Depois de setecentos anos de História, Portugal percebeu que muito embora pareça separar, o destino do mar é reunir as pessoas. Com uma costa extraordinária pela extensão e pela beleza, somente a partir do Século XIX é que os portugueses se decidiram a aproveitar as potencialidades do seu Oceano. Paço d’Arcos, com a sua praia ilustre e as suas casas bonitas, foi das primeiras localidades portuguesas a transformar-se num moderno centro de veraneio.
Muito embora seja anterior a 1698, conforme se comprova pela inscrição existente no seu interior, a Igreja do Senhor Jesus dos Navegantes, em Paço d’Arcos, foi totalmente reedificada em 1877. Apesar do seu ar austero, e de um carácter eminentemente piscatório, foi o primeiro sinal visível da enorme e perene ligação que a localidade manteria em permanência com o mar.
Nos dias de temporal, quando as correntes e as ondas do mar se uniam para impedir o trabalho dos marinheiros, era na Igreja do Senhor Jesus dos Navegantes que todos se reuniam, rezando em uníssono pela melhoria das condições. Paço d’Arcos, nessa altura um mero lugar quase incógnito do Termo de Oeiras, estava marcado pelos arcos bem desenhados do seu palácio, rendendo-se inteiramente ao que de bom e de mau lhe traziam as ondas do Oceano.
A partir do Século XIX, quando as grandes cidades se vão transformando em espaços pesados com os resquícios das primeiras actividades industriais, o mar, o sol e a praia ganham outro valor, depressa se assumindo como a fuga possível às muitas epidemias e doenças que começavam a aparecer.
De acordo com Ana Gaspar, o alastramento da ideia de praia está directamente relacionada com os avanços na higiene pública, uma vez que a postura médica a define como método de profilaxia e tratamento de inúmeras doenças. A tuberculose, principal enfermidade desse tempo, mata cada vez mais doentes, transformando-se numa enorme praga que constrange a vida quotidiana e transforma mentalidades.
É precisamente nesta época e clima que Paço d’Arcos floresce, juntando ao seu velho palácio e à ancestral igreja, toda uma panóplia de novas construções que vão transformando por completo a face da vila. A inauguração do Caminho de Ferro entre Pedrouços e Cascais, em 1889, veio democratizar o acesso à água e ao mar, facto que ajudou a alterar ainda mais os hábitos requintados da velha aristocracia lisboeta.
Habituados a utilizar as praias semi-desertas dos subúrbios mais próximos da Capital, como Belém, Pedrouços ou Algés, os aristocratas lisboetas viram-se invadidos por inúmeros veraneantes de condições social diferente da sua que, com a modernização dos transportes, viam facilitado o acesso àqueles locais. Para todos os que não possuíam condições económicas para alugar casa junto à praia, os novos transportes representavam a possibilidade de passar alguns dias a banhos.
Procurando fugir do contacto pernicioso dos novos turistas, a aristocracia vai-se afastando de Lisboa, assumindo-se Paço d’Arcos como local privilegiado de veraneio. Pouco desenvolvida em termos estruturais, e por isso detentor da possibilidade de edificação de inúmeras habitações construídas de acordo com os mais modernistas valores da época, a localidade estava ainda bastante próxima da capital para permitir contactos rápidos em caso de necessidade, e suficientemente distante para resguardar o contacto social indesejado.
É nesta época distante que surgem em paço d’Arcos inúmeros chalets ao gosto suíço, bem como uma actividade comercial invejável, que satisfazia todos os desejos dos veraneantes. A publicidade, agora entendida como principal factor incentivador do usufruto destes espaços, é pródiga em anúncios que garantiam higiene, segurança e limpeza.
Unindo o útil ao agradável, as ilustradas senhoras de Lisboa encontravam em Paço d’Arcos as melhores profilaxias para os seus males, e uma sociedade ilustre e requintada que durante a noite se perdia por entre as inúmeras festas e espectáculos que por ali se realizavam. Ramalho Ortigão, nas suas “Praia de Portugal”, afirma ser Paço d’Arcos a praia aristocrática dos subúrbios de Lisboa: “... as caleches, os criados, as librés dos senhores ministros, as saute-en-barque de flanela e os chapéus canotier dos jovens senhores adidos de embaixada espargem nos passeios um aspecto de côrte, que os olhos admitidos aos grandes esplendores agradecem, bem como um perfume de moda que aceitam reconhecidos os narizes haut-placés”.
Para este clima festivo e aristocrático contribuía também a permanência em veraneio de El-Rei Dom Fernando e da sua esposa Condessa d’Edla, normalmente instalados no Palácio Bessone, junto ao rio. Esplendoroso, fino e delicado, são apenas alguns dos adjectivos utilizadas por Branca Gontha Colaço e Maria Archer quando descrevem o grandioso baile de despedida do ilustre Soberano numa das suas estadias em Paço d’Arcos.
