quinta-feira

A Quinta da Machada e o Plano de Pormenor da Cava do Viriato (Viseu)


Imagens da Quinta da Machada, na Cava do Viriato, em Viseu, captadas entre 1993 e 1997. Especial relevo para os imóveis designados como 'Casa Henrique Felgar' (Século XVIII) e 'Casa do Lago' (Século XVI), ambos integrados no perímetro de protecção daquele imóvel classificado e eles próprios registados no Inventário Nacional de Património efectuado pelo DGEMN (Direcção Geral de Edifício e Monumentos Nacionais). A 'Casa Henrique Felgar' está registada com o número PT021823280052 e a 'Casa do Lago' com o número PT021823280051 (ver informações detalhadas em www.monumentos.pt). Apesar do seu evidente interesse, e da sua participação em factos essenciais para a História de Viseu e de Portugal, ambos os imóveis estão em risco devido à falta de conhecimento e atenção que caracterizou a preparação do 'Plano de Pormenor da Cava do Viriato', assinado pelo Arqtº. Gonçalo Byrne para a Sociedade Polis Viseu. Ficam as memórias de um País que desperdiça a sua Identidade, despreza a Cidadania e cujo património está em risco de desaparecer...


sexta-feira

Vítor Adrião: A Ressureição de Portugal




Como resultado da segunda edição do "Curso Livre de Introdução à Portugalidade", que decorreu na ALA - Academia de Letras e Artes com o apoio da TOW - Travel Our Way, foi apresentado publicamente o livro "A Ressureição de Portugal" da autoria do investigador Vítor Manuel Adrião.

A cerimónia, em que participou o edil de Cascais António Capucho, foi presidida por António de Sousa Lara que sublinhou o interesse da obra no contexto de um Portugal abatido por uma onda de pessimismo que nada tem a haver com o carácter expressivo da História Pátria.

Na sua intervenção, o autor Vítor Adrião explicou o contexto em que decorreu esta segunda edição do curso, sublinhando que a presente obra é um testemunho da perenidade de uma Nação possuidora de um forte cunho sagrado e que, por isso, está condenada a ser pujante.

Contrariando todos aqueles que se tem dedicado a criticar, esfoliar e denegrir Portugal, esta "Ressureição de Portugal" é um testemunho franco, sapiente, sentido e sagrado da Alma deste País.

Mais uma obra-prima de Vítor Manuel Adrião, comprovando uma vez mais que, apesar das críticas e das polémicas em que o tentam envolver, é com toda a certeza um dos maiores vultos da Portugalidade no tempo actual.

quinta-feira

Os Banhos da Poça em São João do Estoril




Pouco tempo depois da realeza e da alta aristocracia se instalarem nas zonas nobres de Cascais e do Monte Estoril, a burguesia procurou um local para os seus tempos de veraneio. Entre a Poça e a Cadaveira, junto a um grupo de modestas habitações, nasceu com pompa e circunstância a povoação de São João do Estoril O edifício dos Banhos da Poça, ainda hoje existente, é o ex-libris principal daquele que foi o primeiro passo para a construção da Costa do Sol.

Quando Luís Filipe da Matta e Carlos Tavares, em 1890, constituíram uma sociedade para explorar os recursos hídricos da zona da Poça, onde era possível encontrar águas com propriedades medicinais notáveis, que curavam as doenças de pele e o reumatismo, mal imaginavam o contributo que estavam a dar para a constituição daquilo que hoje é commumente designada como a Vocação Turística do Concelho de Cascais.

De facto, e apesar desta iniciativa ter surgido como uma espécie de resposta burguesa à aristocrática Companhia Monte Estoril, que algum tempo antes dera início à urbanização do antigo Pinhal da Andreza (hoje a localidade do Monte Estoril), o núcleo habitacional que envolvia os Banhos da Poça já existia há algum tempo. No entanto, pela condição social e política dos seus habitantes, e também pelo carácter pouco ostentatório das suas casas, era considerado espaço de importância inferior no contexto da vivência social portuguesa do final do Século XIX.

Muito embora as águas da Poça fossem conhecidas desde há muito, existindo notícia do seu aproveitamento formal desde meados do Século XVIII, quando ali se construiu um modesto balneário, somente com Luís Filipe da Matta e o seu sócio se procedeu ao seu correcto aproveitamento. No início da última década do Século, edificou-se no local do antigo balneário um moderno edifício torreado e com ameias, ao jeito do carácter romântico que caracterizava a arquitectura de então. Interiormente, possuía grande qualidade terapêutica e condições logísticas que o colocavam entre os melhores do Mundo inteiro. Os quartos de banho com tinas de mármore, onde os doentes desenvolviam a terapêutica prescrita pelo Dr. Carlos Tavares – discípulo do famoso médico Sousa Martins – levavam longe a fama da qualidade daquele espaço, que possuía ainda um majestoso salão com 200 m2, um amplo estrado com um piano e uma mesa de bilhar e dois terraços com magnífica vista sobre a Baía de Cascais. De acordo com notícias da época, são milhares os visitantes que anualmente procuram a localidade de São João do Estoril.

Foi precisamente com a criação dos Banhos da Poça, empreendimento digno de uma nota especial pelo cuidado que os seus promotores colocaram na sua idealização, na sua concepção e na sua promoção, chegando a editar opúsculos de grande qualidade onde se publicitavam as virtudes das águas que utilizavam, que a povoação envolvente começou a crescer.

No dia 22 de Junho de 1890, como relatam Branca Colaço e Maria Archer nas suas “Memórias da Linha de Cascais”, o Presidente da Câmara Municipal de Cascais – Jaime Artur da Costa Pinto – inaugura formalmente a povoação. Para celebrar o acontecimento, realizou-se no Chalet Brito uma grandiosa festa, que reuniu a grande maioria dos habitantes da recém criada São João do Estoril. De acordo com Raquel Henriques da Silva, que teve acesso a fotografias do evento, o acto decorreu com carácter solene, tendo mesmo pavilhão real para acolher o Rei Dom Carlos e a sua esposa a Rainha Dona Amélia.

Pouco tempo depois, a viúva de António Marques Leal dá início à construção “por sua conta”, da estrada de ligação do apeadeiro de São João à zona da Cadaveira, dando ensejo à criação daquele que depressa se tornará o mais importante núcleo construído da moderna localidade.

Para a já mencionada investigadora Raquel Henriques da Silva, São João fica a dever o seu crescimento à abnegada intervenção de um grupo de endinheirados beneméritos que ali se instalou. A suas expensas, e procurando ultrapassar as dificuldades logísticas e financeiras do município cascalense, homens como Luís Gonzaga Reis Torgal, Manuel José Martins Contreiras, Watts Garland e Alfredo Júlio Brito, foram urbanizando e embelezando a localidade, a eles se ficando a dever grande parte dos modernos arruamentos de São João, bem como a colocação do mobiliário urbano que transformou a face da povoação.

Sem controle oficial das entidades competentes, e crescendo ao ritmo dos gostos pessoais dos seus ilustres proprietários, São João do Estoril vai conhecer assim uma enorme diversidade de estilos e uma originalidade construtiva que dificilmente encontra paralelo no território português, transformando aquele espaço num centro urbano interessante e completo.

Apesar de os Banhos da Poça terem sido abandonados pouco tempo depois, passando mais tarde à posse da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, a quem continuam a pertencer, foram eles que despertaram a atenção dos munícipes daquela época, transformando-se numa espécie de cadinho que contribuiu para o florescimento do turismo português.

Muito embora sejam hoje pouco conhecidos dos cascalenses, e quase totalmente desconhecidos dos muitos turistas que permanentemente nos visitam, os Banhos da Poça são indubitavelmente uma das mais valiosas peças do património arquitectónico cascalense.

quarta-feira

O Veraneio em Cascais




Um clima e uma paisagem caracterizados por uma qualidade incomparável, aos quais se vem aliar um posicionamento estratégico sem igual no contexto Nacional, marcado pela proximidade face a Lisboa, e pela existência de excelentes condições de utilização dos seus vastos areais, fazem do actual Concelho de Cascais um espaço desde sempre atractivo para a ocupação humana.

A partir de finais do século XIX, sobretudo como consequência da intervenção urbana extremamente activa do Visconde da Luz, todas estas condicionantes evoluem recriando um espaço verdadeiramente apto a receber os novos visitantes. A construção da Estrada Marginal, que estabelece uma rápida e eficaz ligação a Oeiras e a construção do Caminho de Ferro até Pedrouços, criam novas acessibilidades que aproximam ainda mais Cascais da Capital.

A aristocracia de Lisboa, habituada a um ambiente seleccionado e a uma qualidade de vida a que se alia sempre o período de veraneio numa das longínquas praias da zona de Belém à Cruz Quebrada, passa a encontrar nesse locais , em consequências das transformações referidas, um número cada vez maior de lisboetas.

Cascais, e algum tempo depois os estoris, tornam-se assim o destino privilegiado da elite social dessa época. Suficientemente próximas de Lisboa para se tornarem acessíveis nos curtos espaços de tempo livre, e suficientemente distantes para garantirem a paz que o bulício da capital já não permitia, a Costa do Estoril assume-se definitivamente como a mais cosmopolita das terras de Portugal, para ali afluindo todos aqueles que valorizavam as suas características naturais e sociais.

Em 1870, quando o próprio Monarca D. Luís I, se instala na Cidadela de Cascais, é traçado em definitivo o destino turístico da localidade, facto que se consubstancia na introdução de uma série de inovações que fazem deste lugar um dos mais prósperos da época. A par da iluminação pública eléctrica , da rede de telefones, da electrificação do comboio, Cascais assiste à construção de um parque patrimonial sem igual.

