Ventos ciclónicos, chuva
torrencial entremeada de granizo, temperaturas muito reduzidas e 100% de
humidade foram o cenário de mais uma aventura SerCascais pelos cantos e
recantos do Concelho de Cascais.
Numa improvável madrugada de
Sábado de Janeiro, desde o Cobre até ao Zambujeiro, Isabel Magalhães, Pedro
Rocha dos Santos e João Aníbal Henriques seguiram as passadas do saudoso
Cascalense Armando Penin Villar através do curso da Ribeira das Vinhas e atravessando
a velhinha Quinta das Patinhas.
Armando Penin Villar
Nascido em Cascais a 6 de
Setembro de 1889, Armando Penin Gomes Villar foi uma das mais extraordinárias
figuras da História recente de Cascais. Antigo provedor da Santa Casa da
Misericórdia de Cascais, onde desenvolveu trabalho profícuo e que muitas
consequências teve no dia-a-dia dos Cascalenses e que se sentem até à
actualidade, Armando Vilar foi ainda dirigente da Sociedade Propaganda de
Cascais, Presidente da Cooperativa Agrícola de Cascais e dirigente do Estoril
Plage. Morreu em Lisboa, com 100 anos, em 1989.
Azenha do Zaganita
Mais à frente, numa paisagem
ambígua na qual se misturam os sons roucos dos automóveis que circulam a alta
velocidade no troço final da A5 com o rumor incessante da água que corre pelo
leito antigo da Ribeira das Vinhas, a Azenha do Zaganita. Perdida das suas
funções originais, e de há muito desconhecendo a mão sábia do moleiro que ali
produzia o milagre alquímico de transformar o Sol em alimento, transmutando os
grãos de cereal em pão, a azenha, inserida num conjunto variado de engenhos
interessantíssimo, é hoje uma ruína charmosa que uma futura gestão municipal
consciente e interessada não poderá deixar de aproveitar.
Penhas da Marmeleira
Depois, cruzado pelo sopro
incrível do vento que fustigava a cara e os membros trazendo até ao vale o frio
cortante da Serra de Sintra, o Parque Urbano das Penhas da Marmeleira. Com uma
paisagem deslumbrante e uma situação geofísica impossível de repetir, as Penhas
da Marmeleira fazem parte de um conjunto de sugestões efectuadas pela Fundação
Cascais no ano 2000 e que a Autarquia Cascalense, pela mão do antigo edil
António Capucho, foi capaz de concretizar. Agora, para que o avultadíssimo
investimento municipal não se perca em nova senda de abandono e incúria,
importa levar ali os Cascalenses e fomentar as condições para que eles possam
usufruir desta autêntica preciosidade extraordinárias que a maior parte ainda desconhece.
Fundação São Francisco de Assis e
o Zambujeiro
Por fim, junto ao Zambujeiro, o
carrascal antigo de Cascais é cortado pelas construções inesperadas da Fundação
São Francisco de Assis que, também ela com investimento municipal, recria uma
plataforma de recolha e de promoção da adopção de animais abandonados. Pena é
que, depois de tantos anos de boa gestão e de trabalho excelente, as instalações
estejam agora num aparente abandono, com a vedação virada a Nascente
completamente destruída. E que os animais, outrora bem cuidados nas instalações
pagas com o dinheiro dos munícipes, deambulem agora livremente pelo vale,
desesperando os poucos aventureiros que por ali teimam em seguir.
Porque vale a pena SerCascais!
Fica no fim a certeza reforçada
de que, mesmo apesar do temporal, do sofrimento da jornada e da inexplicável
incúria que transversalmente vai afectando a nossa terra, vivemos num espaço
verdadeiramente privilegiado, comprovando que vale mesmo a pena SerCascais!