Situado a dois passos do centro de Cascais, com início nas traseiras do mercado, o Vale da Ribeira das Vinhas é um dos espaços com mais potencial de Cascais. Envolvida pelo bucolismo das antigas quintas (muitas delas, infelizmente, abandonadas) a ribeira deixa antever aquilo que foi a ruralidade Cascalense, oferecendo um dos mais bonitos e inesquecíveis retratos de um Cascais de outros tempos. Facilmente pedonizável, recriando um percurso muito acessível e totalmente verde entre o centro da Vila e a Serra de Sintra, é uma pena o estado de completo abandono e de incúria latente em que este espaço se encontra, contrastando de forma abissal com as suas potencialidades naturais e a mais valia turística em que facilmente se poderia transformar. Provavelmente por falta de vontade, os responsáveis autárquicos de Cascais escudam-se no facto de muitos daqueles terrenos serem propriedade particular para explicar a falta de recuperação deste espaço. Mas não é verdadeira esta desculpa. Ao longo da ribeira, acompanhando todo o seu percurso, existe um caminho de pé-posto que é público e que seria facilmente reconvertido num dos mais impactantes percursos pedestres de Cascais. Assim haja vontade!
Blog sobre Portugal, os Portugueses, a sua História, e a realidade política, económica, cultural e social Nacional.
quinta-feira
terça-feira
O Ilusório Acesso para Deficientes ao Parque da Ribeira dos Mochos
Inaugurada com pompa e
circunstância vários anos depois da inauguração do próprio parque, a nova
entrada adaptada para deficientes do Parque Urbano da Ribeira dos Mochos, no final
da Avenida Infante Dom Henrique, foi apontada como um importante investimento
para oferecer acesso a pessoas com mobilidade condicionada àquele espaço extraordinário
de Cascais.
A estrutura de madeira, imponente
e complexa, compõe-se de uma sucessão de rampas paralelas que, num percurso de
vários metros, ajudam a reduzir o desnível de forma a permitir que as cadeiras
de rodas possam entrar facilmente no Parque da Ribeira dos Mochos.
Mas infelizmente não passa de uma
mera ilusão de óptica que engana quem dela pretende usufruir. Depois do percurso sinuoso através da
estrutura em madeira, o Cascalenses que entrar no parque em cadeira de rodas passa
a ter 2 opções para a sua visita: ou segue em direcção ao parque infantil,
e aí encontra dois lanços de escadarias íngremes que não pode descer; ou segue
em direcção ao passeio central, onde são três os lanços de escadas…
Ou seja, depois de descer o
percurso difícil até ao final do passadiço, a única opção viável é… desistir de
visitar o parque e voltar a fazer o mesmo percurso para trás, em direcção a
saída!
Como de boas intenções está o
inferno cheio, é absolutamente incrível esta situação, sobretudo quando
pensamos no colorido da inauguração e nas verbas públicas que foram gastas para
o efeito...
domingo
As Dunas do Guincho: Um Apelo Sentido de Todos os Cascalenses
Quando a Câmara Municipal de
Cascais inaugurou, em Julho de 2011, os passadiços de madeira nas Dunas do
Guincho (Praia da Cresmina), ainda sob a presidência de António Capucho, foi
grande o júbilo dos Cascalenses.
Apesar de os projectistas se
terem “esquecido” de integrar no
percurso maravilhoso as três peças do património de Cascais que lhe estão
adjacentes (a mãe-de-água da Cresmina, o Aqueduto Romano e o Povoado dos Casais
Velhos) e de ter perdido a oportunidade para os recuperar, esta intervenção
oferecia ao turismo do Estoril uma nova e extraordinária ferramenta de trabalho
que, para além de permitir o acesso a um dos mais bonitos recantos do Concelho
de Cascais, deslumbrando todos aqueles que tivessem a sorte de saber da sua
existência, também servia como contributo importante para preservar (e
recuperar) as dunas da Cresmina.
Mas agora, em 2014, depois de se
ter mudado a presidência da C.M.C. e de as eleições terem sido ultrapassadas, a
situação em que se encontra este equipamento é muito diferente.
Fruto da incúria e do desleixo, a
degradação tomou conta do passadiço e, em alguns troços, para além de ter
desaparecido a corda que marcava o percurso e que protegia as dunas
consolidadas, existem sinais evidentes de destruição da própria estrutura em
madeira.
Agora, são muitos aqueles que
voltaram a pisotear e a destruir os habitats naturais e as próprias dunas, em
linha com o ar de abandono em que se encontra toda a estrutura, destruindo
assim uma parte substancial da riqueza natural de Cascais e das potencialidades
turísticas do local.
Mais preocupante ainda, dado tudo
isto ter sido feito e pago com verbas públicas, ou seja, dinheiro que pertence
a todos os Cascalenses, é percebermos que se a recuperação da estrutura não
vier a acontecer num curto espaço de tempo, e não for seguida de um esforço
continuado de manutenção, perderemos definitivamente mais este equipamento.