As novas habitações, ostentando de uma forma marcante as origens sociais dos seus proprietários, vão tornar-se símbolos de uma nova sociedade, na qual a modernidade, o desenvolvimento e o progresso se assumem como elementos fundamentais. As características tipológicas das habitações desta época, inseridas num movimento de renovação da arquitectura europeia que altera radicalmente a paisagem das localidades portuguesas, recriam um ambiente em que a ostentação é demonstrativa de um novo estatuto.

Conhecer o Cascais de veraneio, no seio de uma amálgama de estilos que suportam uma sociedade muito própria, é reconhecer em cada um deste imóveis os traços marcantes de uma da memória daqueles que os projectaram e construíram o Portugal em que hoje vivemos.

O Veraneio Idílico em Paço d'Arcos




Depois de setecentos anos de História, Portugal percebeu que muito embora pareça separar, o destino do mar é reunir as pessoas. Com uma costa extraordinária pela extensão e pela beleza, somente a partir do Século XIX é que os portugueses se decidiram a aproveitar as potencialidades do seu Oceano. Paço d’Arcos, com a sua praia ilustre e as suas casas bonitas, foi das primeiras localidades portuguesas a transformar-se num moderno centro de veraneio.

Muito embora seja anterior a 1698, conforme se comprova pela inscrição existente no seu interior, a Igreja do Senhor Jesus dos Navegantes, em Paço d’Arcos, foi totalmente reedificada em 1877. Apesar do seu ar austero, e de um carácter eminentemente piscatório, foi o primeiro sinal visível da enorme e perene ligação que a localidade manteria em permanência com o mar.

Nos dias de temporal, quando as correntes e as ondas do mar se uniam para impedir o trabalho dos marinheiros, era na Igreja do Senhor Jesus dos Navegantes que todos se reuniam, rezando em uníssono pela melhoria das condições. Paço d’Arcos, nessa altura um mero lugar quase incógnito do Termo de Oeiras, estava marcado pelos arcos bem desenhados do seu palácio, rendendo-se inteiramente ao que de bom e de mau lhe traziam as ondas do Oceano.

A partir do Século XIX, quando as grandes cidades se vão transformando em espaços pesados com os resquícios das primeiras actividades industriais, o mar, o sol e a praia ganham outro valor, depressa se assumindo como a fuga possível às muitas epidemias e doenças que começavam a aparecer.

De acordo com Ana Gaspar, o alastramento da ideia de praia está directamente relacionada com os avanços na higiene pública, uma vez que a postura médica a define como método de profilaxia e tratamento de inúmeras doenças. A tuberculose, principal enfermidade desse tempo, mata cada vez mais doentes, transformando-se numa enorme praga que constrange a vida quotidiana e transforma mentalidades.

É precisamente nesta época e clima que Paço d’Arcos floresce, juntando ao seu velho palácio e à ancestral igreja, toda uma panóplia de novas construções que vão transformando por completo a face da vila. A inauguração do Caminho de Ferro entre Pedrouços e Cascais, em 1889, veio democratizar o acesso à água e ao mar, facto que ajudou a alterar ainda mais os hábitos requintados da velha aristocracia lisboeta.

Habituados a utilizar as praias semi-desertas dos subúrbios mais próximos da Capital, como Belém, Pedrouços ou Algés, os aristocratas lisboetas viram-se invadidos por inúmeros veraneantes de condições social diferente da sua que, com a modernização dos transportes, viam facilitado o acesso àqueles locais. Para todos os que não possuíam condições económicas para alugar casa junto à praia, os novos transportes representavam a possibilidade de passar alguns dias a banhos.

Procurando fugir do contacto pernicioso dos novos turistas, a aristocracia vai-se afastando de Lisboa, assumindo-se Paço d’Arcos como local privilegiado de veraneio. Pouco desenvolvida em termos estruturais, e por isso detentor da possibilidade de edificação de inúmeras habitações construídas de acordo com os mais modernistas valores da época, a localidade estava ainda bastante próxima da capital para permitir contactos rápidos em caso de necessidade, e suficientemente distante para resguardar o contacto social indesejado.

É nesta época distante que surgem em paço d’Arcos inúmeros chalets ao gosto suíço, bem como uma actividade comercial invejável, que satisfazia todos os desejos dos veraneantes. A publicidade, agora entendida como principal factor incentivador do usufruto destes espaços, é pródiga em anúncios que garantiam higiene, segurança e limpeza.

Unindo o útil ao agradável, as ilustradas senhoras de Lisboa encontravam em Paço d’Arcos as melhores profilaxias para os seus males, e uma sociedade ilustre e requintada que durante a noite se perdia por entre as inúmeras festas e espectáculos que por ali se realizavam. Ramalho Ortigão, nas suas “Praia de Portugal”, afirma ser Paço d’Arcos a praia aristocrática dos subúrbios de Lisboa: “... as caleches, os criados, as librés dos senhores ministros, as saute-en-barque de flanela e os chapéus canotier dos jovens senhores adidos de embaixada espargem nos passeios um aspecto de côrte, que os olhos admitidos aos grandes esplendores agradecem, bem como um perfume de moda que aceitam reconhecidos os narizes haut-placés”.

Para este clima festivo e aristocrático contribuía também a permanência em veraneio de El-Rei Dom Fernando e da sua esposa Condessa d’Edla, normalmente instalados no Palácio Bessone, junto ao rio. Esplendoroso, fino e delicado, são apenas alguns dos adjectivos utilizadas por Branca Gontha Colaço e Maria Archer quando descrevem o grandioso baile de despedida do ilustre Soberano numa das suas estadias em Paço d’Arcos.

Muito embora tenha perdido, em prol de Cascais e dos estoris, o esplendor de outros tempos, Paço d’Arcos continua a ser “a antiga praia das supremas elegâncias”.

O Paço dos Arcos: Mais de Meio Milénio de História





Com mais de quinhentos anos de uma História repleta de percalços, o Palácio dos Arcos, na Vila a que deu nome, é hoje um dos mais importantes bastiões do património oeirense. Embora muito alterado, devido a vicissitudes variadas que o afectaram, mantêm incólume a solenidade que lhe foi conferida pelos anos.

Embora muito afectado na sua volumetria original, uma vez que a construção do burgo de Paço de Arcos, da via férrea e da Estrada Marginal, lhe amputaram importantes parcelas de terreno, o Palácio dos Arcos mantêm viva a memória da vasta quinta que originalmente o envolvia.

De acordo com Rogério de Oliveira Gonçalves, a Quinta de Paço de Arcos terá sido uma das mais frondosas e magnificentes da zona ribeirinha de Lisboa, nela tendo caçado ou veraneado vasto número de governantes e figuras ilustres da aristocracia lisboeta.

Pertencendo no Século XV a D. Antão Martins Homem, 2º Capitão da Vila da Praia, nesta quinta esteve por diversas vezes em caçadas o Rei Dom Afonso V, antes da construção do actual palácio. Em 1490, no entanto, o edifício já estaria concluído, tal como se comprova documentalmente.

O carácter aristocrático desta propriedade é inquestionável. A família Homem, sua original proprietária, é a mesma que a dos Pereiras que, de acordo com Rogério Gonçalves, é antiquíssima, “procedendo dos reis Godos que floresceram com sucessão continuada, do ano 700 em diante”. D. Antão Martins Homem é, aliás, filho primogénito de D. Álvaro Martins Homem que, após ter misteriosamente desaparecido o primeiro Capitão madeirense, assume aquele importante cargo, sendo um dos principais responsáveis pela colonização do Arquipélago madeirense. No documento de doação, transcrito pelo já mencionado autor, D. Álvaro é integrado na “classe dos mais nobres e poderosos da Casa dos Infantes”.

Terá sido precisamente este carácter aristocrático que lhe assegurou um papel de destaque na vida política portuguesa. Entre 1490 e 1910, o Palácio dos Arcos foi reiteradamente visitado por diversos monarcas. Desde D. Manuel I, o Venturoso, que a tradição popular garante que foi dali que avistou o embarque das naus que seguiram para a Índia; passando pela sua filha D. Maria; por um dos Filipes; pela mulher de D. João V, D. Maria Ana da Áustria; e mais recentemente por D. Fernando II, o ideólogo da Sintra romântica; por D. Luís I e sua mulher D. Maria Pia de Sabóia; até D. Manuel II, que ali pernoitou em Setembro de 1910, pouco antes da implantação da república, para assistir a experiências militares; o Palácio dos Arcos foi sendo palco de inúmeros acontecimentos importantes na História de Portugal.

De acordo com os muitos estudos que se realizaram sobre o palácio, o seu aspecto actual não deverá ser muito diferente daquilo que tinha na época da sua construção. Apesar das muitas reconstruções que sofreu, e da terrível destruição promovida pelo terramoto de 1755, o Palácio dos Arcos mantém a solenidade que lhe é conferida por mais de meio milénio de História.

Sendo dignos de menção especial o tecto riquíssimo da sala principal, e o altar barroco feito de mármore italiano dedicado a Nossa Senhora do Rosário que os seus proprietários trouxeram do Convento das Marianas de Lisboa, extinto no Século XIX, o Palácio dos Arcos possui ainda uma original arcaria de suporte da varanda da fachada principal. De acordo com alguns estudiosos, este interessante pormenor, que aliás lhe confere o nome, é ainda originário do Século XV, surgindo amiúde nas representações que se conhecem do edifício.

