Em 1999, no âmbito da preparação das propostas da Fundação Cascais no processo de revisão do Plano Director Municipal, estivemos com Filipe Soares Franco e Pedro Cardoso, numa reunião com responsáveis pela CP para conhecermos a real situação em que se encontrava a linha de comboios de Cascais.
Nessa altura (já lá vão 16 anos)
conhecemos a realidade dramática com a qual nos debatíamos: Uma linha
tecnicamente em fim de vida, com problemas variados e muito graves e,
sobretudo, com a necessidade de uma intervenção estrutural urgente que
permitisse a alteração da bitola da linha para que nela pudessem circular
comboios mais modernos.
A substituição do material
circulante era já nessa altura impossível por não existirem comboios novos à
venda no mercado e por estar a acabar o stock de peças. E a manutenção do que
existia, depois de muitas décadas de trabalho, começava a ser tarefa cada vez
mais complicada, por serem muitos e graves os problemas que iam surgindo
quotidianamente.
Alertadas as entidades oficiais,
desde o governo de então até à autarquia, passando pelos partidos políticos da
oposição e pelos muitos autarcas que nos diversos órgãos municipais
representavam e diziam defender os interesses dos Cascalenses, ninguém se
importou realmente com o que estávamos a dizer.
A esperança de vida da linha era,
nessa altura, superior a um mandato eleitoral e, por isso, seria problema que
teria de se resolvido por quem viesse governar Cascais mais para a frente…
Esta semana, quase duas décadas
depois desse nosso alerta, a CP veio anunciar uma redução dramática de 51
comboios diários na linha de Cascais. Com reduções de horários, que ficam a
dever-se à falta de material e não à falta de utentes, esta redução configura
um importante revés para a vida dos milhares de passageiros que diariamente utilizam
a Linha de Cascais, e também para as acessibilidades turísticas à Costa do
Estoril.
Há 16 anos atrás, quando tornámos
público este problema e o incluímos no conjunto de propostas que entendíamos que
deveriam constar na revisão do PDM, ninguém quis saber e os actuais autarcas de
Cascais, que nessa altura já eram autarcas, assobiaram para o lado e fingiram
que não era nada com eles.
Agora, perante as evidências,
todos gritam de forma unânime! Agora, tentando rentabilizar a seu favor o
desencanto e o descontentamento dos utentes, já todos se preocupam com o que
está a acontecer. Porque é este o Cascais que temos.