por João Aníbal Henriques
Agora que Portugal se prepara
para comemorar os 40 anos do 25 de Abril, importa tomar especial atenção à
forma como a liberdade ditou o presente e está a condicionar o futuro do nosso
País…
No sector da educação, por
exemplo, são precisamente aqueles que dizem que defendem a liberdade quem
impede que todos os Portugueses tenham acesso às mesmas oportunidades e à
possibilidade de construírem de forma consciente o futuro dos seus filhos.
A liberdade que eles dizem
defender, de expressar opiniões, de reunião, de crítica, em suma, de se fazer o
que se quiser, ainda não chegou à educação. Os detentores da dita liberdade,
ironicamente utilizando os mesmos argumentos que há mais de 40 já eram usados
para negar aos Portugueses a possibilidade de escolherem o futuro dos seus
filhos, não permitem a livre escolha da escola.
Ao procederam assim,
pretensamente em defesa desta maltratada liberdade, criam dois tipos de
Portugueses: os que têm os meios que lhes permitem escolher a escola onde
querem inscrever os seus filhos, porque a podem pagar; e aqueles que, por não
poderem pagar, estão literalmente condenados a ver os seus filhos inscritos na
escola que o Estado lhes escolheu. Mesmo que seja a menos adequada, aquela que
nada lhes diz e que não os representa. Mesmo que ali mesmo ao lado exista outra
escola onde eles poderiam ser felizes, encontrar o projecto que se aproxima das
suas expectativas de vida e que faz mais sentido perante as aspirações que têm.
Os primeiros, podem progredir nos
seus estudos, plenos de significado e perfeitamente adaptados às
características das crianças. Têm a liberdade de ser bons ou maus alunos; de
estudar mais ou menos; de preparar a sua vida académica e de planear o futuro
que querem ter. Os outros, os que por motivos diversos não podem pagar, estão
impedidos de o fazer.
Num tempo em que as trovas ecoam
sublimes pelas paredes ocas que alguns tentam associar à liberdade, em loas
avermelhadas a que já nos habituámos, é inadmissível que preconceitos e
interesses terceiros impeçam os portugueses de poderem escolher livremente a
escola e o futuro dos seus filhos.
Porque estão a impedir o País –
que desde 1974 já foi resgatado 3 vezes – a mais 40 anos de falta de capacidade
para gerir o seu destino e para recuperar a pujança, o dinamismo e o empreendedorismo
de outros tempos.
Porque sem liberdade não existe democracia verdadeira e Portugal merece ser livre.
Finalmente.