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Ourique - Mais uma Pérola que Portugal tem de Descobrir





Com uma vasta História, rica em complicados episódios que marcaram decisivamente o próprio devir histórico Nacional, Ourique e o seu Concelho possuem diversos vestígios imensos motivos de interesse.

Para além do seu castelo, bastante alterado e desvirtuado na sua formulação espacial mas ainda marcante por aquilo que representa no contexto da nossa Nacionalidade, Ourique possui ainda várias Igrejas, capelas e ermidas que constituem, no seio de um infindável potencial turístico, um valioso património cultural.

Os primeiros passos da existência de Ourique foram certamente dados durante o dealbar da independência de Portugal. Sabe-se, através as fontes escritas, que a História de Ourique se revela de grande importância em pleno Século XII, ainda durante o processo de reconquista do território da Península Ibérica aos Mouros.

Foi na planície do campo de Ourique, pese embora a controvérsia, que D. Afonso Henriques enfrentou as tropas mouras chefiadas por Esmar, no já longínquo ano de 1139. As interpretações variam e as lendas são díspares em relação ao que realmente sucedeu, mas os dados de cariz toponímico e geo-estratégico apontam cada vez mais para a veracidade desta crença.

Também quanto à origem do nome da povoação persistem duas versões: ORIK, dos Árabes, com a significação de infortúnio e/ou desgraça , a assinalar a derrota sofrida perante o reconquistador Cristão; ou a derivação de OURIQUE, do ouro que se diz ter existido em abundância nos seus solos.

O crescimento da Vila e o incremento da sua importância estratégica na defesa e na manutenção da independência Nacional, terão estado na base dos diversos forais que Ourique recebeu ao longo do Século XIII, reconhecendo os direitos e os deveres da comunidade aqui existente e autorizando a sua participação na vida administrativa do Reino. Em 1288, durante o reinado de Dom Diniz, foi concedida a Ourique a carta de feira anual, traduzindo também o seu destacado papel na vida económica, social e política do Portugal medieval. Nesta época, a concessão deste tipo de documento, com as suas consequentes prerrogativas, assentava na existência de meios de produção de riqueza de dimensões consideráveis e de uma relevância grande no contexto do equilíbrio económico do Reino de Portugal. Era nessas feiras, aliás, que se desenvolviam as diversas actividades relacionadas com a administração do País, sendo também aí que se criaram as primeiras actividades culturais que deram forma à Identidade Nacional.

A importância de Ourique vai crescendo de forma permanente ao longo dos Séculos, facto comprovado com a atribuição de novo foral, já no Século XVI, quando Dom Manuel I, com vista à actualização administrativa do Reino, procede à reforma dos forais.

A Comarca de Ourique, que já existia em 1646, conservou-se na Vila até 1865, altura em que foi transferida para Almodôvar, e de onde só voltou em 1874. Relatos dos jornais da época apontam para a realização de um grande cortejo fúnebre organizado pela populações e pelas entidades locais, que terá acompanhado a transferência e marcado o desagrado de todos perante tal situação.

Em épocas mais recentes, a História de Ourique tem acompanhado a linha que serve de orientação à generalidade dos mais pequenos municípios do Alentejo. Um peso extraordinário atribuído à agricultura, acompanhado pelo declínio da sua capacidade de produzir riqueza quando a indústria se começa a impor às lides da terra. No ano de 1900, a população de Ourique era de 9143 pessoas que, como já acontecia cerca de sete séculos antes, se dedicava maioritariamente à agricultura e ao gado. Cinquenta anos depois, em 1950, atinge-se o pico do crescimento da povoação, com um conjunto populacional de 16685 pessoas. De então para qual, e num processo paulatino, Ourique tem vindo a perder os seus habitantes, sendo que em 2001 o número total de residentes se cifrava nos 6703.

Situada estrategicamente junto à Estrada que leva Lisboa ao Algarve, e marcada por uma História excepcional que se associa a um património riquíssimo, Ourique é mais uma das preciosidades de Portugal que teima em manter-se desconhecida e desaproveitada no seu imenso potencial.

Um Portugal coeso, consciente e sólido, assente numa Identidade bem vincada e num edifício sócio-ecomómico que suporte a consciência crítica dos seus cidadãos e a cidadania activa que todos desejamos, tem obrigatoriamente de ser capaz de se conhecer e, com isso, reconhecer cada um destes espaços onde tudo está ainda por fazer e rentabilizar.