por João Aníbal Henriques
No célebre livro “Memórias da Linha de Cascais” Branca de Gontha Colaço e
Maria Archer descrevem romanticamente as várias estações ferroviárias da nossa
famosa linha de comboio traçando um quadro de excelência que as autoras sabiam
que correspondia à verdade.
Quando chega a Cascais, a descrição da linha menciona o projecto
existente naquela época de estender a linha férrea até Sintra, atravessando a
Quinta da Marinha e a Praia do Guincho.
Num rebate onírico próprio daqueles tempos, auspiciam um futuro grandioso
para aquele nosso areal encantado: “Um dia, quando a linha de Cascais estender
para além de Cascais os seus braços de ferro, a Praia do Guincho – com o seu
mar e o seu areal de maravilha e os degraus do escadório da escarpa de Sintra
para apoio do casario – há-de tornar-se na grande praia de Lisboa, na grande
praia do futuro”…
Felizmente não tiveram razão e o sonho de prolongar o comboio através da Praia
do Guincho manteve-se inconcretizado, preservando assim a magia sagrada da
natureza recôndita daquele lugar tão especial. Por aqui se vê que nem sempre o
progresso e o desenvolvimento rimam com a excelência que sonhamos para a nossa
terra.