O início do Século XXI, com as novas tecnologias a incrementarem de forma abissal as capacidades interventivas do Homem sobre o meio envolvente, quase tudo pareciam novas oportunidades para dotar Portugal de instrumentos e de medidas estruturantes que garantissem uma entrada pujante numa era de sucesso e prosperidade que fosse, simultaneamente, sinónimo de qualidade de vida para as populações.
Cascais, centrado num território municipal marcado pela diversidade, parecia entrar nos novos tempos com o ensejo das grandes mudanças… Uma nova câmara municipal e um novo presidente, davam o mote enquadrante para um Concelho que se debatia com uma profundíssima crise. A sociedade civil, o empresariado, e até as escolas do Concelho pareciam condenadas a recuperar algum do seu fôlego antigo, retemperando a sua essência com um período de crescimento sustentado que surgisse como sinónimo de um devir quotidiano de qualidade e, esse, como cadinho de Identidade e de Cidadania.
No entanto, e sobretudo devido ao acumular de um desiquilíbrio que caracterizou o Concelho durante muito tempo, as coisas demoraram a acontecer em Cascais. A crise profunda não se inverteu de imediato, e o novo poder político não conseguiu impor o seu carácter activo e proficiente de modo a conseguir reanimar de imediato a Alma local. Os vícios de vários anos de profundo desprezo pela realidade municipal, pareciam ter-se imposto de forma inexorável a Cascais e aos cascalenses, deixando no ar poucas esperanças de uma inversão neste quadro de mal-estar e de desânimo que os munícipes sentiam.
No interior do Concelho, onde a lacuna identitária mais se fazia sentir, continuou o processo da legalização generalizada dos bairros clandestinos (com a sigla airosa mas pouco verdadeira de AUGIS), que não só dava suporte às ilegalidade cometidas durante várias décadas, como ainda promovia a prática continuada do mau planeamento e da péssima construção, gerando consequências negativas que hão-de fazer-se sentir durante várias gerações. Sob a tutela dos instrumentos municipais de gestão do território, e acoitadas nas teóricas "necessidades sociais" daqueles que haviam vendido (e comprado) percelas de terrenos não loteados, foi impossível contrariar as vicissitudes que o passado havia imposto.
Em termos das infra-estruturas, por seu turno, foi dificílimo conseguir impor um novo ritmo verdadeiramente consequente para inverter o caos instalado e para dar resposta aos novos desafios que Cascais se preparava para enfrentar.
Durante a primeira metade da primeira década deste novo Século e Milénio, Cascais manteve o seu alinhamento pelo que de pior existia na Área Metropolitana de Lisboa, e assumindo cada vez mais a vocação imposta de subúrbio, com prejuízos evidentes para o que ainda restava da famigerada Identidade Municipal.
Apesar deste quadro negro, e do tom agoirento ainda usual para lembrar as vicissitudes daquele que será (quando mais não seja pela mística que o envolve) um dos espaços mais significativos de Portugal, 2008 arranca com os primeiros sinais de uma mudança estruturante pela qual ansiavam todos os Cascalenses.
Terminadas que estão as acessibilidades do novo hospital, e finalizadas as obras que permitiram a inauguração dos novos centros de saúde, parece finalmente estar a chegar ao fim o período de 35 anos de provações extraordinárias pelas quais Cascais passou na área da saúde; na área da cultura, com uma rede extraordinária de boas bibliotecas, e uma coordenação da oferta cultural vigorosa e totalmente adaptada às necessidades municipais, Cascais ficou dotado das condições necessárias à criação de vínculos comunitários que se afiguram essenciais para o bem-estar e qualidade de vida das populações; na área do turismo, e apesar das inúmeras vicissitudes governamentais que colocaram em causa a existência da marca ‘Estoril’ e mais de 80 anos de trabalho empenhado na promoção externa da região, começam agora a surgir os frutos de todo o trabalho que foi feito, visíveis no aparecimento de empresas dinâmicas capazes de trazer a Cascais um posicionamento único no panorama Nacional, mas também bons hotéis, restaurantes e equipamentos de apoio que dotam todo o espaço municipal das condições essenciais para vingar numa Europa onde a concorrência impera; por fim, em termos da Identidade Municipal, foi criada uma instituição designada ‘Com-Cascais’ que, assertivamente gerada a partir de uma parceria público-privada, vai tentar complementar tudo o que atrás foi descrito com medidas práticas e eficazes que devolvam a Cascais o glamour de outros tempos.
E apesar de não parecer, é precisamente na ‘Com-Cascais’ que se centram as grandes transformações e prioridades que possibilitarão ao município rentabilizar as muitas medidas tomadas noutras áreas. Um Concelho como este, pleno de História e de estórias, com disparidades enormes entre um interior de génese rural e de um litoral cosmopolita, necessita avidamente de um pólo aglutinador da sua Identidade.
