Estávamos no ano de 1862, não
passando a Vila de Cascais de um pequeno
burgo piscatório, quando nela se instalou Joaquim António Velez Barreiros, Visconde
de Nossa Senhora da Luz, numa moderna casa de veraneio que mandou construir na
Vila Nova, antigo Alto da Bela Vista.
Este acontecimento, que poderia
ser fortuito no desenrolar do devir histórico da localidade, foi determinante para
a História de Cascais, marcando de forma definitivamente um processo de
modernização que, conjugado com a chegada da Corte e do Rei Dom Luís,
transformará definitivamente Cascais num dos mais cosmopolitas destinos
turísticos do Mundo. A chegada do Visconde da Luz, acompanhada por uma série de
benefícios que por sua iniciativa melhoraram drasticamente a vida na vila,
ofereceram a Cascais um laivo de contemporaneidade que alterou por completo a
vivência piscatória e ruralizante que a caracterizava até aí.
Acompanhando o Visconde da Luz,
muitos foram os lisboetas ilustres que escolheram Cascais para seu destino de
veraneio. E, em conjunto com o saudoso Presidente da Câmara João de Freitas
Reis, foram o motor de arranque de um conjunto de obras públicas que dotaram Cascais
de infraestruturas de excelência que culminaram na escolha da Vila por parte
do Rei e da Corte.
Por postura camarária de 24 de
Maio de 1860, já por sugestão do Visconde da Luz, João de Freitas Reis cria a
nova estrada entre Cascais e Oeiras, obra fulcral no desenvolvimento das
comunicações entre a Foz do Tejo e a Capital. Paralelamente, a mesma postura
determina ainda que todos os carros, ómnibus, seges e bestas somente pudessem
transportar pelo empedrado, sob pena de multa. Para o embelezamento desta
importante via pública cedeu a câmara, a instâncias do Visconde da Luz, as
varas necessárias para protegerem o crescimento das árvores então plantadas.
Foi esta postura, assente no
pressuposto de que valia a pena apostar numa dinâmica diferente para a Vila de
Cascais, que gerou a onda de mudanças que caracterizam esta terra daí por
diante. O Visconde da Luz, ainda antes de ter efectivamente passado a residir
em Cascais, foi figura determinante na definição de um modelo urbano que
assentava na qualidade de vida de todos aqueles que habitavam na localidade. E
foi, por esse motivo, o grande impulsionador do Cascais que hoje (ainda) temos.
(Imagens Real Villa de Cascaes)