Apesar do peso institucional que sempre possuiu, provavelmente por se situar suficientemente próxima de Lisboa para permitir um fácil acesso, e suficientemente afastada para garantir a privacidade que os soberanos tanto desejavam, a Quinta dos Arcos e o seu Palácio são mal conhecidos da generalidade dos oeirenses.
Só recentemente, após esforços empreendidos pelo edil local, o Palácio dos Arcos passou a ser propriedade da Câmara Municipal, preparando-se agora para assumir papel de destaque na vida cultural de Oeiras e do seu Concelho.

A Fortaleza de Nossa Senhora da Luz (Cascais)





Primeiro pedaço de terra a ser observado quando se chega de Lisboa por mar, e último quando se parte para viagens de descoberta, a Fortaleza de Cascais é assumidamente uma das mais importantes peças da guarda avançada da capital. Muito embora violada na sua memória histórica desde a construção da marina, que lhe retira por completo o sentido de existência, é hoje um espaço onde se mantêm viva uma parte importante da História de Cascais.

Perdida no seio de sucessivas intervenções, que construíram e reconstruíram as estruturas defensivas da Vila de Cascais, a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz é apenas uma parte da totalidade dos edifícios existentes dentro do recinto hoje commumente designado como Cidadela.

Composta pela Fortaleza de Nossa Senhora da Luz; pelos restos da antiga torre que a precedeu; pela cidadela propriamente dita, construída no Século XVII por D. João IV; e pelo Palácio Real do final do Século XIX; o conjunto monumental formado por estes equipamentos é hoje um dos mais importantes bastiões do património edificado cascalense.

Apesar de os mais antigos livros sobre o desenvolvimento histórico da Vila e do Concelho de Cascais apontarem o reinado de Dom Manuel I, como marco cronológico para o início da construção da Fortaleza de Nossa Senhora da Luz, possivelmente devido ao registo feito nesse sentido nas Memórias Paroquiais de 1758 pelo Pde. Marçal da Silveira, Pároco de Cascais, parece certo que as obras terão decorrido em período diferente, como aliás o atestam os trabalhos arqueológicos que ali se desenvolveram coordenados pela historiadora Margarida Magalhães Ramalho.

De facto, e tendo em conta as características estruturais do edifício, com os seus baluartes defensivos, tudo aponta para que a sua construção seja posterior àquela data. De acordo com aquela historiadora, somente no Século XVI é que se começaram a utilizar as novas técnicas construtivas visíveis na fortaleza de Cascais: “É por demais sabido que a invenção e a primeira utilização do traçado abaluartado é de responsabilidade italiana, estando esta Escola, na primeira metade do Século XVI, a dar os seus primeiros passos”.

Tendo sofrido diversas modificações, que alteraram significativamente o seu aspecto exterior, o edifício conseguiu, no entanto, manter sempre vivas as memórias dos tempos anteriores. Profundamente intervencionada no decorrer do período filipino, e posteriormente no reinado de D. João IV, que edificou todo o recinto amuralhado exterior, a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz surge já representada iconograficamente na figura de Bráunio, de 1572, a mais antiga imagem conhecida da Vila de Cascais.

Em 1755, quando o terramoto destruiu grande parte dos edifícios da localidade, a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz, e a Cidadela de Cascais conseguiram sobreviver ao cataclismo, mantendo de pé as mais importantes partes da sua estrutura exterior. As intervenções arqueológicas levadas a cabo no interior da fortaleza permitiram perceber que, apesar de a sua fisionomia ter sido alterada pela introdução de novas soluções arquitectónicas, nomeadamente as janelas que acabaram por se incluir nas paredes outrora cegas da torre medieval, o acidente de 1755 não foi suficiente para derrubar as grossas paredes dos edifícios existentes.

As inovações introduzidas, permitindo uma adaptação daquele espaço às novas exigências militares do Século XVIII, mantiveram a função dissuasória do edifício. Após a intervenção de 1645, durante o reinado de D. João IV, a capacidade do contingente da fortificação passou para cerca de 3000 homens, governados pelo Conde de Cantanhede, D. António Luiz de Menezes, o que comprova a importância estratégica que desde sempre caracterizou a Vila de Cascais.

Com a construção da moderna marina que, apesar da contestação promovida pela generalidade dos cascalenses, acabou por envolver todo o recinto amuralhado, a Cidadela de Cascais e a Fortaleza da Luz perderam os seus horizontes atlânticos, transformando-se numa memória oca dos destinos marítimos de outros tempos.
Defraudada, delapidada, e envelhecida, com o seu velho palácio Real, e com os constrangimentos paisagísticos que os políticos de hoje lhe impuseram, a Fortaleza de Cascais merece ser devolvida, de forma definitiva e irreversível aos cascalenses.

O Forte de São Julião da Barra em Oeiras




por João Aníbal Henriques

Quando despontam os primeiros raios de sol, nas frias manhãs do início da Primavera, o Forte de São Julião da Barra surge recortado no horizonte. Espécie de cenário fantástico de um qualquer espectáculo de teatro, o edifício alberga algumas das mais terríveis memórias da História de Portugal.

Quando D. Manuel desfrutava as vistas magníficas do Termo de Lisboa, em demorados passeios que se alongavam pelos mais pitorescos recantos dos actuais Concelhos de Cascais e de Oeiras, era comum lembrar-se de determinadas intervenções que, complementando a astúcia política do seu reinado, prolongaram a sua memória e imortalizaram o seu nome.

De acordo com o Memorial Histórico de Oeiras, terá sido este o caso do Forte de São Julião da Barra que, da sua estratégica situação geográfica, controla o tráfego marítimo na barra do Rio Tejo.

O principal motivo que levou D. Manuel a aconselhar o seu filho a iniciar a construção desta fortificação, mais do que o poderio militar que dele poderia retirar, foi o de instituir uma barreira dissuasória em situações de ataque de piratas e corsários. De facto, durante todo o reinado do monarca, foram-se tornando usuais as investidas deste tipo de atacantes à Cidade de Lisboa. Sem qualquer pejo pelas envelhecidas sentinelas da capital, totalmente obsoletas devido ao desenvolvimento técnico dos barcos e das novas armas entretanto desenvolvidas, os meliantes avançavam intrepidamente pelo Tejo, até atingirem os mais cruciais pontos nevrálgicos da actividade mercantil que utilizava o rio como espaço privilegiado de actuação.

Ao longo dos anos, e com excepção de 1831, quando uma armada francesa utilizou a prisão de um cidadão daquele País como pretexto para intervir militarmente e desprestigiar o popular Governo do Rei absolutista D. Miguel, foram muito raras as utilizações militares do Forte de São Julião da Barra.

O seu aspecto imponente, e uma monumentalidade que ainda hoje impõe respeito junto de todos quantos o observam no horizonte, criam uma aura de inexpugnabilidade que dissuade possíveis ataques ao forte.

Mais do que pelo seu cariz militar, São Julião da Barra é conhecido e reconhecido pelo facto de ter sido, ao longo de muitos dos mais críticos períodos da História de Portugal, uma prisão de Estado, onde se encerravam em masmorras terríveis alguns dos mais acérrimos opositores dos regimes políticos vigentes.

De acordo com Carlos Pereira Calixto, autor de uma conhecida obra sobre as fortificações marítimas do Concelho de Oeiras, é precisamente a notoriedade dos prisioneiros encerrados em São Julião da Barra que confere o estatuto de tenebroso a este forte: “ [...] tanto no tempo dos Filipes, como na Restauração, com Pombal no governo, ou nos princípios do Estado Novo, nas masmorras desta fortificação existiram detidos militares políticos, eclesiásticos e civis, como em 1640 D. Fernando Mascarenhas, Conde da Torre, detido pelos espanhóis, ou o Arcebispo de Braga, D. Sebastião de Matos Noronha, envolvido na conspiração contra D. João IV, aí falecido, e sepultado a 26 de Outubro de 1644 na Capela do Santíssimo Sacramento da Igreja da fortaleza”.

A fama de São Julião – a Torre – como era conhecido o forte nos meios mais contestatários da Lisboa do Século XIX, ficou também a dever-se ao carácter sangrento de alguns dos seus mais conhecidos directores. Na sua obra “Portugal Contemporâneo”, na qual pretende descrever com alguma profundidade alguns aspectos relevantes da vida política dessa época, Oliveira Martins menciona amiúde a Torre de São Julião da Barra. Em termos sarcásticos e teatrais, refere que mais do que em qualquer prisão portuguesa, era ali que se desenrolavam os episódios mais fulgurantes da “carnificina” absolutista de então: “[...] o limoeiro era para os presos políticos uma estação provisória. O seu armazém estava na barra do Tejo, em São Julião, confiado à guarda de um cérebro fiel, honrado, e bruto, entusiasticamente cruel: o Teles Jordão”.

Foi de São Julião da Barra que, na manhã de 18 de Outubro de 1817, saiu o General Gomes Freire de Andrade para a forca que o esperava no terreiro circundante. E foi também nesse espaço, aproveitando o cenário terrífico das paredes de pedra, que muitos lisboetas assistiam com pasmo aos pedagogicamente preparados espectáculos executórios com que os governos controlavam a sua insatisfação.

Temido para uns; de má memória para outros; o certo é que o Forte de São Julião da Barra é uma das mais importantes e magníficas peças do património histórico do Concelho de Oeiras.

