Por João Aníbal Henriques
Num tempo em que a educação vai
conhecendo uma realidade caracterizada pelo crescente e preocupante
desinteresse dos alunos e das famílias relativamente à escola, importa ponderar
qual é, de forma efectiva, o significado da nossa escola para Portugal e para
os Portugueses.
De facto, em linha com a
progressiva diminuição da exigência, visível sobretudo nos processos de
avaliação de conhecimentos, e que se explica pela necessidade de o País atingir
à força as médias de resultados que caracterizam outros Países da Europa,
Portugal apresenta taxas de absentismo e de abandono verdadeiramente
preocupantes e aparentemente inexplicáveis.
Pois se a exigência é cada vez
menor; pois se o trabalho é cada vez menos; pois se a disciplina, o comportamento
e as práticas dentro da escola, são cada vez mais permissivas; porque razão é
que os alunos abandonam uma escola onde têm tudo para se sentir bem e
perspectivas excelentes em termos de resultados?
E a única explicação plausível,
sublinhada, aliás, em dezenas de reportagens jornalísticas e em entrevistas
feitas sobre o tema, é só uma: a insignificância da escola. Para esta nova
geração, a escola significa cada vez menos. Tendo deixado de ser um garante de
empregabilidade e mantendo as portas fechadas à família e à comunidade, de
costas viradas para a realidade envolvente, a escola nada diz aos Portugueses.
Mas contrariamente ao que muitos
querem fazer crer, a explicação para este preocupante fenómeno foi dada em
1976, quando foi aprovada a primeira versão da Constituição que temos. Nessa
altura, apercebendo-se da importância do assunto, a Assembleia Constituinte
integrou a liberdade de escolha da escola como um dos direitos básicos de
cidadania.
Só que em 2014, 38 anos depois de
aprovada, Portugal ainda não cumpriu essa obrigação constitucional e a
liberdade continua sem chegar ao sector educativo!
Conclusão: num País onde os pais estão
impedidos escolher a escola dos seus filhos, e onde ela é imposta centralmente
pelo Estado sem qualquer espécie de critério que garanta que a mesma é a mais
adequada aos desejos, às expectativas e ao projecto de vida da criança, fácil se
torna perceber a falta de significado que a escola tem para a generalidade dos
Portugueses… e isso condena o futuro de Portugal.