Como não existe corpo sem cabeça, será da forma como a nova instituição conseguir contrariar o ritmo degradatório que tem vindo a caracterizar os núcleos urbanos consolidados da Vila de Cascais e dos Estoris, sobretudo na sua faceta comercial mais tradicional, que depende o sucesso do projecto global de requalificação que este executivo tem vindo a empreender.
A ‘Com-Cascais’, com um papel ainda pouco definido junto daqueles que são responsáveis pelo quotidiano nestes espaços tão importantes, não deve nem pode sobrepor-se às responsabilidades, obrigações e competências que pertencem às entidades públicas e privadas que lhe dão corpo. Segurança, limpeza, iluminação, conservação, estratégia comercial e urbanismo, são áreas que devem manter-se no círculo de competências da Autarquia, do empresariado e da polícia. A não ser assim, e sabendo de antemão que todas e quaisquer medidas avulso tomadas nestas áreas resultarão em absolutamente nada em termos da requalificação dos espaços onde se pretende intervir, correremos o risco de ver a ‘Com-Cascais’ completamente subjugada face aos problemas de muitas décadas de conformismo que levaram a Vila de Cascais e os Estoris à situação em que actualmente estão.
A ‘Com-Cascais’, que em traços aprofundados e sem designação oficial caracterizámos anteriormente (ver: “Urbanismo & Comércio”, Cascais, Fundação Cascais, 2003) é o pólo aglutinador que permitirá recriar globalmente um plano que dê rosto a estes espaços.
Sem competências específicas nas áreas mencionadas, mas com capacidade de gerar consensos entre as diversas entidades teoricamente competentes para gerir os espaços, a ‘Com-Cascais’ vem ocupar um espaço de que Cascais necessita avidamente para que se recupere o património, se dinamize comercialmente, e se garanta segurança e conforto urbano naqueles que são os espaços de partilha e de excelência de uma comunidade que está a reaprender a ser Cascalense.
A interdependência dos diversos intervenientes, numa espécie de triângulo de ninguém, colocava o património, o urbanismo, o comércio e a animação em patamares onde a comunicação não existia. Com a criação da nova instituição, e a geração de mecanismos de interligação entre os diversos intervenientes, ficam criadas as condições para que se feche o ciclo negativo que Cascais tem vindo a viver.
Assim haja vontade, discernimento, bom-senso e força por parte de todos os intervenientes…
Cascais, centrado num território municipal marcado pela diversidade, parecia entrar nos novos tempos com o ensejo das grandes mudanças… Uma nova câmara municipal e um novo presidente, davam o mote enquadrante para um Concelho que se debatia com uma profundíssima crise. A sociedade civil, o empresariado, e até as escolas do Concelho pareciam condenadas a recuperar algum do seu fôlego antigo, retemperando a sua essência com um período de crescimento sustentado que surgisse como sinónimo de um devir quotidiano de qualidade e, esse, como cadinho de Identidade e de Cidadania.
No entanto, e sobretudo devido ao acumular de um desiquilíbrio que caracterizou o Concelho durante muito tempo, as coisas demoraram a acontecer em Cascais. A crise profunda não se inverteu de imediato, e o novo poder político não conseguiu impor o seu carácter activo e proficiente de modo a conseguir reanimar de imediato a Alma local. Os vícios de vários anos de profundo desprezo pela realidade municipal, pareciam ter-se imposto de forma inexorável a Cascais e aos cascalenses, deixando no ar poucas esperanças de uma inversão neste quadro de mal-estar e de desânimo que os munícipes sentiam.
No interior do Concelho, onde a lacuna identitária mais se fazia sentir, continuou o processo da legalização generalizada dos bairros clandestinos (com a sigla airosa mas pouco verdadeira de AUGIS), que não só dava suporte às ilegalidade cometidas durante várias décadas, como ainda promovia a prática continuada do mau planeamento e da péssima construção, gerando consequências negativas que hão-de fazer-se sentir durante várias gerações. Sob a tutela dos instrumentos municipais de gestão do território, e acoitadas nas teóricas "necessidades sociais" daqueles que haviam vendido (e comprado) percelas de terrenos não loteados, foi impossível contrariar as vicissitudes que o passado havia imposto.
Em termos das infra-estruturas, por seu turno, foi dificílimo conseguir impor um novo ritmo verdadeiramente consequente para inverter o caos instalado e para dar resposta aos novos desafios que Cascais se preparava para enfrentar.