A Vivenda Miramonte: Um Repositório de Memórias do Monte Estoril





Apesar do seu aspecto rústico e quase inconsistente, a Vivenda Miramonte, situada na Rua do Lido, no Monte Estoril, é hoje um dos principais bastiões da memória urbana daquela localidade. Rodeada dos seus torreões e da cocheira que ainda hoje guarda os vestígios empoeirados dos últimos cavalos que ali pernoitaram, a Vivenda Miramonte foi a casa de José Dias Valente, fundador e Director do Colégio João de Deus, e personagem incontornável na História do Monte Estoril.

Construída já no início do Século XX, mas aproveitando os resquícios de um movimento romântico que o Monte Estoril nunca rejeitou, a Vivenda Miramonte é hoje um dos paradigmáticos exemplos da memória urbana do Concelho de Cascais.

Rodeada de um pequeno castelo, recriando o carácter altaneiro dos torreões que decoravam as vivendas mais eruditas, a Vivenda Miramonte complementa um quadro geral de que fazem parte da Capela, a garagem e o edifício das cocheiras. Do cimo dos seus mirantes, e fazendo jus ao nome da própria casa, o Monte Estoril surge em todo o seu esplendor, tornando invisíveis os muitos problemas que agravam paulatinamente a qualidade de vida naquele lugar.

Utilizando profusamente os valores arquitectónicos entendidos como tipicamente portugueses, dos quais se destacam o telhado de beiral duplo e o painel azulejar com a identificação do imóvel, a Vivenda Miramonte reúne as características próprias da habitação erudita de Cascais e a sublime singeleza das aldeias rurais do termo de Lisboa, produzindo um efeito cenográfico exemplar, que transforma este imóvel numa espécie de duplicação adaptada daquilo que eram os valores tradicionais da portugalidade.

A importância da Vivenda Miramonte, no entanto, não se fica por aqui. Para além dos aspectos relacionados com as suas características físicas, foi ali que habitou durante várias décadas o antigo fundador e Director do Colégio João de Deus.

José Dias Valente, detentor de uma inteligência invejável e de uma capacidade de concretização sem par, foi sempre considerado pelos que o conheciam como uma das principais referências do Monte Estoril.

Pelo Colégio João de Deus, durante vários anos o único estabelecimento de ensino liceal existente na Linha de Cascais, passaram muitas gerações de portugueses que contactaram e conheceram de perto o carácter do seu Director. Conhecido pela rectidão e pelo aprumo que dedicava aos seus afazeres, Dias Valente demonstrou sempre ao longo da sua vida que os valores que o norteavam se sobrepunham a quaisquer outras necessidades.

Como contava amiúde o Dr. Mário Quina, amigo próximo de Dias Valente e médico do Colégio João de Deus, em certa altura, logo no início da sua carreira académica, quando era ainda um mero principiante no curso de letras da Universidade Clássica de Lisboa, foi-lhe marcado um teste escrito logo para a manhã. No decorrer da prova, e perante a estupefacção dos seus colegas, o professor reparou que ele não estava a escrever, questionando-o sobre o que se passava. A resposta, imediata e fulgurante, não se fez esperar: “ainda não estou preparado”. O mestre, como é evidente, não gostou do que ouviu e a crítica foi imediata. Enchendo-se de brios, Dias Valente responde-lhe simplesmente: “Para aprender a sua matéria chegam-me 24 horas”. “Então” – disse-lhe o professor – “venha amanhã a exame”. Como era seu hábito, passou a noite a estudar e, no dia seguinte fez uma excelente prova, cujo mérito foi publicamente reconhecido.

Ao acabar o curso, e por discordar do sistema vigente, pretendeu defender uma tese sob o tema “A Escola Normal Superior Deve Ser Encerrada Por Imoral”. Como é fácil de perceber, a teses nem sequer foi aceite, facto que se traduziu numa espera de mais dois anos pela licenciatura, até que, de facto, a Escola Normal Superior fosse encerrada.

Todos estes factos, aliados à necessidade premente que o Monte Estoril possui de conseguir recuperar as características próprias da sua antiga qualidade, impõem a recuperação das memórias associadas às casas, às ruas e aos recantos da povoação.

Se assim não se fizer, corre-se o risco de desaparecerem as estórias que deram forma à História dos Estoris.

A Capela de Laveiras: Uma História de Vontade




Insignificante do ponto de vista da monumentalidade que caracteriza grande parte dos edifícios de culto religioso da região de Lisboa, a Capela de Nossa Senhora das Dores, situada na povoação oeirense de Laveiras, é hoje um importante marco patrimonial daquele concelho. As vicissitudes muito próprias da sua História, demonstrando que, muitas vezes, a vontade colectiva é mais importante do que os percalços políticos pontuais, transformam-na em mais um repositório de memória que contribui para a consolidação da cidadania daquele que habitam nas suas redondezas.

Situada numa das mais interessantes povoações de cariz saloio do Concelho de Oeiras, a Capela de Nossa Senhora das Dores é um marco inestimável do poder de concretização que deriva da vontade popular.

Sem que se conheça com exactidão a data da construção original, que com toda a certeza deverá ser anterior ao Século XVII, este edifício situa-se na povoação de Laveiras, tendo sofrido ao longo dos anos variadas campanhas de obras que, sem lhe retirarem a simplicidade original, conseguiram mante-la num excelente estado de conservação.

Contrariamente àquilo que aconteceu com a generalidade dos edifícios religiosos portugueses, que atravessaram de forma complicada os tumultos provocados pelas diversas crises políticas que o País sofreu, a Capela de Laveiras possui uma história sui generis, que lhe confere um estatuto patrimonial diferente.

De acordo com J. de Vilhena Barbosa, que editou no final do Século XIX algumas notas sobre um possível roteiro de Lisboa, no qual incluía Oeiras e o seu Concelho, a Capela de Laveiras é “muito antiga nas suas origens”. Sem precisar datas ou nomes, o autor refere o Século XVII como a marca temporal mais exacta para a sua edificação, sublinhando ainda que a ajuda régia foi fundamental para, em conjunto com o empenho da população, se criar ali um núcleo cultual que servisse toda a envolvência.
Segundo Rodrigues Soares, autor dos textos que integram o livro “Retratos de Oeiras”, a edificação da Capela antecede a criação da própria Irmandade de Nossa Senhora das Dores, que foi formalizada somente em 1812.

Dessa data em diante, e uma vez mais contrariando a História de quase todos os templos existentes naquela época, a Capela de Laveiras, conhece um período de enorme prosperidade, uma vez que a recém criada Irmandade, para além dos assuntos relacionados com o culto e com a manutenção do edifício, desenvolve significativo trabalho educativo na região, criando em seu torno uma escola, e diversas actividades sociais.

É neste clima de laboriosa entrega que a Capela conhece os períodos difíceis do liberalismo e da perspectiva anti clerical do Estado, factores que, no entanto, acabaram por não afectar a fiel comunidade católica de Laveiras.

Mesmo com o incêndio que praticamente a destruiu no ano de 1870, a Capela de Nossa Senhora das Dores de Laveiras foi totalmente reconstruída, tendo inclusivamente sido ampliada na mesma época, e reabriu ao público em 1889, tal como consta de uma inscrição apensa numa das suas paredes exteriores.

Nessa recuperação desempenhou uma vez mais papel de relevo o Estado que, através do então Ministro das Obras Públicas, Emídio Navarro, auxiliou a Irmandade nas obras em curso.

Apesar das suas diminutas dimensões, e de ter perdido a utilização cultual em prol da capela do Convento da Cartuxa, em Caxias, a Capela de Laveiras manteve-se sempre como símbolo fundamental da vivência religiosa oeirense.

No início de um novo Século e de um novo Milénio, quando quase toda memória histórica e social das antigas aldeias dos arredores de Lisboa se está a perder como consequência do desenvolvimento de uma terceirização que transforma os arredores da Capital em meros dormitórios sem marca e sem passado, a Capela de Laveiras, assume-se como marco indiscutível de uma forma de estar na qual o Concelho de Oeiras desempenhou um papel fundamental.

A preservação deste monumento, bem como o necessário reenquadramento urbanístico que ele exige, garante aos habitantes locais a possibilidade de rentabilizarem a sua memória, promovendo uma socialização mais natural e efectiva, que contribua para a qualidade de vida de todos quantos ali têm a honra de viver.

O Palácio do Marquês de Pombal (Oeiras): As Memórias do Espaço





Mais do que o seu estilo, características arquitectónicas ou disposições urbanísticas, os edifícios que compõem o património histórico oeirense assumem-se como repositórios de memória, deixando transparecer os resquícios de todas as vidas que por eles passaram.

Situado no cerne da actual Vila de Oeiras, e funcionando como o grande catalisador do desenvolvimento moderno da localidade, o Palácio do Marquês de Pombal é um dos mais significativos monumentos arquitectónicos da Área Metropolitana de Lisboa.

A sua memória mesclada com a aura fulgurante do primeiro proprietário, Sebastião José de Carvalho e Melo, polémico Primeiro-Ministro do Rei Dom José, dilui-se na biografia mítica do velho governante.

Apesar da elegância do projecto da autoria do Húngaro Carlos Mardel, que consagrou através deste edifício os mais modernos princípios arquitectónicos da Europa das Luzes, o Palácio do Marquês de Pombal é definitivamente marcado pela sua fantástica capacidade de se integrar no espaço envolvente, abarcando os valores urbanísticos da velha Oeiras, e projectando-os através da promoção da paisagem natural envolvente.
A responsabilidade da ideia, apesar de concepção de Mardel, fica a dever-se sobretudo à Condessa Leonor Daun, segunda mulher de Pombal, e principal impulsionadora da construção do grande conjunto edificado.

