Reza a lenda que durante o
período de ocupação filipina, o edil de Cascais apoiava a causa dos
usurpadores espanhóis e que traía Portugal…
Ora vivia nesta altura na velha
vila piscatória um judeu velhaco que ocupava os seus dias à procura de
estratagemas para afrontar o poder e para se impor aos grandes senhores que oprimiam
o seu povo. Atencioso, rico e influente, o
dito Judeu começou a enviar diariamente ao edil de Cascais uma bandeja de ouro
com os melhores figos da sua quinta.
Do alto da sua sobranceria, o senhor
de Cascais tomou o acto como um gesto de simpatia muito usual naquela época
para ganhar os favores daqueles que governavam o concelho. E deleitava-se com
os figos oferecidos pelo judeu, não se coibindo de lhes gabar o extraordinário
e único odor que tanto apreciava e que o deixava tão satisfeito.
Mas um dia, quando o judeu foi
preso pela inquisição, foi instado a contar publicamente os seus segredos. E
eis que, para gáudio dos Cascalenses que defendiam a sua pátria contra os
interesses estrangeiros, explicou o estranho e inesperado odor que tanto
agradava ao senhor de Cascais…é que, antes de os enviar ao edil, o judeu
passava-os pelo rabo e era ali que eles ganhavam o aroma que conquistara o
palato do senhor cascalense!
Assim nasceu, com força de uma lição que perdura ao longo
dos séculos, a lenda dos “Figos de Cascais”, popularmente conhecida como a lenda dos “Figos de Rabadilha”.