Documentos recentemente divulgados pela chancelaria dos Estados Unidos comprovam que a invasão de Timor pela Indonésia esteve muito longe de ter sido o ataque unilateral e terrorista que se relata nas nossas aulas de História. Antes pelo contrário. Foi previamente do conhecimento dos EUA, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e mais tarde de Portugal, que criaram as condições políticas para que acontecesse.
De facto, com Sukarno à frente dos seus destinos, a Indonésia era desde finais dos anos 60 uma potência em franco crescimento. Os Estados Unidos da América, o Reino Unido, a Nova Zelândia e a Austrália, por motivos variados, construíam nessa altura relações bilaterais privilegiadas com a potência emergente, negociando directamente com a Indonésia questões relacionadas com as suas pretensões territoriais e utilizando como moeda de troca os interesses vários que todas tinham no petróleo existente na região.
Em reunião secreta ocorrida em Washington em 1963, as quatro potências concluíram que teriam de aceitar Timor-Leste como parte da Indonésia, pois esta seria a única forma de apaziguarem os ânimos do gigante asiático e, desta forma, assegurarem o seu próprio acesso ao petróleo. Nessa reunião, da qual não resultou nenhum contacto ou informação a Portugal, todos combinaram que não se oporiam a uma eventual invasão perpetrada por Sukarno, e que preferiam deixar cair os tratados e a amizade com Portugal do que perder as boas graças do novo poder indonésio.
Com a revolução de 1974, e a atabalhoada descolonização que Portugal levou a efeito, ficaram criadas as condições para o avanço da Indonésia e para o massacre de mais de vinte anos que dizimou uma parte substancial da população Timorense.
Mas nem assim a Indonésia avançou com os seus intentos.
Antes de passar à acção, que se concretizou somente em Dezembro de 1975, Sukarno avisou os Estados Unidos da sua pretensão, pedindo aos Norte-Americanos que não boicotassem a intervenção. A resposta de Washington, na qual teve parte activa o avisado Kissinger, não se fez esperar, e inclui um detalhe que faz toda a diferença na compreensão daquilo que foram as consequências cruéis e irresponsáveis do caos gerado pelo 25 de Abril. De acordo com a documentação Americana, a administração de Gerald Ford terá contactado o VI Governo Provisório de Portugal, liderado por Pinheiro de Azevedo, dando-lhe conta da eminência do ataque Indonésio a Timor-Leste. Portugal, em resposta, diz taxativamente que não vai opor-se à invasão, dando assim, de forma assumida, o seu apoio à pretensão de Sukarno e deixando nas suas mãos as vidas de milhares de Timorenses.
Afinal, parece que o denominado Ocidente teve muito pouca (ou nenhuma) consideração e/ou respeito pelos direitos humanos. O controle dos recursos petrolíferos e as pretensões políticas da Indonésia, EUA, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia, foram os únicos motivos ponderados em todo este enredo. O respeito pela vida dos Timorenses, que esteve em causa durante décadas, foi efectivamente um pormenor de segunda importância no processo.
Portugal, sem pudor, aceitou tacitamente tudo isto.
Quando em Agosto de 1999 oitenta por cento dos Timorenses optou pela independência num referendo promovido pelas Nações Unidas, esse mesmo Ocidente utilizou o argumento da defesa dos direitos humanos para suportar o seu apoio à pretensão e para consolidar o processo de independência relativamente à Indonésia. Mentiram descarada e cinicamente ao Mundo, aos Indonésios e aos Timorenses.
Portugal, sem pudor, participou mais uma vez na farsa, mostrando bem quais foram os princípios, os interesses e a motivação que estiveram na base da governação do País durante os anos negros a que muitos dos manuais escolares do nosso País ainda continuam a chamar "o nascimento da democracia"...
De facto, com Sukarno à frente dos seus destinos, a Indonésia era desde finais dos anos 60 uma potência em franco crescimento. Os Estados Unidos da América, o Reino Unido, a Nova Zelândia e a Austrália, por motivos variados, construíam nessa altura relações bilaterais privilegiadas com a potência emergente, negociando directamente com a Indonésia questões relacionadas com as suas pretensões territoriais e utilizando como moeda de troca os interesses vários que todas tinham no petróleo existente na região.
Em reunião secreta ocorrida em Washington em 1963, as quatro potências concluíram que teriam de aceitar Timor-Leste como parte da Indonésia, pois esta seria a única forma de apaziguarem os ânimos do gigante asiático e, desta forma, assegurarem o seu próprio acesso ao petróleo. Nessa reunião, da qual não resultou nenhum contacto ou informação a Portugal, todos combinaram que não se oporiam a uma eventual invasão perpetrada por Sukarno, e que preferiam deixar cair os tratados e a amizade com Portugal do que perder as boas graças do novo poder indonésio.
Com a revolução de 1974, e a atabalhoada descolonização que Portugal levou a efeito, ficaram criadas as condições para o avanço da Indonésia e para o massacre de mais de vinte anos que dizimou uma parte substancial da população Timorense.
Mas nem assim a Indonésia avançou com os seus intentos.
Antes de passar à acção, que se concretizou somente em Dezembro de 1975, Sukarno avisou os Estados Unidos da sua pretensão, pedindo aos Norte-Americanos que não boicotassem a intervenção. A resposta de Washington, na qual teve parte activa o avisado Kissinger, não se fez esperar, e inclui um detalhe que faz toda a diferença na compreensão daquilo que foram as consequências cruéis e irresponsáveis do caos gerado pelo 25 de Abril. De acordo com a documentação Americana, a administração de Gerald Ford terá contactado o VI Governo Provisório de Portugal, liderado por Pinheiro de Azevedo, dando-lhe conta da eminência do ataque Indonésio a Timor-Leste. Portugal, em resposta, diz taxativamente que não vai opor-se à invasão, dando assim, de forma assumida, o seu apoio à pretensão de Sukarno e deixando nas suas mãos as vidas de milhares de Timorenses.
Afinal, parece que o denominado Ocidente teve muito pouca (ou nenhuma) consideração e/ou respeito pelos direitos humanos. O controle dos recursos petrolíferos e as pretensões políticas da Indonésia, EUA, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia, foram os únicos motivos ponderados em todo este enredo. O respeito pela vida dos Timorenses, que esteve em causa durante décadas, foi efectivamente um pormenor de segunda importância no processo.
Portugal, sem pudor, aceitou tacitamente tudo isto.
Quando em Agosto de 1999 oitenta por cento dos Timorenses optou pela independência num referendo promovido pelas Nações Unidas, esse mesmo Ocidente utilizou o argumento da defesa dos direitos humanos para suportar o seu apoio à pretensão e para consolidar o processo de independência relativamente à Indonésia. Mentiram descarada e cinicamente ao Mundo, aos Indonésios e aos Timorenses.
Portugal, sem pudor, participou mais uma vez na farsa, mostrando bem quais foram os princípios, os interesses e a motivação que estiveram na base da governação do País durante os anos negros a que muitos dos manuais escolares do nosso País ainda continuam a chamar "o nascimento da democracia"...