São as memórias desta mulher, um pouco encobertas pela extraordinária competência política do seu marido, que ainda hoje subsistem no palácio. De facto, quer no edifício principal, quer mesmo nos conjuntos adjacentes, hoje profusamente utilizados pela Câmara Municipal de Oeiras, é possível encontrar os vestígios sublimes do ambiente vienense do Século XVIII que a Condessa procurou recriar neste espaço.

A conjugação da sensibilidade da sua ideóloga, com o saber técnico e artístico do arquitecto, e sobretudo com a grande capacidade concretizadora do seu proprietário, transformam o Palácio do Marquês de Pombal num dos mais ilustrativos exemplos de urbanismo iluminado em Portugal.

A Vila de Oeiras, habituada a viver à sombra do ilustre governante, foi também ela directamente afectada pela sua construção. De facto, não só nos espaços envolventes ao palácio, como principalmente no núcleo histórico da localidade, são inúmeros os exemplos dos benefícios herdados de Pombal que, principalmente após o grande terramoto de 1755, passou a habitar definitivamente na sua casa de Oeiras.

O fulgor desse período, bem visível na atribuição do Foral Novíssimo de 1760 e, depois, na realização da grande exposição agrícola de 1775, consagra-se com a sua utilização pelo próprio monarca. Por sofrer de grandes males que o obrigavam a frequentar diariamente as milagrosas águas termais do Estoril, e sobretudo por não existirem em Cascais habitações com qualidade suficiente para receberem a Corte, foi no Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras, que esteve o Rei Dom José durante um ano, transformando a recém-criada Vila na capital política do País.

A memória do espaço oeirense, sujeita às vicissitudes que acompanharam o percurso final da vida do seu ilustre Senhor, absorve também ela o desânimo, o abandono e a degradação que acompanhou Pombal no seu exílio forçado.

Esquecida por quase todos, e uma vez mais sujeita aos laivos da lembrança do antigo braço direito de Dom José, Oeiras vai perdendo o seu estatuto, e deixando degradar a herança histórica que este lhe havia legado. Até há uns anos, quando a Câmara Municipal decidiu retomar a promoção da ilustre povoação, Oeiras permitiu que grande parte dos seus valores desaparecessem nas mãos ignóbeis de saqueadores desconhecidos. O Palácio do Marquês de Pombal, altaneiro na sua elegância, assistiu impavidamente à destruição progressiva dos seus pertences.

Só recentemente, fazendo jus àquilo que Oeiras conseguiu ser no tempo de Pombal, a edilidade local reiniciou o processo de requalificação do local, centrando no espólio arquitectónico do Século XVIII a marca de um passado que nem mesmo a passagem dos anos consegue apagar.

A memória do Palácio do Marquês de Pombal, atravessando transversalmente as malhas inexoráveis do tempo, impôs a Oeiras o seu caminho. Independentemente de tudo o que de bom ou de mal possa suceder àquela Vila, este conjunto edificado assumir-se-á sempre como o sustento de uma memória que Oeiras nunca irá perder.

Sintra Serra Sagrada: Uma Viagem aos Arquétipos da Portugalidade com Vítor Adrião


Sintra Serra Sagrada: Uma Viagem aos Arquétipos mais Profundos da Portugalidade guiada pelo conhecimento profundo de Vítor Manuel Adrião - Presidente da Comunidade Teúrgica Portuguesa. Nas faldas da montanha sagrada de Sintra, na qual a Lua e o Sol se conjugam para facultar à humanidade o equilíbrio e a harmonia necessários à vida, estão reveladas as pistas que permitem conhecer Portugal. Um passeio da Fundação Cascais, a convite do Presidente da CTP com a participação de Isabel Magalhães, Carlos Olavo e João Aníbal Henriques.


sexta-feira

António Duarte d'Almeida Veiga: Souvenir de Mon Ascencion au Sommet de la Tour Eiffel en 1889



Quando o Português António Duarte d'Almeida Veiga (Escrivão Norário em Benavente - Ribatejo) subiu à Torre Eiffel, em Paris, em 1889...


Cascais Natura: Excelência Ambiental e Pedagógica no Parque das Penhas da Marmeleira (Murches)







A Câmara Municipal de Cascais, através da empresa municipal Cascais Natura, inaugurou o novo parque urbano das Penhas da Marmeleira, em Murches.

A iniciativa, que surge na sequência de um ambicioso projecto de requalificação do Parque Natural de Sintra-Cascais, integra-se num conjunto de obras que começaram com a reflorestação da zona a nascente do Zambujeiro, a criação do Parque da Pedra Amarela, e a recuperação ambiental e paisagística da Quinta do Pisão.

No espaço em questão, com uma beleza paisagística impossível de descrever e até agora atulhado com milhares de toneladas de lixo que ilegalmente era ali depositado, a edilidade criou uma infraestrutura de excepção. Gerando acessibilidades para que os Cascalenses possam aceder àquela zona (que são muito poucos os que até agora a conheciam), a assim reforçar os laços de cidadania essenciais à criação da nossa identidade municipal, o Parque da Marmeleira possui ainda um percurso interpretativo verdadeiramente deslumbrante.

Para as crianças, um parque infantil inovador e de cariz ecológico, enquadrado numa paisagem de forte pendor educativo, é motivo mais do que suficiente para incentivar o usufruto, o interesse e o respeito pela natureza, possuindo um impacto de tal maneira evidente que com toda a certeza será um importante contributo para a gestação da próxima geração de Cascalenses.

Relembro com satisfação, as palavras que a Fundação Cascais publicou em 1999 quando se iniciou o processo de revisão do Plano Regulamentar do Parque Natural de Sintra-Cascais, que sugeriam a transformação dos depósitos de entulho e dos canais verdes ao longo das ribeiras, em percursos interpretativos e em zonas verdes com acessos facilitados à população. Considerávamos, nessa altura, que esse seria o único caminho em direcção à criação de um Cascais socialmente saudável e coeso, no qual Identidade e Cidadania fossem a pedra fulcral na consolidação dos laços comunitários.

Com este projecto, e de forma verdadeiramente excelente, a Câmara Municipal de Cascais e principalmente a agência Cascais Natura, não só cumpriram esse desiderato como o fizeram de uma forma que dignifica Cascais e valoriza aquele que é, por exclusão de partes, um dos últimos redutos de qualidade que o Concelho ainda pode explorar.

Dadas as suas características; qualidade de construção; enquadramento; beleza paisagística; riqueza ambiental; diversidade biológica; etc. quase me atreveria a sugerir que a visita passasse a ser de inclusão obrigatória nos planos de estudo das escolas do Concelho...

Parabéns aos promotores da iniciativa!

terça-feira

O Colégio João de Deus e o Bairro Escolar do Monte Estoril





A principal inovação do Monte Estoril, apesar de mal conhecida da generalidade dos cascalenses, foi no entanto de ordem pedagógica, tendo sido instalados na povoação, entre 1928 e 1974, dois dos mais importantes estabelecimentos de ensino do nosso País.

O primeiro, constituído por sociedade entre João de Deus Ramos, João Lopes Soares, Virgílio Vicente da Silva e Mário Pamplona Ramos, designava-se Bairro Escolar, tendo sido inaugurado em 30 de Agosto de 1928.

Funcionando no local onde hoje se encontra a Urbanização do Lago, em torno do espaço onde Carlos Anjos tinha tentado criar artificialmente um vasto lago com água trazida da sua Quinta de Vale de Cavalos, o Bairro Escolar obedecia a parâmetros pedagógicos inovadores, criados sobretudo pelo génio inventivo de João de Deus Ramos.

Baseado numa disciplina escolar diferente da usual, na qual a rigidez caserneira, empregada pela rotina para obrigar as crianças ao silêncio, à compostura e ao estudo, era substituída pela arte de estudar, na qual o ambiente de simpatia e fraternalismo promoviam no aluno a vontade de aprender, o Bairro Escolar nasceu praticamente depois de vinte anos de projectos e de tentativas de concretização do seu fundador.

Numa memória descritiva publicada pouco tempo depois de abandonar aquela que o próprio considerava a sua grande obra, João de Deus Ramos explica o sucesso do Bairro Escolar pela grande qualidade pedagógica do seu corpo docente, mas também pela filosofia e pelo código de princípios que regia a instituição: “Há mais de vinte anos que eu imaginara um colégio bem diverso de quantos tive ocasião de conhecer. Nem o convento sombrio, misterioso, onde faz medo entrar. Nem o palácio acolhedor, mas impróprio na sua solenidade de interiores luxuosos, geralmente danificados pelo tempo. Nem as camaratas desconfortáveis que lembram pela alvura e pela extensão enfermarias de hospital. Nem os longos corredores, tristes e soturnos. Nem os srs. Prefeitos que amedrontam a delicadeza impressionável das crianças. Nem o fanatismo religioso que alucina e amortece o espírito. Nem a irreligiosidade vazia que prende o homem à terra, vencido pela convicção do inexplicável. Nem ainda aquela neutralidade acomodativa e hipócrita, em matéria religiosa, que por ser neutralidade não é coisa nenhuma”.

Se, numa primeira fase, o vigor e a capacidade concretizativa de João de Deus Ramos garantiram ao Bairro Escolar um sucesso incomparável, sobretudo se nos ativermos ao facto de que o aparelho educativo português daquela época era completamente incapaz de responder com coerência às necessidades novas de uma sociedade tecnológica e cientificamente mais evoluída, numa segunda fase, a pujança do estabelecimento de ensino e os primeiros vestígios de lucros, acabaram por comprometer completamente o projecto original.