Agora que as eleições autárquicas
já passaram, esperemos que as europeias que aí vêm e as legislativas que se
lhes seguem, sejam argumentos suficientes para que a Autarquia tome em mãos a
resolução do problema...
quarta-feira
Pobres e Ricos na Escolha da Escola
por João Aníbal Henriques
Sendo uma das áreas prioritárias
na definição daquilo que há-de ser o futuro do nosso País, a educação é, sempre,
um dos mais polémicos e controversos dossiers para todos os governos e em todos
os Países.
Talvez por isso, quarenta anos
depois da revolução de 1974, continua por cumprir-se em Portugal o apelo à
liberdade que a mudança política de então tanto defendeu. No nosso País, quatro
décadas depois, ainda não foi possível reformular o nosso sistema educativo
garantindo a todos os Portugueses o direito basilar de poderem escolher a
educação que desejam para os seus filhos.
Poder-se-ia dizer que esta
situação afecta de igual modo todos os Portugueses e que, por isso, todos estão
igualmente desprovidos deste direito. Mas não é verdade.
Alguns Portugueses existem que,
por terem meios para o fazer, podem dar-se ao luxo de utilizar esse seu
direito, escolhendo a escola que acreditam ser a melhor para os seus filhos e
pagando-a do seu bolso. Outros, infelizmente, por não terem meios para pagar
uma escola privada, estão impedidos de escolher. Para estes, o Estado arroga-se
ao direito de determinar a escola que os seus filhos terão de frequentar, como
se soubesse qual é o cenário educativo mais conveniente para os filhos deles
ou, pior ainda, como se eles não fossem capazes de escolher.
A situação, verdadeiramente
dramática pela diferenciação que faz dos cidadãos, determina uma clivagem
inadmissível entre ricos e pobres, recriando um sistema que impede a progressão
social e o cumprimento da vontade dos Portugueses.
A Liberdade de Educação, que
começa no direito de escolha da escola, mas que se estende ao direito de a
escola – as escolas – poderem ser livres e autónomas na determinação da sua
forma de funcionar e dos currículos que lhes parece pertinente desenvolver, é
um direito básico da democracia. Dele depende a consciência crítica das
próximas gerações e a consolidação da nossa própria cidadania.
Mercê dos enormes interesses e
constrangimentos ideológicos que vicejam em Portugal, muitos tentam fazer crer
que defender a liberdade de educação é defender interesses específicos que nada
têm a ver com os interesses dos Portugueses. Mas esse é um exercício vil que
põe em causa o futuro do nosso País.
Defender a liberdade de educação
é defender os mais pobres e os mais desfavorecidos. É assegurar a todos os
Portugueses o acesso a um direito fundamental. É acreditar que todos são
capazes de decidir o seu futuro e de recriar os mecanismos necessários para o
poderem fazer. É oferecer àqueles a quem a sorte menos favoreceu, os meios
necessários para alterarem o seu destino e para, contribuindo para o reforço
das potencialidades de Portugal, poderem tomar nas suas mãos as mais
importantes decisões relativas ao futuro dos seus.
terça-feira
O Aborto em Portugal [2008/2012]
Sete anos depois de legalizado,
começam agora a ser publicados os primeiros relatórios dramáticos e oficiais sobre
esta prática inumana que até agora dizimou a vida de mais de 100.000
Portugueses.
De facto, de acordo com os dados
publicados na edição de hoje do Diário de Notícias, entre 2008 e 2012 foram efectuados
97.996 abortos legais em Portugal, representando um cenário de paulatino e
permanente aumento e mostrando que esta opção é entendida, cada vez mais, como
um mero procedimento de contracepção.
A humanidade das crianças que
foram mortas é, desta forma, posta em causa, dado os abortos feitos em 2012 por
opção da mulher corresponderem a cerca de 97% do total de abortos efectuados
nesse ano. Ou seja, somente em 437 casos a prática do aborto se ficou a dever a
problemas de saúde ou a malformações do feto, sendo que nos restantes 18.408
casos foi pura e simplesmente uma forma simples de resolver um problema
imediato.
Mais graves ainda são os números
relativos à banalização desta prática! 20,4 % das mulheres que praticaram
aborto já tinham feito outros abortos anteriormente, sendo que 4,3% já tinha
feito dois, 1,5 % já tinha feito três abortos, e 1,7 % já era o segundo que
fazia no mesmo ano.
Para além de um gravíssimo
problema de saúde pública, dado tudo isto ser pago com dinheiro do Estado e
conferir o direito a regalias que estão próximas daqueles que se conferem ao
exercício da própria maternidade, ou seja, obrigando todos os Portugueses (concordem
ou não com o aborto) a pagar do seu bolso esta prática, esta realidade
pressupõe uma absoluta desumanização da nossa sociedade, que nem sequer confere
à criança concebida o direito de ser defendido, dado ser totalmente indefesa no
momento em que a sua vida lhe é roubada.
