O verdadeiro turbilhão político
que actualmente se vive em Itália, a braços com um processo eleitoral pouco
tradicional e a possibilidade de os resultados virem a complicar ainda mais a
já de si complicada vida política na Europa Federada em que nos meteram, levou
a que o histórico socialista Manuel Alegre, antigo candidato ao cargo de
presidente da república, tenha concluído publicamente que a situação actual é “o
início da implosão do sistema político tal como ele existe”.
Esta análise, óbvia no sentido em
que se torna fácil perceber que os resultados eleitorais naquele País assentam
num processo profunda e assumidamente demagógico que procura contornar a enorme
falta de credibilidade dos partidos políticos tradicionais, esbarra, no
entanto, nas conclusões que Alegre retira deste facto. Diz ele, que estes resultados são “uma rebelião contra
a democracia”.
E errou. Errou profundamente,
porque se o que está a acontecer em Itália é a prova mais evidente de que a
democracia partidária não é a solução para os problemas da Europa nem dos
países que a compõem, a reacção da população ajuda a perceber que o sistema que
temos não os represente e que, por isso, qualquer solução alternativa é considerada
melhor do que aquilo que actualmente temos.
Mas Manuel Alegre não percebeu, possivelmente
devido à incapacidade que tem de ver para além do sistema partidário em que
viveu toda a sua vida, que o resultado do que está a passar-se em Itália será
exactamente o reforço da democracia. Apesar do expectável fim dos partidos
políticos tradicionais, a nova dinâmica independente que está a nascer, e que
já vive nas expectativas e nos projectos de vida dos Europeus, resultará
inevitavelmente no reforço da representatividade popular e, por consequência,
no reforço da verdadeira democracia.
O vínculo cada vez mais forte dos
independentes, independentes dos partidos políticos tradicionais, dos
interesses que esses partidos representam e, sobretudo, da lógica organizada de
controle efectivo do Estado contra a vontade, o interesse e as dinâmicas da
população, resultará num novo paradigma político que dará forma a uma nova
Europa certamente unida mas não federada e assente no reforço identitário das nações
que a compõem.
Por isso, as cinco estrelas
independentes que despertaram os Italianos e aterrorizaram a Europa, mais não
são do que um primeiro passo no sentido de um verdadeira democracia. Livre e
Independente!