De facto, entre 1928 e 1934, enquanto João Soares se encontra ausente e se mantêm em João de Deus Ramos a incumbência de implantar o colégio, a sociedade foi paulatinamente prosperando, assistindo-se a um aumento gradual do número de alunos e a uma fama que ultrapassou rapidamente as fronteiras mais difusas da Costa do Estoril. Ao ponto de, ao regressar ao Estoril e à lides educativas, o próprio João Soares ter enviado ao seu sócio João de Deus Ramos, em 4 de Março de 1934, uma extensa missiva em que expressava o seu apreço pelo trabalho realizado durante o período em que esteve ausente: “Ninguém como eu – absolutamente ninguém – fará maior justiça aos seus [referindo-se a João de Deus Ramos] enormes e constantes sacrifícios durante mais de três anos consecutivos, procurando sempre elevar e consolidar a boa fama do «Bairro» e fazer face aos seus pesados encargos, numa luta esgotante e quase heróica. Outro – que não tivesse a sua formidável resistência moral, ou não possuísse a sua exuberante imaginação – fatalmente teria sucumbido! E só eu sei quanto tenho sofrido por o ver sozinho aí e não poder auxiliá-lo eficazmente...”

No princípio de Agosto de 1935, numa reunião da Assembleia Geral em que se apresentaram os primeiros resultados positivos no exercício da sociedade, é o próprio João Soares que, indignado com a sua situação, se afasta do Bairro Escolar, impondo a venda das suas quotas a um comerciante problemático do Estoril, Negrão Buizel, que foi responsável por uma série de querelas que acabaram por destruir todo o projecto.

As alegações de João Soares, poucos minutos depois de se inteirar pela primeira vez da gestão do seu sócio e amigo de há longos anos, prendem-se sobretudo com a indefinição latente da sua posição no seio do colégio. De facto, devido a problemas políticos complicados, muitos dos quais relacionados com a sua prisão, João Soares pouco ou nada contribuiu para a consolidação do Bairro Escolar, acusando agora João de Deus Ramos de possuir um “feitio absorvente, autoritário e ditatorial”, e declarando que “sendo adversário de todos os ditadores, não podia mais tempo suportar aquela ditadura, o que o levava ao convencimento de pôr à disposição da Sociedade a sua quota, sem condições”.

Esperando dos restantes sócios, Luís Cardoso e Jaime Reis, um apoio incondicional às suas pretensões, agora que as vicissitudes políticas pareciam estar ultrapassadas, João Soares ouviu desagradado as apreciações positivas e as palavras de incentivo e apreço que foram dirigidas a João de Deus Ramos pelos seus colegas. É o próprio visado, João de Deus Ramos, quem, pouco tempo depois da reunião, frisa ter-se admirado com a forma pouco simpática com que Soares assistiu à Assembleia: “Mas eu vi: não foi sem contracção das suas linhas fisionómicas que João Soares ouviu em silêncio estes louvores. Provavelmente preferia que tal não fosse verdade...”

E se até esse momento a amizade entre os dois pedagogos havia prevalecido, baseada num respeito mútuo e numa confiança que o tempo mostrou não ser imerecida, a ruptura tornou-se incontornável a partir desta reunião. João Soares, apostado na criação de um estabelecimento de ensino completamente controlado por si, desejava avidamente afastar-se da figura simpática, extrovertida, e fraterna de João de Deus Ramos. Este último, desejando manter vivo aquele que havia sido o grande projecto pedagógico da sua vida, recusa o afastamento, aceitando, um pouco contrafeito, a venda das quotas de Soares a um desconhecido comerciante.

A entrada de Américo Buizel no Bairro Escolar, numa avidez de lucro imediato e de controle absoluto de toda a sociedade, relativizando os interesses pedagógicos e as necessidades educativas do seu corpo discente, acabou por levar ao afastamento do fundador e de grande parte dos seus mais ilustres professores.

São aliás estes professores quem, assumindo um apoio incondicional a João de Deus Ramos, visível através das muitas actas dos Conselhos Escolares, e de inúmeras cartas e missivas que enviam aos sócios e ao próprio Director Pedagógico, criam no Monte Estoril aquele que virá a ser o grande pilar da educação cascalense até ao 25 de Abril de 1974.

Em 3 de Janeiro de 1936, numa carta assinada pessoalmente pelos professores do Bairro Escolar, nomeadamente Mário Pamplona Ramos, Augusto Mimoso, Henrique Perestrelo de Alarcão, Álvaro Themudo, Armando Lucena, Aníbal Henriques, Rubi Marques e José Guerreiro Cristovão, explica-se aos pais dos alunos do Bairro Escolar o que se passou naquele estabelecimento, informando-se ainda de que será brevemente criado um novo colégio, mantendo a orientação pedagógica utilizada por João de Deus Ramos no antigo: “O que o Bairro Escolar vale, com a antiga organização e métodos, mereceu o aplauso e a preferência de V.Exª., confiando-lhe o educando que tem a seu cargo. Entenderam os professores que não se devia interromper tão magnífica iniciativa e, por isso, solicitaram o apoio do Sr. Dr. João de Deus Ramos e resolveram abrir novo colégio ainda na primeira quinzena do mês de Janeiro. Deferida esta solicitação, achamo-nos em condições de cumprir o nosso objectivo; poderemos, assim, obedecendo ao mesmo pensamento, continuar a preparação moral, espiritual e física dos alunos, muitos dos quais são já nossos discípulos de há anos”.

E logo a seguir, em 5 de Janeiro do mesmo ano, os antigos professores do Bairro Escolar informavam as famílias dos alunos: “Temos a honra de comunicar a V.Exª. que no dia 12 se fará a abertura solene do novo colégio que os antigos professores do Bairro Escolar resolveram fundar por motivos que V.Exª. conhece. Porque se propõem continuar a magnífica obra pedagógica, realizada pelo seu Director, o novo estabelecimento de ensino terá a denominação de Colégio de João de Deus. A sua sede é na Vila Pomares, no Monte Estoril”.

Construída na última década do Século XIX, pela Marquesa de Pomares, a sede do novo Colégio de João de Deus é vincadamente marcada pelo carácter cosmopolita da sua construção.

A Marquesa de Pomares, uma das cortesãs que acompanharam neste seu quase exílio, a Rainha Dona Maria Pia, após a morte do seu marido, o Rei Dom Luís I, edificou no Monte Estoril um sólido palacete que encarnou a generalidade dos valores arquitectónicos e monumentais desta localidade. Realçando a sua identidade através de um arco de entrada de características monumentais, ao qual se junta o apelo romântico aos torreões ameados, tão em voga num local que recriava um ambiente medieval a partir da sua estrutura urbana, a Vila Pomares depressa se tornou num dos mais emblemáticos símbolos do Estoril, por ali tendo passado, no decorrer da sua vigência aristocrática ou no seu posterior percurso escolar, grande parte dos vultos da vida política, empresarial e social portuguesa da primeira metade do Século XX.

No dia 12 de Janeiro de 1936, quando o Colégio de João de Deus se instala na Vila Pomares, tendo como principais orientadores o Dr. José Dias Valente, que assumiu as funções de Director, e os antigos professores do Bairro Escolar, Dr. Álvaro Themudo, Dr. Aníbal Henriques, Dr. Freitas e Silva e Capitão Álvaro Perestrelo, o Monte Estoril adquiriu finalmente o seu estatuto de diferença, consolidando as inovações diversas que possuía no seu seio, a um vanguardismo pedagógico que se manteve durante quase quarenta anos.

A Associação dos Antigos Alunos do Colégio de João de Deus, ainda hoje activa, quando se passaram já mais de vinte e cinco anos após o encerramento do colégio, personifica o carácter inovador das relações educativas desenvolvidas pelo estabelecimento, nas quais a proximidade entre mestres e discípulos se afigurava como fundamental.

Nos aniversários da fundação, de forma imperceptível, foram sempre os alunos que organizaram e desenvolveram as comemorações oficiais. Grandiosas, magnificentes e sentidas, as festas nos muitos aniversários do Colégio de João de Deus tiveram sempre uma coisa em comum: a presença permanente e activa de centenas de ex-alunos que, mesmo depois de terminarem a sua formação, e muitos deles depois de encetarem percursos profissionais e políticos de grande destaque, compareceram sempre à chamada daquele que consideravam o “seu” colégio.

Júlio dos Santos, um dos ex-alunos que incentivou a comemoração do segundo aniversário através da edição de um jornal onde figuravam as opiniões de quase todos, escrevia em 12 de Janeiro de 1938 que o Colégio de João de Deus era para ele uma alegria que não podia deixar de exteriorizar: “Eu, que tenho acompanhado desde sempre o seu engrandecimento regozijo-me de todo o coração com tão faustoso acontecimento, e estou convencido que todos os meus colegas pensam e sentem o mesmo, porque o nosso colégio há-de progredir, progredir sempre, e ainda porque todos unidos, como leais amigos e dedicados ao nosso Director e Professores, respiramos aqui um ambiente familiar que nos cativa e nos conforta, e recebemos ensinamentos e carinhos que jamais olvidaremos por entre os espinhos da vida...”

