por: João Aníbal Henriques
Contrariando uma época insólita que Portugal está atravessar, na qual a tónica Nacional (ao contrário do que sempre aconteceu na História Nacional) é colocada no Ter e não, como sempre foi, no Ser, partiram esta semana para a China os atletas que vão representar o País nos Jogos Paraolímpicos.
A comitiva Portuguesa, ao contrário do que aconteceu com muitos dos participaram na comitiva dos Jogos Olímpicos, parte cheia de pretensões e com aspiração elevada em termos de resultados.
A expectativa, mais do que nos rankings mundiais, nos quais, assim mesmo, os atletas Portugueses estão genericamente bem (e muito bem) classificados, centra-se quase em exclusivo no esforço extremo, na dedicação absoluta e no brio que todos (atletas, treinadores e acompanhantes) levam consigo. O motivo para tal, uma vez mais dando lições de desportivismo aos que já chegaram, é simples de perceber: deram tudo o que podiam e estão convictos de que farão o seu melhor quando começarem a competir. E isso, no que ao desporto Nacional concerne, é por si só uma vitória expressiva e extraordinária para o País.
Tal como nos Jogos Olímpicos, nos Paraolímpicos só participam os melhores. Estar colocado a esse nível, e ter a oportunidade de ali competir, é por si só sinónimo de uma qualidade que dignifica o atleta e Portugal. Os resultados, que ainda para mais estes atletas estão habituados a alcançar, são de somenos importância face ao orgulho que Portugal sente em ter esta gente a assumir a responsabilidade e o desafio de representar a Nação.
As histórias de vida; os percalços do dia-a-dia; as vicissitudes do destino; e as dificuldades que acompanham a preparação e a competição, foram inexoravelmente maiores para estes atletas do que para a maioria de nós. E eles, contrariando o destino e as curvas inóspitas da vida, ultrapassaram-se a si próprios e conquistaram batalhas que para a generalidade dos Portugueses parecem impossíveis de alcançar.
Por outro lado, na sua vida profissional, é notório o sucesso que caracteriza a vida de quase todos. De médicos a arquitectos, passando por profissões física e intelectualmente exigentes e desgastantes, os atletas paraolímpicos Portugueses formam uma equipa de qualidade incontornável, na qual a dedicação e o esforço (no caso deles duplicado pelos problemas que enfrentam) são marca perene que consolida ainda mais as conquistas que lograram alcançar.
O terem ido a Pequim e o estarem lá; tudo aquilo que isso significa em termos de investimento pessoal de cada um deles; e a postura honrada, confiante e plena de brio com que lá estão; são motivos de sobra para o grande orgulho que Portugal sente.
Apesar de desconsiderados face aos primeiros, nos quais deviam estar integrados, os Jogos Paraolímpicos são necessariamente o supra-sumo do desporto Mundial! Porque como nos outros, estão lá os melhores, os mais esforçados, e aqueles que, com o seu trabalho e espírito superaram a condição Humana à qual todos estamos sujeitos e os obstáculos que a vida lhe trouxe.
Ao fazerem isso, assumem condição de heróis, como acontecia com os cidadãos da Grécia antiga que triunfavam nas Olimpíadas…
Merecem, por tudo isso, o apoio, o tributo e a gratidão de Portugal.