por João Aníbal Henriques
O deslumbramento onírico que
transparece do Monte Estoril, resultante de mais de 130 anos de genialidade
promovida por aqueles que ousaram sonhá-lo e construí-lo, assenta na sua
monumentalidade e também numa comunidade socialmente coesa que partilha uma identidade
arreigada e irrepetível.
O seu plano de desenvolvimento
urbanístico, desenhado à priori num exercício perfeitamente inédito no Portugal
de então, espelha de sobremaneira a genialidade dos seus vários promotores.
Desde José Jorge de Andrade Torrezão, passando por Carlos Anjos e pelo Conde de
Moser e mais tarde pela singularidade humanística de figuras como João de Deus
Ramos e José Dias Valente, vários foram aqueles que definiram o Monte Estoril
que hoje temos.
O traçado das suas ruas, os
planos arquitectónicos das suas casas, as espécies vegetais escolhidas para
cada jardim, e até a forma como foram construídos os seus muros e definida a
sua linha de paisagem, foram algumas das peças que dotaram a localidade de um
charme que perdurou de muitas gerações e cujo eco, apesar de tudo, ainda hoje
se sente nos recantos encantados que sobreviveram à paulatina destruição.
Tendo sido, desde há muito tempo,
alvo da cobiça desmesurada e do despudor dos decisores político-partidários, o
Monte Estoril tem vindo a ser delapidado da sua riqueza com grave prejuízo para
a Identidade Municipal.
Com a aprovação e entrada em
vigor do novo Plano Director Municipal, em meados de 2015, seria expectável que
ficasse definitivamente traçada uma política de salvaguarda que protegesse o
Monte Estoril de futuros ataques à sua identidade. Mas não aconteceu assim.
Contrariando a orientação
política comum nos países que entendem a importância do património na definição
da identidade de um espaço e na qualidade de vida dos seus moradores, o actual
PDM limitou de forma extraordinária a listagem de imóveis com importância
patrimonial no Monte Estoril, e definiu um parcelamento territorial em unidades
designadas como ‘operativas’, cujo resultado principal é já a apreciação
casuística de cada projecto que para ali venha a ser apresentado.
O Monte Estoril fica assim, novamente, a depender da vontade, a perspectiva, da sensibilidade e dos conhecimentos de quem decide, sujeito às vicissitudes que nas últimas décadas o têm vindo a destruir progressivamente.
E são muitos os casos que são premente na definição do que se vai fazer no Monte Estoril nos próximos tempos. A construção do novo edifício onde se situava a Discoteca Bauhaus; as ruínas do antigo Hotel Miramar; o projecto de reconversão do Edifício Cruzeiro e a eventual demolição do picadeiro e da antiga sede do Grupo Desportivo Estoril-Praia; a mítica Vila Montrose; a Villa Baía; as cocheiras da Avenida das Acácias; a estação dos correios; a Villa Guarita; a Vivenda São Francisco; ou a Vivenda Boa-Vista; são apenas alguns exemplos de imóveis fundamentais para o futuro do onte Estoril aos quais tudo pode acontecer ao abrigo do novo PDM.
Às entidades oficiais que são responsáveis pelo futuro desta terra essencial para a vocação turística dos Estoris, exige-se agora uma atenção especial a cada um destes projectos. E aos Monte-Estorilenses, pede-se redobrado cuidado relativamente ao que for acontecendo e o reforço da coragem e da determinação que já tantas vezes mostraram possuir.
Porque ainda vale a pena tentar defender o futuro desta tera que herdámos dos nossos avós e que temos a obrigação de legar aos nossos netos.
O Monte Estoril fica assim, novamente, a depender da vontade, a perspectiva, da sensibilidade e dos conhecimentos de quem decide, sujeito às vicissitudes que nas últimas décadas o têm vindo a destruir progressivamente.
E são muitos os casos que são premente na definição do que se vai fazer no Monte Estoril nos próximos tempos. A construção do novo edifício onde se situava a Discoteca Bauhaus; as ruínas do antigo Hotel Miramar; o projecto de reconversão do Edifício Cruzeiro e a eventual demolição do picadeiro e da antiga sede do Grupo Desportivo Estoril-Praia; a mítica Vila Montrose; a Villa Baía; as cocheiras da Avenida das Acácias; a estação dos correios; a Villa Guarita; a Vivenda São Francisco; ou a Vivenda Boa-Vista; são apenas alguns exemplos de imóveis fundamentais para o futuro do onte Estoril aos quais tudo pode acontecer ao abrigo do novo PDM.
Às entidades oficiais que são responsáveis pelo futuro desta terra essencial para a vocação turística dos Estoris, exige-se agora uma atenção especial a cada um destes projectos. E aos Monte-Estorilenses, pede-se redobrado cuidado relativamente ao que for acontecendo e o reforço da coragem e da determinação que já tantas vezes mostraram possuir.
Porque ainda vale a pena tentar defender o futuro desta tera que herdámos dos nossos avós e que temos a obrigação de legar aos nossos netos.