Instado por Joaquim Veríssimo Serrão a pronunciar-se sobre a existência de Portugal depois da revolução de 1974, Marcello Caetano perspectiva um País dependente e destituído de soberania, num quadro generalizado de pobreza (de riqueza e de valores), que na sua opinião viria a determinar um cenário de transversal anomia que afectaria o bem-estar e a disponibilidade dos Portugueses: “Sem o Ultramar estamos reduzidos à indigência, ou seja, à caridade das nações ricas, pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional. Para uma nação que estava em vésperas de se transformar numa pequena Suíça, a revolução foi o princípio do fim. Restam-nos o Sol, o Turismo, a pobreza crónica e as divisas da emigração, mas só enquanto durarem. Tal é o preço por que os Portugueses terão de pagar as suas ilusões de liberdade."