Um cenário inaceitável que
deveria obrigar o Estado a repensar uma situação que certamente não traduz a
vontade da maioria dos Portugueses.
O Futuro de Cascais a Preto e Branco
Na mesma altura em que Carcavelos
fica a saber que vai perder definitivamente e sua frente de mar, envolvida pela
mega-urbanização agora aprovada para o local à qual se junta o pólo
universitário e demais infra-estruturas de apoio, Cascais depara-se com um
cenário a preto-e-branco que deixa no ar muitas dúvidas e ainda mais incertezas…
São muitos os projectos
suspensos, adiados e mal explicados que, com prejuízo evidente para Cascais e
para os Cascalenses, e muitas verbas do erário público gastas sem explicação
cabal, podem agora conhecer um desfecho definitivo, na linha do que aconteceu
em Carcavelos.
Só na Vila de Cascais são vários
e preocupantes as situações: o edifício do antigo Hospital; o antigo edifício
dos SMAS; o espaço onde se situava a antiga Praça de Touros; o mono que construíram
no lote onde estava o Hotel Nau; No Monte Estoril o edifício do Cruzeiro; e no
Estoril as Cocheiras Santos Jorge.
Não havendo explicações ou
esclarecimentos, são a preto e branco as perspectivas de futuro da nossa terra…
sexta-feira
A ‘Inconseguida’ Liberdade em Portugal
por João Aníbal Henriques
Situado algures entre o adjectivo
e o verbo, o termo ‘inconseguido’ entrou definitivamente no léxico dos
Portugueses. O fenómeno, em linha com outros que amiúde têm vindo a ocorrer no
País, flutuando de forma pachorrenta na ‘incultura’ que resulta dos muitos
problemas que Portugal vem sentindo na área da educação, foi rápido a
alastrar-se pelos jornais, revistas e redes sociais e, se no início se fazia
acompanhar por algum ironia maldosa, rapidamente se foi consolidando junto dos
seus utilizadores e ocupando um lugar efectivo na práxis comunicacional
corrente.
Mas existe uma grande diferença
entre o ‘inconseguido’ e os outros fenómenos de abastardamento da língua
portuguesa. Basicamente porque este novo termo tem uma surpreendente utilidade
prática que se alastra a várias áreas, a vários fóruns de discussão e a várias
situações.
Na educação, por exemplo, a
palavra ‘inconseguido’ vem trazer uma nova luz a um velho fenómeno que todos
infelizmente conhecemos bem, ajudando a perceber a ambiguidade dos discursos e
da prática política de muitos daqueles que têm sido responsáveis pelo sector ao
longo das últimas décadas.
De facto, a poucos meses de se
cumprirem 30 anos desde a revolução de 25 de Abril, quando a palavra Liberdade
de banalizou a um ponto que praticamente deixou de ter significado para os
Portugueses, ela ainda não chegou às escolas nem às famílias. Contrariando a
letra da Lei, a lógica e a coerência social e as necessidades efectivas que
sentem os Portugueses, os pais continuam impedidos de escolher a educação que
desejam para os seus filhos.
A liberdade de educação, transversalmente
aceite em quase todo o Mundo como pilar essencial da maioria dos sistemas
educativos e associada de forma directa ao exercício da cidadania consciente e
activa e até da própria democracia, anda não chegou a Portugal. E isto acontece
quando em fóruns, seminários, congressos e reuniões dedicadas à educação,
aqueles que defendem a liberdade se esforçam por explicar de forma fundamentada
do que se trata, como funciona noutros Países e que vantagens tem para os
Portugueses e para Portugal.
E o mais estranho é que, quando
são capazes de se libertar dos preconceitos ideológicos e políticos que ainda
sobrevivem a 3 décadas de democracia, mesmos aqueles que são contra a liberdade
de educação e que preferem o reforço do papel do Estado em detrimento da
responsabilidade das famílias, acabam por aceitar que faz todo o sentido e que
a liberdade é, de facto, um direito essencial dos Portugueses.
Mas como os constrangimentos que
dão forma ao seu discurso não lhes permitem defender este princípio basilar da
democracia, esforçam-se por encontrar pretextos para se oporem à liberdade… e,
empurrando com a barriga a sua luta inglória, lá vão tentando explicar que são
contra porque consideram que, sendo um valor inquestionável, é muito difícil de
concretizar…
São, por isso, ‘inconseguidos’ os
inimigos da liberdade! Não sabem como devolver a liberdade aos Portugueses e,
por isso, vão ‘inconseguindo’ sucessivamente atabalhoar os seus discursos,
concretizando ‘inconseguidas’ lutas contra os interesses legítimos das famílias
Portuguesas e de Portugal.
Se para mais nada servir, eis que o fenómeno 'inconseguido' serve para explicar o absurdo em que vegetamos!
Se para mais nada servir, eis que o fenómeno 'inconseguido' serve para explicar o absurdo em que vegetamos!
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