Durante a primeira metade da primeira década deste novo Século e Milénio, Cascais manteve o seu alinhamento pelo que de pior existia na Área Metropolitana de Lisboa, e assumindo cada vez mais a vocação imposta de subúrbio, com prejuízos evidentes para o que ainda restava da famigerada Identidade Municipal.
Apesar deste quadro negro, e do tom agoirento ainda usual para lembrar as vicissitudes daquele que será (quando mais não seja pela mística que o envolve) um dos espaços mais significativos de Portugal, 2008 arranca com os primeiros sinais de uma mudança estruturante pela qual ansiavam todos os Cascalenses.
Terminadas que estão as acessibilidades do novo hospital, e finalizadas as obras que permitiram a inauguração dos novos centros de saúde, parece finalmente estar a chegar ao fim o período de 35 anos de provações extraordinárias pelas quais Cascais passou na área da saúde; na área da cultura, com uma rede extraordinária de boas bibliotecas, e uma coordenação da oferta cultural vigorosa e totalmente adaptada às necessidades municipais, Cascais ficou dotado das condições necessárias à criação de vínculos comunitários que se afiguram essenciais para o bem-estar e qualidade de vida das populações; na área do turismo, e apesar das inúmeras vicissitudes governamentais que colocaram em causa a existência da marca ‘Estoril’ e mais de 80 anos de trabalho empenhado na promoção externa da região, começam agora a surgir os frutos de todo o trabalho que foi feito, visíveis no aparecimento de empresas dinâmicas capazes de trazer a Cascais um posicionamento único no panorama Nacional, mas também bons hotéis, restaurantes e equipamentos de apoio que dotam todo o espaço municipal das condições essenciais para vingar numa Europa onde a concorrência impera; por fim, em termos da Identidade Municipal, foi criada uma instituição designada ‘Com-Cascais’ que, assertivamente gerada a partir de uma parceria público-privada, vai tentar complementar tudo o que atrás foi descrito com medidas práticas e eficazes que devolvam a Cascais o glamour de outros tempos.
E apesar de não parecer, é precisamente na ‘Com-Cascais’ que se centram as grandes transformações e prioridades que possibilitarão ao município rentabilizar as muitas medidas tomadas noutras áreas. Um Concelho como este, pleno de História e de estórias, com disparidades enormes entre um interior de génese rural e de um litoral cosmopolita, necessita avidamente de um pólo aglutinador da sua Identidade.
Como não existe corpo sem cabeça, será da forma como a nova instituição conseguir contrariar o ritmo degradatório que tem vindo a caracterizar os núcleos urbanos consolidados da Vila de Cascais e dos Estoris, sobretudo na sua faceta comercial mais tradicional, que depende o sucesso do projecto global de requalificação que este executivo tem vindo a empreender.
A ‘Com-Cascais’, com um papel ainda pouco definido junto daqueles que são responsáveis pelo quotidiano nestes espaços tão importantes, não deve nem pode sobrepor-se às responsabilidades, obrigações e competências que pertencem às entidades públicas e privadas que lhe dão corpo. Segurança, limpeza, iluminação, conservação, estratégia comercial e urbanismo, são áreas que devem manter-se no círculo de competências da Autarquia, do empresariado e da polícia. A não ser assim, e sabendo de antemão que todas e quaisquer medidas avulso tomadas nestas áreas resultarão em absolutamente nada em termos da requalificação dos espaços onde se pretende intervir, correremos o risco de ver a ‘Com-Cascais’ completamente subjugada face aos problemas de muitas décadas de conformismo que levaram a Vila de Cascais e os Estoris à situação em que actualmente estão.
A ‘Com-Cascais’, que em traços aprofundados e sem designação oficial caracterizámos anteriormente (ver: “Urbanismo & Comércio”, Cascais, Fundação Cascais, 2003) é o pólo aglutinador que permitirá recriar globalmente um plano que dê rosto a estes espaços.
Sem competências específicas nas áreas mencionadas, mas com capacidade de gerar consensos entre as diversas entidades teoricamente competentes para gerir os espaços, a ‘Com-Cascais’ vem ocupar um espaço de que Cascais necessita avidamente para que se recupere o património, se dinamize comercialmente, e se garanta segurança e conforto urbano naqueles que são os espaços de partilha e de excelência de uma comunidade que está a reaprender a ser Cascalense.
A interdependência dos diversos intervenientes, numa espécie de triângulo de ninguém, colocava o património, o urbanismo, o comércio e a animação em patamares onde a comunicação não existia. Com a criação da nova instituição, e a geração de mecanismos de interligação entre os diversos intervenientes, ficam criadas as condições para que se feche o ciclo negativo que Cascais tem vindo a viver.
Assim haja vontade, discernimento, bom-senso e força por parte de todos os intervenientes…