Na mesma semana em que o Presidente
herdeiro da Venezuela Nicolás Maduro, decretou a diabolização do lucro, depois
de ter antecipado o Natal e criado o dia nacional de veneração ao falecido
presidente Hugo Chavez, e de assim ter condenado em definitivo a economia no
seu País a regredir para níveis de penúria que vão afectar os venezuelanos
durante muitos anos, morreu em Portugal o industrial Jorge de Mello (1921-2013).
Neto do fundador da CUF Alfredo da
Silva, a morte de Jorge de Mello marca o fim de uma era em Portugal. Mais do que
empresário, empreendedor e visionário empenhado, Jorge de Mello era um
industrial que acreditava que era possível fazer, não se compadecendo com a
mediocridade que quase sempre o envolveu.
Entre 1966 e 1975, enquanto líder
do Grupo CUF, foi responsável pela criação de dezenas de empresas e pela
política de expansão internacional que levou o nome de Portugal aos quatro
cantos do Mundo. Nesse período, com mais de 100.000 funcionários a seu cargo, a
política social da sua empresa impunha-se ao próprio Estado. Quando em Portugal
ainda não se falava de segurança social, cuidados de saúde e de tantos outros “direitos”
que hoje consideramos adquiridos e inquestionáveis, já o Grupo CUF os oferecia
aos seus funcionários, fruto da capacidade de visão de Jorge de Mello.
Depois de ter perdido tudo
durante a revolução de 1974, e de ter sido obrigado a refugiar-se no Brasil,
Jorge de Mello regressou a Portugal nos anos oitenta. Sem meias-palavras ou
ressentimentos, recomeçou praticamente do zero, e foi capaz de construir de
raiz um novo império empresarial que novamente se tornou responsável por uma
percentagem significativa da riqueza nacional.
Quando a crise internacional
constrange de forma dramática os horizontes deste País, e no estrangeiro vão retomando
forma as expressões mais inaceitáveis de perversão política, a figura de Jorge
de Mello vem provar que as dificuldades que atravessamos não são resultado dos problemas
conjunturais de que tanto se fala, mas sim da falta de homens como ele, que sejam
capazes de acreditar no futuro e de concretizar.
À data da sua morte, com 92,
Portugal deve-lhe pelo menos 5% do PIB…