segunda-feira

Memórias da Vivenda Monte Branco - Monte Estoril




Memórias da antiga Vivenda Monte Banco, no sítio do Lago, no Monte Estoril, entretanto demolida e substituída por um incaracterístico edifício moderno e de betão, sem qualquer espécie de respeito e consideração pela identidade deste local tão especial.












“Parede – a Terra e a sua Gente” de José Pires de Lima




Há livros que são maiores do que as bibliotecas onde estão guardados e histórias que transcendem largamente a História que contam. É isso que se passa com o livro “Parede – a Terra e a sua Gente”, da autoria de José Pires de Lima, que foi apresentado publicamente na passada Sexta-feira na Sociedade Musical União Paredense.

A obra, assente num trabalho monumental de investigação e de recolha de contactos, documentos e depoimentos relativos a mais de um século de vida daquela importante localidade Cascalense, traduz de forma sentida não só a História da Parede, como também todos os pormenores, os detalhes e as minúcias de centenas de Paredenses que até agora eram anónimos, mas que foram os principais responsáveis pela excelência que ali se vive e se sente.

Na sessão de apresentação, numa SMUP que foi demasiado pequena para acolher a imensa multidão de Paredenses que acorreram em massa para assistir a este lançamento histórico, o autor referiu reiteradamente que a Parede é um local especial… e é mesmo! Só assim se compreendendo o carácter vincado de uma identidade que encheu cada recanto daquela sala, num exercício de cidadania activa que é dificilmente replicável em qualquer outra povoação de Cascais ou mesmo de Portugal.

E José Pires de Lima, numa catarse de memória que limpou velhas gavetas e caixas de recordações há muito perdidas nas arrecadações daquelas gentes, criou eternidade na Parede, ressuscitando vidas e carregando-as para planos de memória que vão perdurar ao longo dos próximos séculos. Na plateia, para além de muitos daqueles que são parte desta história, estavam também os filhos e netos dos que a fizeram e que, desta maneira, passarão a conhecer, a perceber e a valorizar as dores e os sucessos que seus alcançaram para fazer da Parede aquilo que eles actualmente conhecem. A Parede também é agora deles!

Não tem preço o trabalho que José Pires de Lima agora traz a público. É impossível antever, de forma pragmática, as repercussões geracionais que o empenho que colocou na preparação desta obra terão no futuro da memória, da identidade e da cidadania Cascalense!




Os dois volumes da obra “Parede – a Terra e a sua Gente” vão estar à venda na sede da SMUP na Parede. 
www.smup.pt

terça-feira

Símbolos de judas em Cascais




por João Aníbal Henriques



Há precisamente 20 anos, cerca de um ano depois das eleições autárquicas que mudaram radicalmente a condução política de Cascais, o novo executivo municipal, liderado pelo sindicalista José Luís Judas, tomou uma das mais polémicas decisões do seu mandato: alterar o logotipo da Câmara Municipal de Cascais.
Contra a vontade e perante o espanto dos Cascalenses, virando costas à heráldica municipal que havia sido definida oficialmente através de uma portaria aprovada em 1934 e que ainda está em vigor (ver descrição abaixo), e alocando a esta mudança de imagem recursos financeiros que foram pagos pelo erário público e diminuídos aos investimentos que eram efectivamente necessários a Cascais, a CMC passou a ser representada por um logotipo que conjugava o brasão oficial do município com aquilo que os especialistas em marketing chamam um “lettering” moderno e a transformação do “I” num archote que deixava um rasto verde no ar…
A mudança, que o executivo camarário de então adjectivava como “tranquila”, deixava subentendida a fragilidade de quem precisava de ganhar visibilidade pública, reconhecimento eleitoral e dava corpo a uma campanha de propaganda pessoal dos dirigentes de então.
Polémica, a utilização de uma nova imagem municipal em Cascais, causou perplexidade junto dos Cascalenses, que perceberam paulatinamente que os custos associados a este tipo de operações de marketing, contrariava a alegada “falta de verbas” para obras essenciais para o bem-estar dos munícipes e para o reforço da qualidade de vida no Concelho.
Mas, contrariamente ao que seria de esperar, o marketing agressivo e pueril que grassou em Cascais há duas décadas não só não diminuiu como viu reforçado o seu papel propagandístico e panfletário. Quem não se lembra dos fogos-de-artifício nas noites de Sábado? Da banca sonora dos Vangelis que enchia os comícios do PS e todas as muitas festas e festanças que semanalmente “animavam” Cascais? Dos “Boletins Municipais” a imitar a imprensa local e a fingirem que eram órgãos de comunicação social verdadeiros?...
Cerca de 20 anos depois, assim que o Presidente António Capucho renunciou ao seu mandato, a Câmara Municipal apressou-se a alterar rapidamente a sua imagem institucional. Agora, pouco tempo depois dessa mudança, eis que o novo executivo decidiu mudar novamente.
Qualquer coincidência entre a actual mudança da imagem institucional de Cascais e a que se passou na Nossa Terra há 20 anos não é mera coincidência…

A Heráldica Oficial e Legal do Município de Cascais


Em sessão de 20 de abril de 1934, a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Cascais, presidida pelo Tenente António Rodrigues Cardoso, aprovou a "constituição heráldica das armas" do concelho, que se definiu na Portaria n.° 7839, de 15 de Junho de 1934, da seguinte forma:
"De prata com um castelo de vermelho, aberto e iluminado de prata, sobre uns rochedos de negro, saindo de um ondado de prata e de verde. O ondado coberto de uma rede de ouro. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres Câmara Municipal de Cascais a negro." Bandeira vermelha. Cordões e borlas de prata e de vermelho. Lança e haste de ouro. Selo circular tendo ao centro as figuras das armas sem indicação dos esmaltes, tudo dentro de círculos concêntricos, com os dizeres “Câmara Municipal de Cascais”».

O castelo representa a praça-forte, que impusera Cascais enquanto sentinela avançada de defesa da entrada do Tejo e, consequentemente, de Lisboa. Já o esmalte vermelho do castelo é a cor que, heraldicamente, significa vitória, ardis e guerras, e representa ainda a vida, a alegria, o sangue e a força. Por sua vez, a prata do campo das armas demonstra humildade e riqueza, qualidades dos naturais da região. O negro dos rochedos representa a terra e significa firmeza e honestidade, qualidades que também sempre distinguiram os naturais de Cascais. Note-se que o ondado de prata e o verde são as cores indicadas para simbolizar o mar, tanto mais que heraldicamente o verde corresponde à água e significa esperança e fé. Finalmente, a rede representa a vida activa dos cascalenses e o seu sustento, tendo a cor escolhida sido o ouro, que significa fortuna, poder e liberalidade. Refira-se, ainda, que o vermelho da bandeira teve por base a cor do castelo, o elemento principal das armas. A prata da coroa mural obedece à norma estabelecida para simbolizar as vilas.
In www.cm-cascais.pt