Não terá sido certamente por mal, até porque resulta das contingências e das naturais consequências de uma União Europeia artificial e naturalmente contrária aos interesse das várias nações que ainda a compõem, que o Presidente Francês, François Hollande, terá dado ontem a machada final na ideia de Europa que se vinha construído e impondo desde o final da II Guerra Mundial.
Num discurso chocante, que
contraria todas as discussões e tratados que deram forma à União Europeia que
ainda temos, assente numa putativa afirmação da soberania dos vários países que
dela fazem parte e que os cépticos do europeísmo sempre disseram que era uma
utopia impossível de alcançar, Hollande veio a público defender a criação de um
governo europeu a seis. Na sua perspectiva, os seis países fundadores da então
CEE, França, Alemanha, Itália, Bélgica, Luxemburgo e Holanda deverão passar a
tutelar os governos de cada um dos restantes países membros, que passam a ser
seus dependentes, acabando de vez com a pouca soberania que ainda lhes resta.
Nesta opção de uma Europa a
várias velocidades e tamanhos, assume-se que os fortes controlam os fracos e
que os vestígios de uma pseudo-solidariedade e respeito institucional que
profusamente se utilizaram para nos vender esta realidade, serão
definitivamente arrumados na gaveta. A Europa das nações, que se sustentava na
soberania dos países que a compunham e na sua complementaridade institucional
para reforçar a competitividade de todos, já nem sequer chega a ser uma utopia,
pois a federalização da Europa, com esta espécie de governo central, institucionaliza a
menoridade de alguns em detrimento da soberania dos restantes.
A União Europeia morreu
definitivamente com este discurso, pois ele surge como a confirmação definitiva
de que os argumentos desde há décadas utilizados pelos cépticos estavam
correctos.
Mas agora, com a maior parte dos países
desprovidos dos meios de produção que lhes permitiriam sobreviver e crescer economicamente e que trocaram por auto-estradas, frotas de
automóveis e fundos pseudo-estruturais de vária índole que foram enchendo os
bolsos de vários governos pseudo-democráticos, são poucas as opções que restam aos que
não desejam submeter-se à vontade dos seis grandes. Muito pouco há a fazer, a
não ser que as vicissitudes que resultam da crise Grega sejam tão grandes que
façam implodir o trono onde ainda se resfastelam os seis que mandam.
Em todo o caso, a união morreu às
mãos de François Hollande. E ele teve, pelo menos, a coragem de dar a
machadada final.