E a cordial familiaridade continua vinte e cinco anos depois. No dia 12 de Janeiro de 1961, por ocasião das Bodas de Prata do Colégio, são novamente os antigos alunos quem explica a razão de ser de tão próxima relação: “Como não podia deixar de ser, neste dia reuniram-se aqui todos os antigos alunos em franca confraternização. Todos vieram para ver o que há tanto tempo haviam deixado, todos vieram para se sentar nas mesmas carteiras que usaram e que actualmente são as dos seus filhos, todos vieram para ouvir os seus antigos professores, todos vieram para deixar numa aula ou num pátio, no ombro de um antigo mestre ou na face dum antigo colega, uma lágrima amiga, essencialmente franca e significativa”.

segunda-feira

Roteiros Turísticos do Património Mundial




O Turismo de Portugal, em parceria com o Centro Nacional de Cultura e o IGESPAR, apresentou recentemente os cinco volumes dos “Roteiros Turísticos do Património Mundial”.

A iniciativa, que se centra na necessidade de promover conveniente a zona centro de Portugal, local onde a riqueza patrimonial se traduz na existência de três monumentos classificados pela UNESCO como Património Mundial – Alcobaça, Batalha e Tomar -, aborda algumas das mais interessantes, emblemáticas e atractivas temáticas de Portugal. O Tesouro dos Templários, com uma visão abrangente e esclarecedora sobre o importante papel que a Ordem do Templo teve na formação da Nacionalidade; os Caminhos da Fé, num périplo que nos leva através das crenças mais arreigadas da Portugalidade; os Quatro Elementos, com uma passagem muito interessante sobre as riquezas naturais desta região; e a Demanda do Graal, remetendo os leitores para os mais profundos arquétipos que deram forma à cultura Portuguesa actual; são os quatro motes que exploram de forma muito alternativa os três importantes monumentos Mundiais.

A qualidade do produto final, bem como de todos os conteúdos agora trazidos a público, vem colmatar uma necessidade efectiva que Portugal sente desde há muito tempo. Utilizando como atractivo o turismo cultural, sinónimo de exigência na sua formulação prática, o Turismo de Portugal está a rentabilizar o que de melhor existe no País, ao mesmo tempo que cria as condições necessárias para que os operadores turísticos possam promover lá fora aquilo que de único e excepcional o nosso País possui.

Com a edição destes Roteiros Turísticos do Património Mundial, deixam de existir desculpas para a falta de uma promoção que, de uma vez por todas, coloque Portugal como destino de excepção numa Europa cada vez mais marcada pela linearidade e pela pouca competitividade parente destinos turísticos exóticos que vão surgindo pelo Mundo.

Mais informação poderão ser obtidas através do website www.descubraportugal.pt.

sexta-feira

José Dias Valente: Quando Educar Ainda era Uma Vocação





Nascido em Lisboa, no dia 11 de Fevereiro de 1902, o Dr. José Dias Valente foi, sem sombra de dúvidas, uma das mais importantes personalidades da História da Pedagogia Portuguesa do Século XX.

Licenciado em letras pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e proprietário, fundador e principal impulsionador do Colégio de João de Deus, no Monte Estoril, o Dr. José Dias Valente teve um percurso académico e profissional marcado pelas vicissitudes próprias de alguém que se encontrava muito para além das capacidades próprias do seu tempo.

Em 1985, quando decorria mais uma cerimónia de comemoração do aniversário da fundação do colégio, o médico de sempre, o Dr. Mário Quina, que já havia transitado de iguais funções no antigo Bairro Escolar, menciona com emoção os primórdios da constituição daquela importante instituição monte estorilense: “É claro que me lembro com muita saudade dos professores fundadores, do Dr. Aníbal Henriques, do Dr. Freitas e Silva, do Dr. Álvaro Themudo e de outros, mas, se me permite, eu daria uma vez mais prioridade à pessoa do próprio Dr. Dias Valente. Ele era o pivot à volta do qual tudo girava. E à sua forte personalidade, a que já me referi amiúde, que se deve a magnitude da obra que realizou”.

Detentor de uma inteligência invejável, por todos considerado intelectualmente superior e moralmente sobredotado, o Dr. José Dias Valente demonstrou permanentemente ao longo da sua vida que os valores que o enformavam se sobrepunham a todas e quaisquer outras necessidades.

Em certa altura, logo no início da sua carreira académica, quando era ainda um mero principiante no curso de letras da Universidade Clássica de Lisboa, foi-lhe marcado um teste escrito logo para a manhã. No decorrer da prova, e perante a estupefacção dos seus colegas, o professor reparou que ele não estava a escrever, questionando-o sobre o que se passava. A resposta, imediata e fulgurante, não se fez esperar: “ainda não estou preparado”. O mestre, como é evidente, não gostou do que ouviu e a crítica foi imediata. Enchendo-se de brios, Dias Valente responde-lhe simplesmente: “Para aprender a sua matéria chegam-me 24 horas”. “Então” – disse-lhe o professor – “venha amanhã a exame”. Como era seu hábito, passou a noite a estudar e, no dia seguinte fez uma excelente prova, cujo mérito foi publicamente reconhecido.

Ao acabar o curso, e por discordar do sistema vigente, pretendeu defender uma tese sob o tema “A Escola Normal Superior Deve Ser Encerrada Por Imoral”. Como é fácil de perceber, a tese nem sequer foi aceite, facto que se traduziu numa espera de mais dois anos pela licenciatura, até que, de facto, a Escola Normal Superior fosse encerrada.

No Colégio de João de Deus, no Monte Estoril, o Dr. José Dias Valente desempenhou um papel fundamental. Para além de ter sido proprietário daquele estabelecimento de ensino, foi também seu director e principal doutrinador pedagógico.

Ciente da importância desses cargos, e das enormes responsabilidades a eles inerentes, o Dr. José Dias Valente acompanhou de perto todos os actos, decisões e problemas do seu colégio.

Lembrado por muitos como figura severa e exigente, é também considerado pelos mesmos um educador afável, sensível e inteligente, que conhecia os meandros da aprendizagem e da educação, e que sabia como enquadrá-los num modelo pedagógico que, de forma coerente, permitisse ensinar, educar e desenvolver os indivíduos, ao mesmo tempo que lhes facultava as ferramentas necessárias à consolidação das suas capacidades e interesses.

O Dr. José Dias Valente, professor e educador, foi sobretudo um pedagogo que defendia ideias e princípios considerados revolucionários no seu tempo. As teorias da não-directividade, desenvolvidas nos finais da década de 60 do Século XX um pouco por toda a Europa, foram para esta grande figura da pedagogia monte estorilense factos e princípios que orientaram toda a prática educativa do Colégio de João de Deus.

Considerando o indivíduo como um ser autónomo, dotado de vontade, interesse e capacidades próprias, o Dr. José Dias Valente entendia que o acto de ensinar devia ser acompanhado pela acção formativa. Ou seja, defendia que a abertura latente no processo de educação, abrangendo a escola, a família e a própria comunidade onde o indivíduo estava inserido, se caracterizava sobretudo pelo seu cunho pessoal, dependendo de cada sujeito, de cada educando e de cada educador. Para ele, cada estudante, cada aluno, cada professor e cada funcionário do seu Colégio representavam um pequeno mundo. Era necessário compreender individualmente cada um deles, integrando-o nas características gerais do grupo que procurava formar, para poder desenvolver de forma coerente o modelo pedagógico e educativo que defendia.

Foi, por tudo isso, um espírito crítico relativamente às correntes ao seu tempo, mal compreendido e, sobretudo, subaproveitado. A sua obra, no entanto, perdura no tempo e no espaço, tendo afectado positivamente milhares de jovens que passaram pelo Colégio de João de Deus, e por consequência as suas famílias através de várias gerações.

Homenageado recentemente através da toponímia do Monte Estoril, que perpectuou o seu nome num arruamento situado junto ao Jardim dos Passarinhos e muito próximo do seu Colégio de João de Deus, o Dr. José Dias Valente faleceu na sua residência, junto ao Largo Ostende, no dia 12 de Março de 1977.

quinta-feira

Fausto de Figueiredo: Quando o Estoril Deixou de Ser um Mero Lugar...





Apaixonado por Cascais e pelo Monte Estoril, onde passou a residir em Maio de 1910, Fausto Cardoso de Figueiredo é uma figura incontornável na história do urbanismo português.

Nascido em Celorico da Beira, Distrito da Guarda, em 17 de Setembro de 1880, Fausto de Figueiredo era Licenciado em Farmácia e foi, desde muito jovem, um dos mais promissores da Companhia Portuguesa dos Caminhos de Ferro.

Radicado no Estoril desde os seus trinta anos, quando casou com Clotilde Ferreira do Amaral, mostrou apetência para os negócios desde a mais tenra idade, assumindo-se muito sensível aos inúmeros problemas económicos e financeiros que afectaram Portugal e o seu tecido empresarial no período final do regime monárquico e no decorrer da 1ª república.

Clarividente e empreendedor, foi capaz de contrariar as vicissitudes conjunturais de um País que se encontrava à beira da falência, totalmente dependente de capitais externos e da iniciativa estrangeira, e de imaginar, projectar e construir aquele que é, segundo Maria da Graça Gonzalez Briz, é um dos únicos conjuntos urbanísticos globais de Portugal.

