por João Aníbal Henriques
Existem em encontros que dependem
das estrelas e que dão corpo ao destino. São aqueles momentos, aquelas
situações e aquelas pessoas que chegam à nossa vida sem as procurarmos,
unicamente como frutos de uma vontade extraordinária que gere a nossa vida e
nos transcende.
Foi o que aconteceu com a
poetista e escritora Lucilla Guedes, Brasileira e Mineira crescida na Cidade de
Curitiba, que me chegou por via de um “gosto” colocado num dos meus perfis
digitais perdidos na imensidade deste oceano de novas tecnologias que
avassaladoramente nos envolve e nos traga a todo o momento.
E foi, logo desde esse primeiro
embate, uma experiência sentida de um mergulhar intenso num conjunto de emoções
muito fortes que a autora consegue partilhar connosco, mesmo afastada por um
imenso oceano, traduzindo em palavras aquilo que em nós se dilui nos laivos íntimos
de um mero pensamento. No seu site de poesias (AQUI) perdemo-nos nos sonhos e
nos devaneios de uma teia onírica de sensações que a escritora interpreta,
trabalha e consegue publicar. Lucilla Guedes, a poetista de Curitiba que tão
longe se encontra daquilo que somos, sentimos e pensamos, consolida na sua arte
a mais profunda sensibilidade, por vezes maior e mais arreigada do que a
daqueles que estão mesmo aqui ao lado.
Mas o que nos trás aqui hoje não
é a poesia dela. Nem sequer a capacidade de transcender o espaço físico e o
tempo que nos separa. Neste seu primeiro livro que é simultaneamente a sua
primeira incursão no mundo do romance, Lucilla Guedes teve a coragem de avançar
por lugares-comuns e estados-de-alma que parecem ser mais do mesmo do que se
vai fazendo no mundo da literatura um pouco por todo o lado. Ela trata do amor,
das quimeras sentimentais de alguém que está a crescer e a procurar o seu
espaço num mundo de adultos onde as coisas são literalmente postas daquelas que
imaginamos na infância, e passeia alegremente pelo devir de uma vida mesclada
de incertezas e infortúnio como o fazem a maior parte daqueles que têm a
coragem de escrever e publicar o que fazem…
No entanto, no seu romance de
estreia intitulado “Alice no País do Amor”, publicado pela Chiado Editora,
Lucilla Guedes arrasa completamente as expectativas que o livro nos trás e
transcende largamente o “mais-do-mesmo” que enche normalmente os escaparates.
Partindo deste conjunto de sentimentos e sensações tao comuns e tão
expectáveis, ela consegue transportar-nos através de uma aventura literária
profunda e marcante como raramente acontece na actualidade.
“Alice do País do Amor” é um
livro que se lê de repente e de um só trago. Não porque seja demasiado simples
ou fácil, mas porque nos absorve desde a primeira página, captando os sentidos
e a paz de espírito de quem a lê e transportando os leitores para um universo
partido entre a realidade imaginada pela autora e a verdade que dá corpo e
sustenta a vida quotidiana de todos nós. Torna-se quase difícil caracterizar
este livro… não tanto porque seja difícil fazê-lo, mas porque ele integra a
sensibilidade de uma poetisa de excepção transcendendo-o num quadro literário
mais elaborado que imensamente o ultrapassa.
Lucilla Guedes, a artista e poetisa
que é desde sempre, tem a arte de transformar numa narração romanceada os
laivos de sensibilidade que lhe enchem a Alma. Sente-se, intui-se e disfruta-se
em cada página, num exercício subliminar de arte que é difícil de alcançar!
Vale a pena comprar, ler e reler
e… guardar. “Alice no País do Amor” é um livro que nos marca e que, quando
tiver sequela, certamente passará a
fazer parte da história literária do Brasil e de Portugal.