por João Aníbal Henriques
Apesar de não ser muito antiga, a
aldeia de Piódão, no Concelho de Arganil, é um dos mais preciosos e extraordinários
segredos que esconde Portugal, dando forma a um encantamento que não se alheia
da cor escura do xisto, misturado com a brancura da cal e com o azul das portas…
Dedicada a Nossa Senhora da
Conceição, padroeira da pequena Igreja Matriz muito branca, construída no
Século XVII em estilo neobarroco que contrasta de forma evidente com a cor
escura do resto do povoado, a aldeia assume a sua dependência relativamente aos
constrangimentos da natureza que a moldaram.
O isolamento extremo em que se encontra,
que ainda hoje marca de forma brutal o dia-a-dia de quem ali vive, condicionou
de forma evidente a sua História, já que o povoado actual, de origem bastante
recente, resultou do abandono, provavelmente devido ao muito calor que se fazia
sentir no local original, da antiquíssima aldeia de “Casall de Piódam” onde
tudo começou.
Dizem os locais que esse calor
que fazia aumentar o número de colónias de formigas o que punha em causa a
produção de mel, facto que surge associado à inacessibilidade da aldeia
original e que determinou o abandono do povoado inicial e a reinstalação da
comunidade no ponto onde hoje a encontramos.
Ligada também à instalação de uma
Abadia da Ordem de São Bernardo, Piódão foi local sempre escolhido para refúgio
e introspecção, tal como o denota o facto de ter sido ali que se esconderam os
assassinos de D. Inês de Castro, que deram origem às mais importantes famílias
do local.