Iniciando o processo de construção do então denominado ‘Parque do Estoril’ pela aquisição dos terrenos inseridos na antiga Quinta do Viana, onde existia somente um conjunto de construções precárias que davam apoio às actividades do recinto termal, e os restos degradados do Convento Franciscano de Santo António, Fausto de Figueiredo depressa percebeu que a única forma de enfrentar a concorrência oferecida pela Vila de Cascais, marcada por vários anos de presença da Corte; pelo aristocrático Monte Estoril, possuidor de uma fama de qualidade que ultrapassava as fronteiras Nacionais; e por São João do Estoril, povoado de raiz burguesa, institucionalizado a partir da exploração dos Banhos da Poça e da iniciativa de algumas das mais importantes figuras da finança portuguesa; era fazer do Estoril um espaço com uma identidade própria que promovesse uma forma renovada de cidadania.
Os esboços iniciais do Arquitecto Francês Martinet, que se orientavam precisamente pelo carácter global de toda a urbanização, pressupunham a recriação na velha Quinta do Viana de um espaço homogéneo bem definido, no qual as diversas actividades, como a habitação, o comércio e o lazer, se interpenetravam, numa dinâmica consolidada a partir das características arquitectónicas e urbanísticas dos edifícios e dos espaços.

Os equilíbrios gerados por esta formulação urbana, promoveriam, no entender do urbanizador, uma qualidade de vida sem igual, na qual se tornaria fácil a recriação de uma identidade que cunhasse o Estoril com a marca de qualidade pela qual todos ansiavam.

Este tipo de experiências de urbanização global com planeamento prévio, necessariamente contrárias àquilo que eram (e continuam a ser) os hábitos de construção em Portugal, já haviam sido tentadas com sucesso noutras partes da Europa. Em Portugal, exemplos como o da baixa pombalina de Lisboa ou o da criação do Monte Estoril, este último inacabado devido às dificuldades económicas da ‘Companhia Mont’Estoril’, mostravam que era possível e consequente a concretização destes projectos, bastando, para tal, que existissem os capitais necessários e o apoio político formal das instituições oficiais.

E foi precisamente isso que aconteceu. Como resultado da capacidade pessoal e do empenhamento de Fausto de Figueiredo e do seu sócio Augusto Carreira de Sousa, a ‘Sociedade Estoril-Plage’ conseguiu cativar o interesse dos grandes capitalistas lisboetas, que escolheram o Estoril para construir as suas novas habitações. Por outro lado, e mercê da influência cénica marcada pela construção daqueles que haveriam de transformar-se nos principais elementos aglutinadores da nova localidade, como o edifício das termas, os hotéis Inglaterra, Paris e Palácio, e o grande casino internacional, as novas edificações enquadram-se quase todas no estereótipo criado em torno dos valores da tradicional “Casa Portuguesa” e das inúmeras variações de cariz modernista que caracterizaram a época.
Em termos políticos assumiu papel de especial relevo, na década de 30, o surgimento do Estado Novo. Fundamentado numa propaganda que dependia de uma recriação quase artificial de uma nova forma de ser e de estar em Portugal, não só como incentivo à promoção turística no estrangeiro, como também à consolidação dos novos valores Nacionais, o Governo utilizou profusamente o Estoril como cenário privilegiado para os seus eventos.

A fama e o prestígio do Estoril, marcados pela qualidade do seu projecto urbano, pela dinâmica social e cultural que se enquadrava nos espaços existentes, e pela fulgurante propaganda estatal, depressa se institucionalizaram, facilitando assim o processo de venda de lotes e de edificação de novas construções.

O Parque do Estoril, centrado na grande praça que resulta da construção das arcadas – edifícios de utilização mista de comércio e habitação -, no seu vasto e amplo jardim, no imponente casino, e na praia, possui todas as condições que garantem aos novos habitantes a possibilidade de se integrarem socialmente. Os eventos estorilenses, dos quais se destacam a grande Feira de Amostras da Indústria, em 1929; o II Circuito de Portugal em Automóvel, em 1933; os entrudos e as lendárias passagens de ano; vão-se complementar com a electrificação da linha de caminho-de-ferro, com a criação dos Bombeiros dos Estoris, com a inauguração da Estrada Marginal, com a recuperação da Igreja de Santo António, com a inauguração do Hotel Palácio e do Casino Estoril, etc.

A excelência do espaço, aliada a uma formulação urbanística de grande qualidade, a um enquadramento arquitectónico baseado em linhas mestras comuns, e a uma promoção sem igual no panorama Nacional, transformam o Estoril naquilo que ainda hoje consegue ser: um local equilibrado, agradável, e socialmente saudável, onde a habitação, o comércio, os serviços e o lazer coexistem pacificamente, com evidentes benefícios recíprocos e uma qualidade de vida incomparavelmente maior do que aquela que caracteriza outras zonas do Concelho de Cascais.

Como é evidente, esta situação acaba por ter consequências efectivas no quotidiano de todos quantos vivem, trabalham ou passeiam no Estoril. A qualidade da envolvência, e o grande cuidado dispensado ao espaço urbano, dignifica as zonas públicas, valorizando o património privado e transformando-se numa mais valia para o local. Os hábitos, os usos, os costumes, e o dia-a-dia do estorilenses vão-se adaptando às suas condições de vida, facto que, por sua vez, influi na educação, no civismo e na cultura dos habitantes.

A qualidade do Estoril, alicerçada no projecto urbano de Martinet e na cenografia da localidade, é hoje resultante de uma panóplia que agrega também o apoio político do Estado e da Autarquia; a vontade e a educação dos seus habitantes; a capacidade e o espírito empreendedor dos seus comerciantes e empresários; a visão dos promotores que ali existem; e o civismo daqueles que visitam o local.
Tudo isto, como é evidente, é resultado do planeamento global prévio levado a cabo por Fausto de Figueiredo, da sua capacidade de ultrapassar as vicissitudes do sistema e do enquadramento geral que ele conseguiu imprimir a todos aqueles que ali construíram as suas habitações.

Cem anos depois, e ainda mantendo bem vivo o seu espírito original, apesar de algumas desvirtuações pontuais que resultaram de incapacidades políticas conjunturais, o Estoril assume-se como exemplo de sucesso que demonstra que é possível recriar espaços de enorme qualidade nos quais o comércio, a habitação e os serviços se equilibram promovendo uma vivência socialmente saudável, com excelentes parâmetros de segurança e de bem estar.

O impulso dado por Fausto Cardoso de Figueiredo ao turismo, baseado não só na criação de raiz daquela que vai ser a primeira grande urbanização totalmente pré-planeada em Portugal, como também nas inúmeras intervenções pontuais que desenvolveu enquanto político, fazem dele uma personalidade incontornável na história deste sector.

Faleceu na sua residência, no Estoril, no dia 05 de Abril de 1950.

quarta-feira

Pedro Silva: Uma Nova Cara para a Velha Vila de Cascais





Doze anos depois de ali ter entrado pela última vez, ainda nos tempos da saudosa Presidente Eglantina Ventinhas, estive novamente na sede da Junta de Freguesia de Cascais para efectuar uma visita muito especial.

O convite, formulado de forma inesperada pelo Presidente Pedro Silva, era extensível a um passeio por tudo aquilo que foram os últimos oito anos daquele importante órgão autárquico.

Recordo-me bem, até porque participei directamente em alguns desses projectos, do carácter dinâmico e inovador do mandato autárquico da antiga professora e de ter pensado, na última vez que ali estive com ela, como deveria ser difícil conseguir inovar e até manter e consolidar, um projecto como aquele que, em laivos de grande motivação e muito empenhamento, havia alterado por completo a face de Cascais.

Agora, depois de um novo périplo pela freguesia acompanhado pelo actual presidente, é visível o esforço feito para manter, melhorar e incrementar ainda mais os projectos mais emblemáticos da Presidente Eglantina. Este facto, pouco comum em democracia, merece especial atenção porque, para além disso, Pedro Silva conseguiu desenvolver novas ideias, novos projectos e uma dinâmica muito própria ao seu trabalho.

Dos espaços verdes ao ambiente, com passagem eficaz pelo apoio social, pelo acompanhamento geriátrico, pela infância e pela toponímia que reforça os laços com a população local, muitas foram as áreas onde Pedro Silva conseguiu cumprir de forma extraorrinária os principais objectivos do seu mandato.

Doze anos depois, Cascais conseguiu atingir uma dupla vitória: consolidar o que de bom tinha sido feito, com um projecto fantástico que lhe trouxe nova alma e um espírito actualizado.

É com expectativa que, depois de tudo isto, esperamos para ver o que o futuro nos reserva!






domingo

Joaquim Baraona Homenageado na Toponímia de Cascais




Num acto de profunda justiça e de grande significado para o Concelho, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de Cascais homenagearam o Comendador Joaquim Baraona através da atribuição do seu nome a uma das mais emblemáticas artérias da Vila. Antigo Provedor da Santa Casa da Misericórdia, instituição à frente da qual imaginou, planeou e concretizou um programa inovador e muito ambicioso nas áreas do apoio social e da saúde, Joaquim Baraona foi ainda figura de enorme importância nas áreas do empreendedorismo, turismo, diplomacia, associativismo, cultura e política, dinamizando inúmeras instituições em Portugal e no estrangeiro. Na actualidade, e mantendo o dinamismo e a vitalidade de sempre, o Comendador Baraona continua a ser uma das mais activas e empenhadas personalidades em várias instituições, academias, associações e colectividades de Cascais, à frente das quais muito tem contribuído para fomentar o bom-nome do Concelho e do País e para consolidar a qualidade de vida de todos aqueles que por aqui habitam ou trabalham. Com a atribuição deste topónimo, que será testemunho perene da importância que Joaquim Baraona teve e tem para Cascais, fica resposta a justiça que a revolução de 1974, por motivos que estão muito longe da nobreza das ideias daqueles que sonharam com a alteração do regime, havia posto em causa.