Quando a nossa memória colectiva, misturada com a História e
as estórias, se juntam num enredo ficcionado que contorna o tempo, subvertendo
os tempos e trazendo para a actualidade os sentimentos, as sensações e a
sensibilidade de eras e lugares que marcaram o dia-a-dia de Portugal e dos
Portugueses, criam-se as condições para um romance marcante e inesquecível que
nos conduz para uma realidade verdadeiramente diferente.
Neste seu romance “O Meu Pecado” é precisamente isto que a
escritora Celeste Cortez faz. No estilo irrepreensível a que já nos habituou,
utilizando uma linguagem simples que reforça o interesse na história e na
caracterização dos personagens, a autora contrasta a singularidade linguística
com a profundidade e complexidade dos sentimentos e sensações que utiliza para
construir o fio condutor da narrativa.
O leitor, que literalmente embarca nas deambulações de
Ritinha pelos diversos cenários de um Portugal ultramarino, rapidamente se
perde no interessante cruzamento dos narradores que vão dando forma à história
destes encontros e desencontros que são, afinal, o grande pecado da vida
contemporânea…
O romance “O Meu Pecado” faz parte da plurifacetada obra de
Celeste Cortez, que compreende também o romance “Mãe Preta” e uma produção
poética digna de referência no panorama cultural do nosso Portugal.