terça-feira

Força Portugal


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Por João Aníbal Henriques


Tem-se tornado cada vez mais usual ouvir dizer que Portugal está em crise. A explicação para este facto centra-se nas dificuldades estruturais do País, obviamente agravadas com os problemas conjunturais que a Europa agora atravessa.
Ao contrário do que seria de esperar, e invertendo as expectativas políticas da generalidade dos analistas, o Governo mantêm-se com alguma firmeza nas sondagens, dificultando o trabalho a uma oposição que não tem conseguido rentabilizar o descontentamento popular.

Esta situação de amorfismo político, fundamentada no conformismo que desde há alguns anos tem servido para caracterizar os portugueses, é diametralmente oposta à que se vive noutros países da Europa. Locais semelhantes em termos da sua situação real, e muitos com capacidade para oferecer condições de vida muito melhores aos seus cidadãos, debatem-se com o fim de um ciclo político e com a eventual conturbação da mudança. A onda socialista de há dez anos, na qual a denominada nova via assumia papel preponderante, deu lugar à desilusão perante o incumprimento de promessas eleitorais e o falhanço dos novos ideais.

A Itália, País de vanguarda na salvaguarda dos direitos dos seus cidadãos, já deu mostras desta significativa alteração política, e a Força Itália de Sílvio Berlusconi, criada recentemente, assumindo os seis ideais antagónicos face ao socialismo e sujeita ao fracasso da coligação que a levou ao poder em 1994, voltou a mostrar a capacidade de se assumir como alternativa ao falhanço governativo da esquerda.

As reacções perante esta vitória, e sobretudo perante a viragem política que ela representa não se fizeram esperar, e a “família” socialista, unida e em uníssono, veio pôr em causa a escolha democrática dos italianos.

Em Portugal, e salvo raras e honrosas excepções, a esquerda repetiu os chavões que lhe foram ditados pelos seus líderes europeus. A palavra de ordem – preocupação – passou a ocupar as parangonas dos jornais, servindo de base a uma crítica quase geral a um governo que ainda não tomou posse, ainda não governou, e ainda nem sequer se formou. Porquê? Porque é de direita!

A coligação vencedora nas eleições italianas, composta por partidos de centro-direita, é criticada por ter merecido o apoio e a confiança dos cidadãos italianos. Os partidos de esquerda, que se arrogam permanentemente o direito de utilizar impunemente a palavra democracia, consideraram que esta vitória é um perigo para a Europa. Mas que perigo é este? Muito fácil: é meramente o perigo de esta direita poder mostrar aos europeus que o modelo socialista é utópico, populista, eleitoralista e contraproducente.

Assim, num País como Portugal, onde a força da mudança só agora se começa a fazer sentir, são às dezenas os pseudo-democratas que, à laia de um moralismo esquerdizante, vêm dizer aos portugueses que o voto e as escolhas populares só são verdadeiramente democráticas se forem feitos exercidos à esquerda... Se o povo eleger governos socialistas ou comunistas, que hoje facilmente se percebe serem exactamente a mesma coisa, então a democracia exerceu-se; se, pelo contrário, a vontade popular foi no sentido inverso, então eles vêm dizer ao povo que estão preocupados e que o futuro é negro.

O facto de a Constituição portuguesa prever a possibilidade de existirem partidos e associações de extrema esquerda, proibindo peremptoriamente as organizações ditas de extrema direita é preocupante. O facto de esta esquerda não assumir a necessidade de proibir toda e qualquer actividade extremista, que coloque em causa as liberdades, as garantias e os direitos dos cidadãos é preocupante. O facto de a nossa esquerda socializante ser xenófoba, preconceituosa e antidemocrática, é factor agravado de preocupação.

Sejamos realistas, sérios e democratas. Só pode haver democracia quando existe respeito pela vontade popular, independentemente das escolhas que esta promova.
Sejamos conscientes: a esquerda portuguesa está a chegar ao fim, e os novos rumos de uma democracia cristã, humanista, apelando à família, e aos princípios fundamentais da nossa nacionalidade, contribuirão de forma decisiva para uma nova qualidade de vida para todos neste País.

Força Portugal!