por João Aníbal Henriques
Parte integrante do antigo
Castelo do Redondo, no Alentejo, a Porta da Ravessa é, mercê de uma acção de
marketing associada a uma marca de vinhos, um dos mais conhecidos e procurados
monumentos históricos daquela região.
Marcando inicialmente a linha da
frente na defesa das fronteira nacionais, num sistema complexo que integrava
ainda os castelos de Estremoz, Monsaraz e Portel, o Castelo do Redondo
apresenta uma formulação espacial simples, promovendo a integração do núcleo
urbano mais antigo da localidade. Tendo feito parte do conjunto de fortalezas
recuperadas pelo Rei Dom Dinis no Século XIV, terá tido a sua origem em período
muito mais recuado, provavelmente durante o domínio muçulmano , aproveitando
uma possível estrutura defensiva de carácter mais precário que ali havia sido
construída pelos romanos.
A estrutura actual, no entanto,
mantendo basicamente inalterada a traça original, deverá bastante mais recente,
reforçando a convicção generalizada de que a povoação que hoje temos resulta de
um processo histórico marcado pela consolidação da nacionalidade já no final da
Idade Média.
A Porta da Ravessa, localizada a
Norte do recinto amuralhado, também é conhecida como Porta do Sol, definindo a
protecção do eixo viário que ligava Évora a Badajoz. Nela se centrava, pelo
enquadramento urbano de que é peça central, a estrutura administrativa da
localidade, facto ainda hoje visível na presença das marcas da vara e do côvado
que fomentam a celebridade deste monumento.
Expressão maior das
potencialidades do Alentejo, a Porta da Ravessa é um bom exemplo da forma como
o património histórico se afigura essencial na determinação da Identidade e da
Cidadania, num processo mais amplo e pragmático que determina a condição
essencial da própria democracia.