por João Aníbal Henriques
Situada no preciso local onde
actualmente se encontra a estação de comboios, existiu até ao grande terramoto
de 1755, uma das mais magníficas igrejas de Cascais. Cabeça da freguesia da
Ressurreição de Cristo, que se estendia até à margem Nascente da vetusta
Ribeira das Vinhas, a freguesia congregava os mais abastados cascalenses da sua
época.
Dedicada à Ressurreição de Jesus Cristo,
a igreja matriz possuía nove altares que davam forma à sua nave central: Santa
Bárbara, Nossa Senhora da Purificação, São Francisco, Santo André, Nossa
Senhora da Vitória, Nossa Senhora de Guadalupe, Santiago Apóstolo, Nossa
Senhora dos Remédios e Senhor Jesus.
Na manhã de 1 de Novembro de 1755
o terrível Terramoto de Lisboa destruiu-a por completo, gerando um cenário de
ruína que o prior de então entendia ser irrecuperável, tal como se pode ler nas
“Memórias Paroquiais” que dão conta da amplitude da catástrofe.
Mesmo assim, na pobreza extrema
em que viviam nessa altura terrível, os pescadores de Cascais ainda se
quotizaram para recuperar a sua igreja. Mas infelizmente não foi possível
concretizar esse seu sonho e a velha igreja transformou-se numa mera recordação
que perdurou ao longo de muitas gerações na memória colectiva dos cascalenses.