Muito embora tenha perdido, em prol de Cascais e dos estoris, o esplendor de outros tempos, Paço d’Arcos continua a ser “a antiga praia das supremas elegâncias”.
Muito embora seja anterior a 1698, conforme se comprova pela inscrição existente no seu interior, a Igreja do Senhor Jesus dos Navegantes, em Paço d’Arcos, foi totalmente reedificada em 1877. Apesar do seu ar austero, e de um carácter eminentemente piscatório, foi o primeiro sinal visível da enorme e perene ligação que a localidade manteria em permanência com o mar.
Nos dias de temporal, quando as correntes e as ondas do mar se uniam para impedir o trabalho dos marinheiros, era na Igreja do Senhor Jesus dos Navegantes que todos se reuniam, rezando em uníssono pela melhoria das condições. Paço d’Arcos, nessa altura um mero lugar quase incógnito do Termo de Oeiras, estava marcado pelos arcos bem desenhados do seu palácio, rendendo-se inteiramente ao que de bom e de mau lhe traziam as ondas do Oceano.
A partir do Século XIX, quando as grandes cidades se vão transformando em espaços pesados com os resquícios das primeiras actividades industriais, o mar, o sol e a praia ganham outro valor, depressa se assumindo como a fuga possível às muitas epidemias e doenças que começavam a aparecer.
De acordo com Ana Gaspar, o alastramento da ideia de praia está directamente relacionada com os avanços na higiene pública, uma vez que a postura médica a define como método de profilaxia e tratamento de inúmeras doenças. A tuberculose, principal enfermidade desse tempo, mata cada vez mais doentes, transformando-se numa enorme praga que constrange a vida quotidiana e transforma mentalidades.
É precisamente nesta época e clima que Paço d’Arcos floresce, juntando ao seu velho palácio e à ancestral igreja, toda uma panóplia de novas construções que vão transformando por completo a face da vila. A inauguração do Caminho de Ferro entre Pedrouços e Cascais, em 1889, veio democratizar o acesso à água e ao mar, facto que ajudou a alterar ainda mais os hábitos requintados da velha aristocracia lisboeta.
Habituados a utilizar as praias semi-desertas dos subúrbios mais próximos da Capital, como Belém, Pedrouços ou Algés, os aristocratas lisboetas viram-se invadidos por inúmeros veraneantes de condições social diferente da sua que, com a modernização dos transportes, viam facilitado o acesso àqueles locais. Para todos os que não possuíam condições económicas para alugar casa junto à praia, os novos transportes representavam a possibilidade de passar alguns dias a banhos.
Procurando fugir do contacto pernicioso dos novos turistas, a aristocracia vai-se afastando de Lisboa, assumindo-se Paço d’Arcos como local privilegiado de veraneio. Pouco desenvolvida em termos estruturais, e por isso detentor da possibilidade de edificação de inúmeras habitações construídas de acordo com os mais modernistas valores da época, a localidade estava ainda bastante próxima da capital para permitir contactos rápidos em caso de necessidade, e suficientemente distante para resguardar o contacto social indesejado.
É nesta época distante que surgem em paço d’Arcos inúmeros chalets ao gosto suíço, bem como uma actividade comercial invejável, que satisfazia todos os desejos dos veraneantes. A publicidade, agora entendida como principal factor incentivador do usufruto destes espaços, é pródiga em anúncios que garantiam higiene, segurança e limpeza.
Unindo o útil ao agradável, as ilustradas senhoras de Lisboa encontravam em Paço d’Arcos as melhores profilaxias para os seus males, e uma sociedade ilustre e requintada que durante a noite se perdia por entre as inúmeras festas e espectáculos que por ali se realizavam. Ramalho Ortigão, nas suas “Praia de Portugal”, afirma ser Paço d’Arcos a praia aristocrática dos subúrbios de Lisboa: “... as caleches, os criados, as librés dos senhores ministros, as saute-en-barque de flanela e os chapéus canotier dos jovens senhores adidos de embaixada espargem nos passeios um aspecto de côrte, que os olhos admitidos aos grandes esplendores agradecem, bem como um perfume de moda que aceitam reconhecidos os narizes haut-placés”.
Para este clima festivo e aristocrático contribuía também a permanência em veraneio de El-Rei Dom Fernando e da sua esposa Condessa d’Edla, normalmente instalados no Palácio Bessone, junto ao rio. Esplendoroso, fino e delicado, são apenas alguns dos adjectivos utilizadas por Branca Gontha Colaço e Maria Archer quando descrevem o grandioso baile de despedida do ilustre Soberano numa das suas estadias em Paço d’Arcos.
Muito embora tenha perdido, em prol de Cascais e dos estoris, o esplendor de outros tempos, Paço d’Arcos continua a ser “a antiga praia das supremas elegâncias”.