Numa recente viagem a Londres observei algo que por lá é normal, mas que visto com atenção nos oferece pistas importantes sobre a forma como se vai degradando a nossa Portugalidade. Os passeios da cidade, contrariamente ao que acontece em Portugal e principalmente em Cascais, não possuem pilaretes de protecção contra o estacionamento abusivo. E, ao longo dos muitos passeios pedestres que por ali dei, não encontrei um único carro estacionado fora do seu lugar.
Em Cascais passa-se exactamente o contrário. Em torno dos milhares de pilaretes de protecção instalados pela autarquia; em cima de passadeiras; nas entradas das casas; nos acessos aos serviços públicos; em volta dos monumentos históricos; em espaços reservados aos bombeiros e às ambulâncias; e nos passeios mais inesperados (mesmo quando por vezes existe estacionamento disponível a três ou quatro metros de distância), os carros amontoam-se, obrigando os peões a constantes incursões para o alcatrão da estrada para contornarem esses obstáculos.
Especialmente gravoso é o passeio situado em frente ao Tribunal de Cascais, junto à Papelaria Xandré, no Largo da Misericórdia, na Rua Tenente Valadim, no Largo do Prior ou mesmo nas ruelas apertadas do casco velho da vila…
Este fenómeno, transversal à sociedade portuguesa mas demasiadamente visível em Cascais, mostra bem como têm sido destruídos os valores principais que sempre orientaram a nossa sociedade, e como o sistema educativo que nos obrigam a ter está a apagar por completo todos os resquícios de cidadania e de civilidade que herdámos ao longo de 900 anos de História.
Já nem se pede que os cidadãos alarves que vivem desta maneira consigam pensar no seu semelhante e percebam que a sua forma de vida trás implicações graves à mobilidade dos demais. Isso seria pedir muito a uma sociedade assente nos muitos direitos consagrados numa lei que nada prevê em termos das consequentes responsabilidades de quem deles usufrui. Pede-se somente que pensem em si próprios, e que percebam que amanhã, por acidente, por doença ou por uma outra situação qualquer, serão eles quem terá mobilidade reduzida e precisará de circular em Cascais utilizando cadeira de rodas ou muletas.
Fica o desafio: pegue numa cadeira de rodas; coloque-se no lugar de um cidadão que se debata com este problema; e tente ir ao Tribunal de Cascais, à esquadra da PSP, à Santa Casa da Misericórdia, à Câmara Municipal, à estação ou a qualquer outro local da vila. É impossível faze-lo.
Não existindo educação, a resolução do problema exige a aplicação da força. Multas, coimas, reboques, bloqueadores, mão firme e penas pesadas para quem não tem a capacidade de respeitar os demais.
Se nas cidades civilizadas isso é possível, porque razão não conseguimos fazer isso em Cascais?
Em Cascais passa-se exactamente o contrário. Em torno dos milhares de pilaretes de protecção instalados pela autarquia; em cima de passadeiras; nas entradas das casas; nos acessos aos serviços públicos; em volta dos monumentos históricos; em espaços reservados aos bombeiros e às ambulâncias; e nos passeios mais inesperados (mesmo quando por vezes existe estacionamento disponível a três ou quatro metros de distância), os carros amontoam-se, obrigando os peões a constantes incursões para o alcatrão da estrada para contornarem esses obstáculos.
Especialmente gravoso é o passeio situado em frente ao Tribunal de Cascais, junto à Papelaria Xandré, no Largo da Misericórdia, na Rua Tenente Valadim, no Largo do Prior ou mesmo nas ruelas apertadas do casco velho da vila…
Este fenómeno, transversal à sociedade portuguesa mas demasiadamente visível em Cascais, mostra bem como têm sido destruídos os valores principais que sempre orientaram a nossa sociedade, e como o sistema educativo que nos obrigam a ter está a apagar por completo todos os resquícios de cidadania e de civilidade que herdámos ao longo de 900 anos de História.
Já nem se pede que os cidadãos alarves que vivem desta maneira consigam pensar no seu semelhante e percebam que a sua forma de vida trás implicações graves à mobilidade dos demais. Isso seria pedir muito a uma sociedade assente nos muitos direitos consagrados numa lei que nada prevê em termos das consequentes responsabilidades de quem deles usufrui. Pede-se somente que pensem em si próprios, e que percebam que amanhã, por acidente, por doença ou por uma outra situação qualquer, serão eles quem terá mobilidade reduzida e precisará de circular em Cascais utilizando cadeira de rodas ou muletas.
Fica o desafio: pegue numa cadeira de rodas; coloque-se no lugar de um cidadão que se debata com este problema; e tente ir ao Tribunal de Cascais, à esquadra da PSP, à Santa Casa da Misericórdia, à Câmara Municipal, à estação ou a qualquer outro local da vila. É impossível faze-lo.
Não existindo educação, a resolução do problema exige a aplicação da força. Multas, coimas, reboques, bloqueadores, mão firme e penas pesadas para quem não tem a capacidade de respeitar os demais.
Se nas cidades civilizadas isso é possível, porque razão não conseguimos fazer isso em Cascais?