldades logísticas e financeiras do município cascalense, homens como Luís Gonzaga Reis Torgal, Manuel José Martins Contreiras, Watts Garland e Alfredo Júlio Brito, foram urbanizando e embelezando a localidade, a eles se ficando a dever grande parte dos modernos arruamentos de São João, bem como a colocação do mobiliário urbano que transformou a face da povoação.
Sem controle oficial das entidades competentes, e crescendo ao ritmo dos gostos pessoais dos seus ilustres proprietários, São João do Estoril vai conhecer assim uma enorme diversidade de estilos e uma originalidade construtiva que dificilmente encontra paralelo no território português, transformando aquele espaço num centro urbano interessante e completo.
Apesar de os Banhos da Poça terem sido abandonados pouco tempo depois, passando mais tarde à posse da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, a quem continuam a pertencer, foram eles que despertaram a atenção dos munícipes daquela época, transformando-se numa espécie de cadinho que contribuiu para o florescimento do turismo português.
Muito embora sejam hoje pouco conhecidos dos cascalenses, e quase totalmente desconhecidos dos muitos turistas que permanentemente nos visitam, os Banhos da Poça são indubitavelmente uma das mais valiosas peças do património arquitectónico cascalense.
Quando Luís Filipe da Matta e Carlos Tavares, em 1890, constituíram uma sociedade para explorar os recursos hídricos da zona da Poça, onde era possível encontrar águas com propriedades medicinais notáveis, que curavam as doenças de pele e o reumatismo, mal imaginavam o contributo que estavam a dar para a constituição daquilo que hoje é commumente designada como a Vocação Turística do Concelho de Cascais.
De facto, e apesar desta iniciativa ter surgido como uma espécie de resposta burguesa à aristocrática Companhia Monte Estoril, que algum tempo antes dera início à urbanização do antigo Pinhal da Andreza (hoje a localidade do Monte Estoril), o núcleo habitacional que envolvia os Banhos da Poça já existia há algum tempo. No entanto, pela condição social e política dos seus habitantes, e também pelo carácter pouco ostentatório das suas casas, era considerado espaço de importância inferior no contexto da vivência social portuguesa do final do Século XIX.
Muito embora as águas da Poça fossem conhecidas desde há muito, existindo notícia do seu aproveitamento formal desde meados do Século XVIII, quando ali se construiu um modesto balneário, somente com Luís Filipe da Matta e o seu sócio se procedeu ao seu correcto aproveitamento. No início da última década do Século, edificou-se no local do antigo balneário um moderno edifício torreado e com ameias, ao jeito do carácter romântico que caracterizava a arquitectura de então. Interiormente, possuía grande qualidade terapêutica e condições logísticas que o colocavam entre os melhores do Mundo inteiro. Os quartos de banho com tinas de mármore, onde os doentes desenvolviam a terapêutica prescrita pelo Dr. Carlos Tavares – discípulo do famoso médico Sousa Martins – levavam longe a fama da qualidade daquele espaço, que possuía ainda um majestoso salão com 200 m2, um amplo estrado com um piano e uma mesa de bilhar e dois terraços com magnífica vista sobre a Baía de Cascais. De acordo com notícias da época, são milhares os visitantes que anualmente procuram a localidade de São João do Estoril.
Foi precisamente com a criação dos Banhos da Poça, empreendimento digno de uma nota especial pelo cuidado que os seus promotores colocaram na sua idealização, na sua concepção e na sua promoção, chegando a editar opúsculos de grande qualidade onde se publicitavam as virtudes das águas que utilizavam, que a povoação envolvente começou a crescer.
No dia 22 de Junho de 1890, como relatam Branca Colaço e Maria Archer nas suas “Memórias da Linha de Cascais”, o Presidente da Câmara Municipal de Cascais – Jaime Artur da Costa Pinto – inaugura formalmente a povoação. Para celebrar o acontecimento, realizou-se no Chalet Brito uma grandiosa festa, que reuniu a grande maioria dos habitantes da recém criada São João do Estoril. De acordo com Raquel Henriques da Silva, que teve acesso a fotografias do evento, o acto decorreu com carácter solene, tendo mesmo pavilhão real para acolher o Rei Dom Carlos e a sua esposa a Rainha Dona Amélia.
Pouco tempo depois, a viúva de António Marques Leal dá início à construção “por sua conta”, da estrada de ligação do apeadeiro de São João à zona da Cadaveira, dando ensejo à criação daquele que depressa se tornará o mais importante núcleo construído da moderna localidade.
Para a já mencionada investigadora Raquel Henriques da Silva, São João fica a dever o seu crescimento à abnegada intervenção de um grupo de endinheirados beneméritos que ali se instalou. A suas expensas, e procurando ultrapassar as dificuldades logísticas e financeiras do município cascalense, homens como Luís Gonzaga Reis Torgal, Manuel José Martins Contreiras, Watts Garland e Alfredo Júlio Brito, foram urbanizando e embelezando a localidade, a eles se ficando a dever grande parte dos modernos arruamentos de São João, bem como a colocação do mobiliário urbano que transformou a face da povoação.
Sem controle oficial das entidades competentes, e crescendo ao ritmo dos gostos pessoais dos seus ilustres proprietários, São João do Estoril vai conhecer assim uma enorme diversidade de estilos e uma originalidade construtiva que dificilmente encontra paralelo no território português, transformando aquele espaço num centro urbano interessante e completo.
Apesar de os Banhos da Poça terem sido abandonados pouco tempo depois, passando mais tarde à posse da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, a quem continuam a pertencer, foram eles que despertaram a atenção dos munícipes daquela época, transformando-se numa espécie de cadinho que contribuiu para o florescimento do turismo português.
Muito embora sejam hoje pouco conhecidos dos cascalenses, e quase totalmente desconhecidos dos muitos turistas que permanentemente nos visitam, os Banhos da Poça são indubitavelmente uma das mais valiosas peças do património arquitectónico cascalense.