segunda-feira

Espionagem e Contra-Espionagem em Terras do Estoril





Num dia tenebroso em plena Segunda Guerra Mundial, quando pela Europa se morria aos milhares, no Estoril mantinha-se a calidez de outros tempos. 

Dias de sol e mar, onde a Praia do Tamariz se transformava em passarelle para os melhores e mais ousados fatos-de-banho daqueles tempos… fingia-se que a guerra não existia e que toda aquela gente que por ali deambulava não era espiões e contra-espiões; que não tinham sido enviados pelos nazis e pelos aliados para tentarem perceber o que é que por ali se passava. E não se percebia nada. Não se sabia quem pertencia a cada lado e ali, lado a lado no casino, partilhando as moedas que iam enchendo as máquinas da sorte e as bebidas que tal como se tudo fosse uma festa iam rodando, todos fingiam não perceber o que se passava. Nem quando no Hotel Atlântico surgiu hasteada a bandeira Alemã. Todos fingiram não ver esse acto ultrajante e as coisas continuaram como dantes.




Também o escritor Inglês Ian Fleming esteve hospedado no Hotel Palácio. 

Diz-se que também ele era espião ao serviço dos aliados, mas na prática ninguém sabe se ele o era de facto e, sendo, que lado da guerra é que servia. O certo é que ele encontrou no Estoril um cenário improvável de continuado e completo fingimento. Nada era aquilo que parecia ser a folia imperava nos sorrisos permanentes, nos courts de ténis, nas piscinas, no casino, nos átrios dos hotéis e no golfe… como se não fosse nada e não morressem lá fora, logo ali do outro lado da fronteira, milhares de pessoas quotidianamente. E nasceu James Bond. O espião improvável, campeão do glamour e envolto nos enredos que Hollywood se habituou a explorar. 





Mas esse cenário era o dia-a-dia do Estoril. De um Estoril onde tudo era possível e no qual a lógica de outros locais não imperava.