Ao longo dos últimos anos foram
paulatinamente desaparecendo as referências que durante muitas décadas deram
forma à identidade comercial de Cascais... da Casa Tomaz até ao Faraó, quem não
se lembra do Café Tavares, da Casa do Mário, da Tabacaria Triunfo, da União
Eléctrica Cascaense, do Átomo, da Galera, da Glória, do Cesteiro, do António de
Alvide ou da Casa Torrado?
por João Aníbal Henriques
Mercê da evolução dos tempos, da
morte dos comerciantes que as conceberam e das crises sucessivas que têm
afectado o comércio tradicional, Cascais tem vindo a perder os pilares
comunitários que ao longo de muitas gerações sustentaram uma forma de ser e de
estar que consolidou a vocação cosmopolita da vila e, acima de tudo, tornou
possível o sucesso extraordinário alcançado pela Região de Turismo do Estoril.
Agora as coisas funcionam a um ritmo
diferente e os interesses de Cascais têm obrigatoriamente de se adaptar aos
tempos em que outros interesses se lhes sobrepõem...
Exemplo disto é o que se prepara
para fazer à Pastelaria Bijou, situada no Largo Camões, e que é hoje uma das últimas referências históricas do comércio de Cascais. Reconhecida pela sua longa
história mas, sobretudo, pela extraordinária qualidade dos seus produtos e pela
simpatia e profissionalismo dos que nela trabalham, a Pastelaria Bijou vai
assistir a uma redução administrativa dramática da sua esplanada que, para além
de comprometer a sua viabilidade comercial, vai significar necessariamente mais
uma machadada na oferta do comércio Cascalense, que cada dia que passa se vai
transformando cada vez mais num imenso Martim Moniz.
Sendo incompreensível a cegueira
administrativa das entidades oficiais e notória a sua incapacidade para
conhecer e reconhecer o que ainda resta da antiga e saudosa Identidade
Cascalense, fica a certeza de que a concretizar-se, o desaparecimento da Bijou
será mais um passo no sentido da anomia crescente que o poder partidário tem
vindo a impor a Cascais.
Pedro Canelas, o proprietário da
Pastelaria Bijou, fundador da Fundação Cascais e Cascalense assumido na defesa
intransigente dos interesses de Cascais, integrou listas candidatas à autarquia
de Cascais num partido diferente daquele que hoje controla a Nossa Terra.
Que tristeza o que está a acontecer em Cascais...