Por João Aníbal Henriques
Construída na sequência de um
voto formulado pela Princesa Dona Maria (futura Rainha Dona Maria I) de que
ergueria uma igreja e um convento no caso de conseguir ter um filho primogénito
varão, a basílica da Estrela, também conhecida poe ‘Real Basílica’ ou ‘Convento
do Santíssimo Coração de Jesus’ é um dos mais expressivos e impactantes
monumentos da Cidade de Lisboa.
Com traço do Arquitecto Mateus
Vicente de Oliveira, o templo era um misto de residência real, onde a rainha
Dona Mara se recolhia envolvida em pompa e em fausto que contrastava com a
natureza conventual que lhe havida dado forma, a Basílica da Estrela foi a
primeira igreja do Mundo dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, tendo servido
como convento Carmelita até à extinção das Ordens Religiosas, em 1834.
O carácter único do espaço, bem
expresso neste misto de palácio e convento, que ainda hoje é visível no
contraste profundo entre a pobreza assumida que existia nas celas clausurais e
a ostentação das zonas reservadas ao uso da rainha, consolida-se com a existência
no seu interior do mausoléu que alberga os restos mortais da própria Dona Maria.
A rainha é, aliás, a única monarca da Dinastia de Bragança que não está
sepultada no Panteão Nacional, descansando na Estrela pela sua expressa
vontade.
A cerimónia de consagração da
basílica, ocorrida em 1799, foi marcada pela presença das mais importantes
figuras e famílias do Reino, tendo ficado eternizada nas memórias de muitos
daqueles que tivera a oportunidade de estar presentes.
Uma das mais interessantes
versões desta cerimónia, em linha com a vontade da rainha de recentrar na
Estrela o culto Católico em Lisboa, encontra-se nas memórias da Marquesa de Alorna,
da Família Távora, que descreve com rigor o ambiente de fausto que se viveu
nesse dia.
Para além da monumentalidade do
edifício, e das especificidades arquitectónicas, existe ainda outros motivos de
interesse que reforça a premência de uma visita: o Presépio de Machado de
Castro e o pequeno terraço situado no topo do torreão, do qual se desfruta de
uma das mais extraordinárias (e menos conhecidas) vistas da Cidade de Lisboa.